aeee
poder
A8 Terça-Feira, 10 De SeTembroDe2 019
Parceladapopulação que apoia Bolsonaro
éaque mais aprova MaiaeCongresso
Conhece
76 24
nãoconhece
Avaliaçãoderodrigomaia (dEm-rJ),em%
Ótimo/
bom
25 29 193
regular
ruim/
péssimo
não
sabe
Aavaliação de Maia melhora entreaqueles que
avaliamogovernoBolsonarocomo ótimo/bom
Conhece
82 18
nãoconhece
Ótimo/
bom
35 25 193
regular
ruim/
péssimo
não
sabe
Avaliaçãoderodrigomaia (dEm-rJ) entreosqueavaliam
ogovernocomo"ótimo/bom",em%
AvaliaçãodoCongressoatual,em%
0
10
20
30
40
50
abr jul ago
Ótimo/bom
regular
ruim/péssimo
nãosabe
16
45
35
4
22
41
32
5
AvaliaçãodoCongressoatualentreosque aprovamogoverno,em%
Ótimo/
bom
33 42 22 4
regular
ruim/
péssimo
não
sabe
Fonte: PesquisaDatafolharealizadanosdias 29 e 30 .ago, com 2. 878
entrevistasem 175 municípiosbrasileiros. Amargemdeerroédedois pontos
percentuais, paramais ouparamenos,dentrodonível de confiançade 95 %
Congressotambémémelhoravaliadopela
parcela queaprovaogovernoBolsonaro
- Guilherme Magalhães
SÃOPAULOApesar daretórica
deconfrontoqueJair Bolso-
naro(PSL) direcionou aoCon-
gressoeaopresidentedaCâ-
mara,Rodrigo Maia (DEM-RJ),
os apoiadores do presidente
daRepública são os que mais
aprovamaatuação do Legisla-
tivoedo deputado,queassu-
miuagendasediscursos que
levaramcolegasavê-locomo
um “primeiro-ministro”.
Segundo pesquisa Datafo-
lharealizada nos dias 29 e 30
de agosto, odesempenhode
Maiaéavaliadocomo ótimo/
bom por 25 %dos entrevista-
dos que dizemconhecê-lo.Es-
se índicevai a 35 %entreaque-
les quetambémavaliamdessa
formaogovernoBolsonaro.
Aatuação de deputadosese-
nadorestambémémais bem
avaliadapelos apoiadoresdo
chefedoExecutivo.
Enquantootrabalho doatu-
al Congressoéclassificadoco-
mo ótimo/bom por 16 %dos
entrevistados emgeral, essa
avaliação sobe para 30 %entre
aqueles que dizemteroPSL
como partido de preferência,
epara 33 %entre aqueles que
aprovamogoverno.
ODatafolha ouviu 2. 878 pes-
soasem 175 municípios deto-
doopaís.Amargemdeerro
da pesquisaédedois pontos
percentuais, para mais ou pa-
ra menos, dentrodonível de
confiançade 95 %.
Aavaliação doCongresso
tambémeramelhor entre
apoiadores dosgovernos Lula,
DilmaeTemer,segundo pes-
quisas do Datafolha.
Noprimeirosemestre,Ro-
drigoMaia assumiu papel de
liderançanaarticulação pela
aprovação dareforma daPre-
vidênciaeagora buscamanter
aCâmaranocentrododebate
políticoaotocar asreformas
tributáriaeadministrativa.
Nomeio dessecaminho, foi
alvodecríticastantodeBol-
sonarocomo de integrantes
dogoverno.
Em março,porexemplo,o
presidentecomparou Maiaa
uma namoradaque quer ir
embora.Adeclaraçãofoida-
da depoisdorelatodeque o
deputadoteria ditoaominis-
troPauloGuedes (Economia)
que deixaria as negociações
Apoio aMaia
émaior na base
de Bolsonaro,
diz Datafolha
apoiadores do presidente também
são os que mais aprovamoCongresso,
apesar daconstantetroca defarpas
políticasdareforma.
