Público - 09.09.2019

(Ron) #1
2 • Público • Segunda-feira, 9 de Setembro de 2019

DESTAQUE


REGRESSO ÀS AULAS


Há cada vez

mais escolas

a dividir o ano

em semestres

Directores defendem que esta opção facilita a gestão do ano


lectivo. Quem já pôs a ideia em prática avisa que deve ser uma


consequência de outras alterações nos projectos curriculares


Rita Marques Costa


N


este ano lectivo, a organiza-
ção do calendário escolar
será muito diferente do habi-
tual nas escolas públicas do
concelho de Almada. Em vez
da tradicional divisão em
três períodos, as aulas serão reparti-
das em dois semestres: um, que vai
de Setembro a Janeiro, e outro, de
Fevereiro a Junho.
Ao PÚBLICO, Margarida Fonseca,
directora da Escola Secundária Caci-
lhas-Tejo, em Almada, explica que
com o mesmo número de dias de
aulas do calendário oÆcial se tenta
eliminar a “discrepância e desequilí-
brio” da organização tradicional,
causada por dois períodos muito lon-
gos e um muito curto. Com que pro-
pósito? A “redução do stress e cansa-

ço dos alunos”, diz a professora.
Como funciona? O início do ano lec-
tivo está marcado para o período que
vai desta terça-feira a 13 de Setembro.
Depois, em Novembro, há uma para-
gem de “dois a três” dias para a esco-
la dar a sua opinião sobre o progresso
dos alunos aos encarregados de edu-
cação e aos próprios estudantes — é a
chamada avaliação formativa e serve
como um diagnóstico das aprendiza-
gens. Esta pausa não está prevista no
calendário “normal” das restantes
escolas.
No Natal, a interrupção é de apenas
oito dias úteis (menos do que no
calendário “normal”) e só no Ænal de
Janeiro é que são dadas as primeiras
notas (enquanto nas escolas com o
modelo tradicional elas aparecem em
Dezembro, no Æm do 1.º período).
Depois de uma interrupção nos pri-
meiros dias de Fevereiro, os alunos

regressam à escola. Só volta a haver
atribuição de notas no Ænal do ano,
marcado para o mesmo dia do calen-
dário “normal”. Em suma, em vez de
três momentos de avaliação, há ape-
nas dois. Acreditam os professores
que a pressão é menor assim. Este
modelo vai aplicar-se em todos os
níveis de ensino, nos 13 agrupamen-
tos e dois estabelecimentos não agru-
pados do concelho.

Períodos são muito curtos
Apesar da mudança estrutural do
calendário, Margarida Fonseca garan-
te que esta alteração “não é só orga-
nizacional”. “Tem também a ver com
a mudança das práticas nas escolas.”
É uma “medida organizacional que
dá suporte ao sucesso dos alunos”,
assegura.
Almada não é caso único. Este tipo
de organização semestral também

Fonte: Diário da República

O ano lectivo 2019/
Interrupções das actividades
educativas e lectivas

será a escolha da maioria dos cerca
de 50 agrupamentos escolares que
viram aprovados os seus planos de
inovação — projectos submetidos na
sequência da portaria de Junho de
2019 que veio alargar o âmbito da
chamada “autonomia e Çexibilidade
curricular” a mais de 25% do horário
semanal dos alunos, segundo infor-
mação divulgada pelo Ministério da
Educação (ME). O programa de Çexi-
bilidade curricular que está em vigor
em todas as escolas permite, por
exemplo, que estas possam decidir
fundir disciplinas ou substituir as
aulas tradicionais por períodos em
que toda a escola trabalha o mesmo
tema de forma interdisciplinar, só
para dar dois exemplos. Mas este gru-
po de 50 agrupamentos tem luz verde
para ir mais longe.
O Agrupamento de Escolas de
Alpiarça apresentou um desses pla-

nos onde também se inclui a divisão
do ano lectivo em dois semestres.
Isabel Silva, directora do agrupamen-
to, explica ao PÚBLICO que ele passa
por “criar um currículo adaptado ao
perÆl dos alunos, às suas diÆculdades
e também às suas apetências”. “Criar
disciplinas novas e modos de funcio-
namento diferentes e inovadores é
uma mais-valia para os alunos.”
A divisão dos semestres é apenas
uma pequena parte daquilo que se
faz nas escolas de Alpiarça, diz a
directora. Mas é essencial. Porquê?
“A concretização deste plano encon-
tra muitos constrangimentos na
actual organização por três períodos,
que são curtos na sua duração.” E não
permite fazer algo que esta docente
considera essencial: ir transmitindo
aos alunos como estão a progredir
nas aprendizagens.
Quem também defende uma ges-
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