Folha de São Paulo - 06.09.2019

(ff) #1

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ilustrada


C4 Sexta-Feira,6DeSetembroDe2 019


NaSLiVrariaS


Osbastidores de uma


banda que revolucionou


nossomodo de ver,


ouvirepensar


Aplatéia do TheatroMunicipal Sylvia Masini/Divulgação


  • Rogério Gentile
    eGuilherme Seto


SãoPauloOTheatroMunici-
pal deSãoPauloteveR$ 659
mil desviados de suas bilhe-
terias.Aempresa contratada
parafazeravenda dos ingres-
sos, de acordocomdocumen-
tosdaprefeiturapaulistana,
apropriou-se do dinheiro.
Odesvio dosrecursos ocor-
reuemsetembroeoutubrode
2017 ,período em quehouveas
apresentações da ópera“Na-
bucco”, deGiuseppeVerdi, e
umconcorridoconcertoda
OrquestraSinfônicanoqual o
pianistaJoão Carlos Martins
executou solosemtrêsobras.
Aempresaresponsávelpe-
la comercializaçãoera aBilhe-
tron.com, que usaonomefan-
tasia Compreingressos.com.
Ocaso do “golpe do Munici-
pal”,como ficouconhecido o
episódio na Secretaria Muni-
cipal de Cultura,éumdos mo-
tivos que levaramumgrupo
de trabalho do órgãoaapon-
tarirregularidades nascontas
do Instituto Odeon, contrata-
do por R$ 556 , 9 milhõespara
geriroteatrofundadoem 1911.
OOdeon levousetemeses
parainformaraprefeituraso-
breofatoesóemsetembrodo


ano seguinterecorreuàJustiça
paratentarrecuperar osvalo-
res, oque ainda não ocorreu.
ABilhetron.com, que ainda
não apresentou defesa no pro-
cesso,foi criada em 1993 com
outro nomeefinalidade —se
chamava entãoBareLanches
ForrozãodosNordestinos.
Atuavahavia três anos no
Municipaleem 1 ºdesetem-
brode 2017 assinou um novo
contratodetrabalho,válido
pordois meses,comaOde-
on,quenaquelemesmodia
assumiaagestão doteatro.
Àépocadesse novotermo,
já erauma empresa compro-
blemasnaJustiça. Uma pesqui-
sa rápida nositedoTribunal
deJustiçadeSãoPauloteria
revelado que,mesesantes, ti-
nha sido processada sobaacu-
sação de nãoterpagoR$ 313
milreferentesaumareforma.
Tambémeraacionada por dívi-
das imobiliárias de R$ 151 mil.
Noprocesso quemovecon-
traaBilhetron.com,aadmi-
nistradoradoMunicipalafir-
materrealizado insistentes
tentativas dereaver odinhei-
ro,mas queaempresa alega-
vapassar por dificuldades.
Em dezembrode 2017 ,a
Bilhetron.com admitiu a
dívidanumtermo no qual

se comprometeuarestituir
osvalores por meio de um
sinal edequatroparcelas.
Cercade R$ 222 , 2 milforam
transferidosenada mais.
Considerando multaeju-
ros, de acordocomapetição
inicial do processo,adívida
estaria hoje em R$ 562 mil.
AJustiçachegouadecretara
penhoradas contas da empre-
sa, mas havia só R$ 161 , 30 em
um bancoeR$ 16 , 14 em outro.
Procurada para dar suaver-
são sobreocaso,aBilhetron.
comnãorespondeu.Aadvo-
gada da empresa, CamilaZer-
bini, questionouointeres-
se dareportagem sobreoas-
sunto,afirmando que se trata
de uma situação que envolve
duas empresas privadas. Dis-
seainda que “tomariatodas
as providências necessárias”.
OOdeon afirmaqueregis-
trouocasonapolícia em no-
vembrode 2017 eque nãoavi-
sou imediatamenteaprefeitu-
ra,pois iniciarauma negocia-
çãopararecuperar osvalores.
“O Municipalfoioúnicoare-
cuperar umterçododinhei-
ro,umtotal de R$ 222. 299 ”,
disse,emnota,referindo-se
àexistênciadeoutrasações
decobrançacontraaempre-
sa.Oinstitutocitaprocesso

TheatroMunicipal teve


R$ 659 mil desviados do


caixadesua bilheteria


empresacontratada paravenderingressos, bilhetron.com


se apropriou da quantia, segundo documentos da prefeitura


movidopeloTeatro Bradesco
da ordem de R$ 2 , 5 milhões.
OOdeon informa queavi-
souaprefeituraeentroucom
oprocessoapósaempresater
deixado de pagarasparcelas
acordadas.Oinstitutodiz tam-
bém queaBilhetron.comera
prestadoradeserviçosdotea-
trodesde julho de 2014 ,portan-
to, 38 meses antes doOdeonas-
sumiragestão do Municipal.
“OOdeonmanteveaem-
presa paranão paralisaras
atividades”,diz, sobreocon-
tratoválido por dois meses.
Nofinal de 2018 ,oentão
secretário de Cultura, André
Sturm, pediuarescisãodoter-
mocomoOdeon.Umdos mo-
tivos alegados eraa“inconsis-
tência em dados de bilheteria”.
Noiníciodesteano,porém,
AlêYoussef, novosecretário
de Cultura, suspendeuopro-
cesso,mantendoaentidade
àfrentedagestão doteatro.
Um grupo de trabalho,
criado parainvestigaraatua-
çãodoinstituto,rejeitou em
junho assuascontas.
Nomêspassado,osmem-
bros da investigaçãoforam
demitidos pelo prefeitoBru-
no Covas. Aadministração
municipal afirmouque não
hárelação entreareprovação
dascontaseasexonerações.
ASecretaria da Culturadis-
seàreportagemque “cabe ao
InstitutoOdeonaresponsabi-
lidade sobreacontrataçãode
terceiros”.Emnota, afirmou
que ascontas da entidadefo-
ramanalisadaspelo grupo de
trabalho nomeadopor Youssef
equeaquestão dos ingressos
foiapontadanorelatório final.
Informou ainda queoOde-
omtematé asegunda quin-
zena deste mês paraapresen-
tarsuas justificativas. “Ca-
sotenha havido alguma ir-
regularidade seráexigido
oretorno aoscofres públicos
dosvaloresfaltantes”.
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