“Vocênuncateveuma na-
morada?Equando ela quis
ir emboraoquevocêfezpa-
ra elavoltar,nãoconversou?
Estouàdisposição paracon-
versarcomoRodrigoMaia,
semproblema nenhum”, afir-
mouopresidente na ocasião.
Três meses depois,Bolso-
naroacusou parlamentares
detentarem transformá-lo
em uma “rainha daInglater-
ra”comaaprovação de um
projetodelei que previa lista
tríplice paraindicadosàche-
fia de agênciasreguladores.
Opresidentevetou essetre-
cho dotexto, entreoutros, ao
sancionaralei.
“Seisso aí setransformar
em lei,todas as agências se-
rãoindicadas por parlamen-
tares. Imagina qualocritério
quevãoadotar.Acho que eu
não precisocomplementar”,
afirmouBolsonaroquando
anunciou que iriavetarpar-
te do projeto.
Maia, por suavez, já disse
queogovernoBolsonaroé
uma“usinadecrises”: “Nós
blindamosareforma daPre-
vidência de crisesque são,
muitasvezes, geradas quase
todososdias pelogoverno.
Cadadiaum ministérioge-
rando umacrise”.
Odeputadotambém trocou
farpascomoministrodaJusti-
ça,SergioMoro, chamando-o
de “funcionário”deBolsona-
ro eautor de um pacoteanti-
crime que não passava de “co-
piaecola”doprojetodomi-
nistroAlexandredeMoraes,
do SupremoTribunalFederal.
Recentemente, em meio à
crisedas queimadas na Ama-
zônia,opresidentedaCâmara
criticouaposição deBolsona-
ro de não aceitar ajuda finan-
ceirainternacionaleafirmou
que “o Brasil não pode abrir
mão de nenhumreal”.
Maia, assimcomoopresi-
dentedoSenado,DaviAlco-
lumbre(DEM-AP),eosmi-
nistrosdoSTF,chegaram a
ser alvodemanifestações or-
ganizadas por bolsonaristas,
mas essesatos perderamfor-
ça nos últimos meses.
OpresidentedaCâmaraé
mais bemavaliadoentreho-
mens, pessoascom 60 anos
ou mais,comensino funda-
mentalecomrenda superior
adez salários mínimos.
Na comparaçãoregional,
Maiarepeteodesempenho
deBolsonaro:émaismalava-
liado noNordeste,comíndi-
cesmelhores no Sudeste, Sul
eCentro-Oeste.
AavaliaçãodoCongresso,
segundooDatafolha, se man-
teve estávelemrelaçãoàúlti-
ma pesquisa,realizada no iní-
cio de julho.
Consideram ótimo/bom o
trabalho dosatuais deputa-
dosesenadores 16 %dos en-
trevistados; 45 %avaliamco-
moregular,e 35 %comoruim/
péssimo. Em julho, esses índi-
ceseramde 16 %, 42 %e 38 %,
respectivamente.Não soube-
ramresponder 4 %, em ambas
as pesquisas.
Areprovação ao Congresso
sobe para 40 %nafaixa de pes-
soascom 35 a 44 anos, mes-
mo percentual entreaqueles
comnível superior de escola-
ridade.ONordesteéaregião
ondeoLegislativotemapior
avaliação,enquantonoCen-
tro-Oesteregistra amelhor.
Pesquisa Datafolhadivulga-
da em 2 de setembromostrou
queareprovação deBolsona-
ro subiu de 33 %para 38 %em
relação aolevantamentoan-
teriorfeitopelo instituto, no
início dejulho.
Opresidente criticouapes-
quisaequestionou se alguém
ainda acreditanoinstituto.
“A lguém acreditanoData-
folha?VocêacreditaemPa-
paiNoel? Outrapergunta”,
afirmouBolsonaroaodeixar
oPalácio da Alvorada.
análise
- Reinaldo José Lopes
SÃOcArLOSArelação entrea
Igreja Católicaeospovos in-
dígenasfoicomplexaecheia
de ambiguidades desde os pri-
meiroscontatos entreeuro-
peusenativos das Américas,
há mais de 500 anos.
