Adega - Edição 159 (2019-01)

(Antfer) #1

Edição 159 >> ADEGA 75


Chambord de


volta ao vinho
Castelo do Vale do Loire volta a produzir
vinho depois de dois séculos

O


Château de Chambord é um dos
mais famosos do Vale do Loire.
Sua arquitetura renascentista é
impressionante, sendo construído por or-
dem de Francisco I, da França. Ele com-
preende 5.400 hectares cercados por 32
km de muralhas que fazem dele o maior
parque fechado da Europa – servia de pa-
vilhão de caça para o rei.
O que poucos sabem, porém, é que
nesse espaço todo já houve vinhas plan-
tadas, em um local chamado Ormetrou.
Cerca de 200 anos depois de as últimas
plantas terem sido arrancadas durante a
Revolução Francesa, hoje há 13 hectares
de vinha. Aproximadamente 4 hectares
deles são da variedade Romorantin, uma
uva que foi favorecida por Francisco I, mas
que hoje tem apenas 71 hectares plantados
em todo o país. Outra cepa é a L’Ourboué
(também conhecida como Menu Pineau,
outra uva que Francisco I teria apreciado),
além de Auvernat Rouge (o nome local da
Pinot Noir), Sauvignon Blanc e Gamay.
A partir de 2019, ano que celebra o
500º aniversário da propriedade, um vi-
nho será oficialmente vendido ao públi-
co. O arquiteto Jean-Michel Wilmotte
está projetando uma vinícola que deve


abrir em 2020. Para a primeira colheita,
em 2018, os vinhos serão rotulados IGP
Val de Loire para o tinto, e Vin de France
para o branco.
“Este projeto é sobre a recuperação de
parte do patrimônio cultural de Cham-
bord, mas também se trata de fornecer
renda para a propriedade. E estamos nos
concentrando na qualidade. Estaremos
usando alguns barris de carvalho de nos-
sa própria floresta, e a agricultura é total-
mente orgânica. Temos mais um hectare
de videiras plantadas no próximo ano e
esperamos produzir 50 mil garrafas, todas
elas vendidas diretamente na propriedade.
Os visitantes também podem adotar uma
videira e receber compras prioritárias em
troca do apoio ao projeto”, afirmou Pascal
Thévard, diretor do castelo.
Chambord está na lista do Patrimô-
nio Mundial da UNESCO desde 1981 e
pertence ao governo francês desde 1932.
Antes da Revolução Francesa, havia 50
pequenas fazendas, cada uma com sua
própria parcela de vinhas para uso pessoal,
juntamente com outras culturas. Durante
a Revolução Francesa, o castelo foi saquea-
do e seu vinhedo deixou de ser prioridade,
minguando nos anos seguintes.
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