Adega - Edição 159 (2019-01)

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Arbane, Petit Meslier, Blanc Vrai (o nome
champenois da Pinot Blanc) e Fromenteau (tam-
bém conhecida como Pinot Gris) são as quatro
variedades “esquecidas” autorizadas pelo Comi-
tê de Champagne, mas muito pouco usadas na
produção das famosas borbulhas. Cerca de 300
anos atrás, 50% dos vinhedos de Champagne
eram plantados com Pinot Gris (Fromenteau).
No entanto, quando os produtores começaram a
ver a qualidade do vinho de seus vizinhos do sul
(da Borgonha), substituíram Pinot Gris por Pinot
Noir e Chardonnay.
Com o passar do tempo, essas variedades fo-
ram ficando para trás e perderam espaço, mas não
deixaram de existir, tampouco foram “desautoriza-
das”. Há quem diga que essas uvas não podem ser
replantadas, pois seriam mais suscetíveis a geadas,
míldios, botrytis, além de terem menor rendimen-
to. Mas isso não é verdade, ou seja, para muitos,
essas castas não valem a pena pelo risco.
Ainda assim, alguns produtores simplesmente
mantiveram suas parcelas com as antigas varieda-
des e até hoje engarrafam um pouco dessa histó-

ria. São apenas 100 hectares de vinhedos. Desses
hectares das chamadas “uvas ancestrais”, 80 são
da Blanc Vrai (Pinot Blanc).

As sete
Diante dos milhares de blends “convencionais”
com Chardonnay e as duas Pinots, há quem pro-
duza raras cuvées com as antigas variedades. A
família Laherte, por exemplo, criou a “Les 7”,
com as sete variedades e cultivo biodinâmico. Ela
é feito a partir de uma única parcela em Chavot
plantada com videiras antigas da família. O vinho
ainda é feito usando um método de “reserva per-
pétua” ou “solera”, ou seja, sete barris de vinho
de reserva que repousam em barricas (10 anos de
idade), e todos os anos esses barris são misturados
com o vinho da nova safra em um tanque. Os sete
barris são então reabastecidos e o que sobrou é en-
garrafado. Todos os anos a mistura é aproximada-
mente 60% de vinho novo com 40% de reserva.
Já Michel Drappier precisou contrariar a von-
tade de seu pai para evitar que uma parcela de Ar-
bane fosse arrancada de sua propriedade. André

“AS QUATRO
ESQUECIDAS”
Pinot Blanc, ou Blanc Vrai,
é uma casta originária da
Alsácia e requer muitos
cuidados, pois é suscetível
à botrytis. Ela tem um
marcado aroma floral e
tons de mel, produzindo
vinhos cheios e ricos.
A cuvée La Boloree de
Cedric Bouchard’s é feita
com 100% de Pinot Blanc
de vinhas de 60 anos. Já
a Petite Meslier tem um
herbáceo semelhante ao
Sauvignon Blanc. Devido
à alta acidez, tende a
ajudar a equilibrar parte
da maturação em anos
quentes. Duval Leroy fez
um 100% Petite Meslier
em 1998. Arbane, por
sua vez, é a cepa de mais
baixa produção entre as
“esquecidas”, com cerca
de 15 ha/hl em média.
Ela vem do vale do Aube
e acrescenta rusticidade
ao blend. Por fim, a
Fromenteau (Pinot Gris),
acrescenta frutado ao
blend da mesma forma
que a Pinot Meunier. Tem
muito corpo e amadurece
cedo.


Michel GUILLARD
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