Emboranuncatenha apro-
vadoaescravizaçãoeomas-
sacreindiscriminados de ín-
dios,representantes docato-
licismoacabaramcontribu-
indo paraque muitasdaset-
nias nativasdesaparecessem
ou adquirissemstatus servil.
Adiscussãoganha pesoago-
ra comaaproximação do síno-
do (assembleia) de 250 bispos
convocado pelo papaFrancis-
coem outubro. Oencontro,
que discutiráapresençada
igreja naregião amazônica,
tornou-sefocodeatritones-
teano entreogovernoJair
Bolsonaro(PSL) ereligiosos.
Membros dogoverno ale-
gaminterferência na sobera-
nia do país, ao tratardeques-
tões ambientaiseindígenas,
enquantoaigrejadiz que a
principal motivaçãoéavaliar
apresençamissionária.
Noséculo 15 ,quando portu-
gueseseespanhóiscomeça-
ramaseaventurar pelacosta
da África,acultura de ambas
as regiões ainda estavamuito
influenciada pela lutacontra
os invasores muçulmanos na
penínsulaIbérica.
Os papas, que tinham aben-
çoadoalutacontraos“infi-
éis” islâmicos, viamaexpan-
são peloAtlânticocomoex-
tensão dessasguerras,con-
cedendoaos europeusodi-
reitodeescravizar os africa-
nos queresistissemaelesca-
sofossem seguidoresdoIslã
ou dereligiõespagãs.
Apartir de 1492 ,comache-
gada de Colombo às Américas,
umraciocínio similarcome-
çouaser aplicado aosíndios.
Igreja Católica contribuiu nosumiço
de povosindígenasnas Américas
Noentanto, os abusosdos
colonizadores, que dizima-
ramaspopulações indígenas
dasregiões invadidas peloses-
panhóis,fizeramcom que al-
guns religiosos,comdestaque
paramembros da ordem dos
dominicanos,comoBartolo-
mé de las Casas ( 1484 - 1566 ),
passassemacondenaraes-
cravizaçãoeosmaus-tratos.
Opapadosepronunciou.
Naencíclica“SublimisDeus”,
opapaPaulo 3 ºdeclarou,em
1537 ,que “os ditos índios, mes-
mo que estejamforadaféem
Jesus Cristo, podemedevem
gozar de sua liberdadeeda
posse de suas propriedades,
nem devemserde modo al-
gumescravizados”.
Ao mesmotempo em que
barravamatransformaçãoge-
neralizada dos indígenas em
escravos,noentanto,aigre-
ja abria espaçoparaocativei-
rodeíndios derrotados em
“guerras justas”—nasquais
tivessematuadocomo agres-
sorescontraeuropeusouten-
tassem impedirapropagação
dafé católica, digamos.
Esses princípios ambíguos
guiaramaaçãodemissionári-
os católicos, em especial os je-
suítas,nacolonização doBra-
sil. Figurascomooespanhol
José de Anchieta( 1534 - 1597 )
foramosprimeirosadominar
oidioma das tribostupisdo
litoral, usandoalínguaeas-
pectosda cultura nativapara
tentarconvertê-las aocatoli-
cismoeseopondoaexpedi-
ções escravistas doscolonos.
Masacriaçãodos aldeamen-
tosoureduções jesuíticas, on-
de não eraincomum que indí-
genas de diferentes etniasfi-
cassemconcentrados,favo-
receuadesagregação cultu-
raleoalastramentodedoen-
çasinfecciosas doVelhoMun-
do,contraasquaisosíndios
nãotinham defesas naturais.
Isso esvaziouamaiorparte
dos aldeamentosdeSãoPau-
lo eoutros núcleosantigos de
colonização no século 17 .Nes-
ses locais,amãode obraindí-
genatambém eraempregada
pelosreligiosos ou arrendada
por eles aos outroscolonos.
Ao suleaooestedeSãoPau-
lo,emregiões que englobam
Mato GrossodoSul,Paraná,
RioGrande do Sul, Argentina
eParaguai,reduções jesuíticas
em que viviam principalmen-
te gruposguaranis floresce-
ram, graças,emparte,aore-
lativoisolamento.
Os jesuítas dessasregiões
organizaramexércitosindí-
genas pararesistir aosata-
quesdos bandeirantes paulis-
tas, quecapturavamguaranis
como escravos, graçasàha-
bilidade agrícola desse povo.
Apartir do século 19 ,após
aexpulsão dos jesuítas das
Américasedadissoluçãodes-
sa ordemreligiosa pelo papa,
outrosmissionários, em espe-
cialosfradescapuchinhos, as-
sumiram os aldeamentos,atu-
ando deforma muitosimilar
àdeseus predecessores.
Mudançasignificativasóno
ConcílioVaticano 2 º, assem-
bleia de bispos querediscutiu
os rumos da Igreja Católicaen-
tre 1962 e 1965 ,quefoirespon-
sávelpelas transformações
mais importantes narelação
entreocatolicismoeosindí-
genas desdeaépocacolonial.
Os documentos doconcílio,
adotadoscomo diretrizes por
todos os papasdesde então,
deram peso aoconceitodein-
culturação,segundooqual é
preciso queafécristãseinsi-
ra deforma orgânicanas no-
vasculturas quearecebem.
Ou seja, emvezdesimples-
mentesubstituir as culturas
indígenascomatradição cul-
turaleuropeia no processo de
conversãoreligiosa,aideia de
inculturação propõe que os
aspectos essenciais do cris-
tianismo sejam “traduzidos”
de modo quefaçamsentido
dentrodasociedade nativa.
Os documentosconciliares
permitiram ainda maior espa-
çopara odiálogointer-religi-
oso(envolvendofésnão cris-
tãs),antes vistocom muita
desconfiançapor Roma.
Além disso,oconcíliotam-
bém abriu espaçoparaabor-
dagenscomoaTeologia da Li-
bertação,correntedepensa-
mentoquevêalutapela jus-
tiçasocial ea“opção prefe-
rencialpelos pobres”como
elementos essenciais daati-
vidade missionáriacatólica.
Para os adeptos detallinha
teológica, impediramargina-
lização dospovosindígenas
edefenderseus direitosse-
ria umaconsequência lógica.
NoBrasil, anovavisão en-
trou emconfrontocom gran-
des projetos de infraestrutura
gestados na Amazônia peladi-
taduramilitar,colidindotam-
bémcomoideário de integra-
çãonacional dogoverno,que
enxergavacomdesconfiança
aexistênciaautônomadeco-
munidades indígenas.
Astensões levaramàcria-
çãodoCimi (Conselho Indige-
nistaMissionário)em 1972 .O
órgão, ligadoàCNBB(Confe-
rênciaNacional dos Bispos do
Brasil), não buscaconversões
em massa de grupos aindanão
católicos, mas diz promover
oprotagonismo dospovos in-
dígenas,atuandocomo“alia-
do nas lutas pelagarantia de
seus direitos históricos”.
OCimi promoveodiálogo
interculturaleinter-religioso
eoferece assessoria jurídica,
teológicaedecomunicação
aos indígenas.
SínodopArA
AAmAzôniA
oque é
encontro
de bispos
convocado pelo
papaFrancisco
para operíodo
de 6a
de outubro,
no Vaticano
objetivo
Discutir
apresença
da igreja
na região,
incluindo
aformação
de padres
polêmica
Integrantes
dogoverno
Jair Bolsonaro
(PSL)sedizem
receososcom
interferências
na soberania
do Brasil ao
tratar de
questões
ambientais e
indígenas. Já
aigreja afirma
queaprincipal
motivação
éavaliar a
presença
Índio participada Jornadado Patrimônio,emSP VanCampos-17.ago.19/Fotoarena/Folhapress missionária
[
Osínodo,que
discutiráapresença
da igreja naregião
amazônica,
tornou-sefoco
deatritonesteano
entreogoverno
Bolsonaroe
religiosos