Público - 10.09.2019

(C. Jardin) #1
Público • Terça-feira, 10 de Setembro de 2019 • 15

MÁRIO CRUZ/EPA

A Polícia Judiciária (PJ) desmantelou
uma das maiores redes de contrafac-
ção de moeda da Europa, comercia-
lizada através da darknet. As notas
contrafeitas foram apreendidas em
praticamente todo o espaço europeu,
com maior incidência em França,
Alemanha, Espanha e Portugal, atin-
gindo um valor superior a um milhão
e 300 mil euros. Ao mesmo tempo, a
PJ alertou que ainda estão a circular
várias centenas de notas falsas, mes-
mo após o desmantelamento. A rede
operava desde o início de 2017.
Cinco pessoas foram detidas, entre
os quais o presumível líder deste gru-
po criminoso, um cidadão português
residente na Colômbia desde meados
de 2018, informou ontem a PJ em
comunicado. O suspeito, com ante-
cedentes por crimes diversos, foi
detido na Colômbia no âmbito de um
mandado de detenção internacional
emitido pelas autoridades portugue-

PJ desmantela rede que vendia


notas falsas na Net. Mas várias


ainda estarão em circulação


sas, através da “estreita colaboração
com as autoridades colombianas”. O
comunicado explica que as autorida-
des da Colômbia “procederam à
expulsão do país” deste cidadão, deti-
do pela PJ já em Portugal.
Ontem, em conferência de impren-
sa nas instalações da PJ em Lisboa, o
coordenador da Unidade Nacional de
Combate ao Cibercrime e à Crimina-
lidade Tecnológica (UNCCT) explicou
que a rede produziu milhares de notas
de euros falsas “com muito boa quali-
dade” e que a maquinaria apreendida
foi encontrada em casas.
“Apesar da apreensão de milhares
de notas contrafeitas, é muito comum
que nos próximos meses ainda haja a
circular algumas notas que vão sendo
apreendidas”, aÆrmou.
A operação, feita através da Unida-
de Nacional de Combate à Corrupção,
teve a colaboração da Europol. Decor-
reu no âmbito de um inquérito do
Departamento de Investigação e
Acção Penal de Lisboa e teve a parti-
cipação do Laboratório de Polícia
CientíÆca. “Foram realizadas oito
buscas, domiciliárias e não-domiciliá-
rias, e apreendidas 1833 notas falsas
(1290 notas de 50 euros e 543 de dez
euros), perfazendo um total de
69.930 euros”, lê-se no comunicado.
Foram ainda apreendidos vários

objectos relacionados com a produ-
ção das notas, como computadores,
impressoras, papel com incorporação
de Ælamento de segurança, hologra-
mas e bandas holográÆcas auto-ade-
sivas, tintas ultravioleta, tinteiros,
entre outros. Três homens (entre os
quais o cidadão expulso da Colômbia)
e duas mulheres, com idades com-
preendidas entre os 26 e os 63 anos,
foram detidos e indiciados pelos cri-
mes de contrafacção de moeda e
associação criminosa.
As notas falsas eram publicitadas
na darknet. As encomendas eram
recebidas através de mensagens pri-
vadas no referido mercado e de pla-
taformas de conversação encriptadas.
“Posteriormente, após o respectivo
pagamento, em regra efectuado atra-
vés de moeda virtual, as notas eram
enviadas via postal, a partir de Portu-
gal, local onde se encontravam a ser
produzidas.”
A elevada qualidade das notas era
reconhecida por todos os comprado-
res, assente na utilização de papel de
segurança com incorporação de Æla-
mento de segurança, hologramas e
bandas holográÆcas auto-adesivas,
tintas ultravioleta, marca de água e
talhe doce. Os cinco arguidos Æcaram
em prisão preventiva. PÚBLICO/
Lusa

Líder da rede seria um
português a viver na
Colômbia, expulso e detido
em Portugal juntamente
com outras quatro pessoas

Justiça


Educação


Foi nos “territórios onde


habitualmente se verificava


falta de resposta” que


surgiram novas vagas para


as crianças, diz ministério


Os estabelecimentos de ensino pré-
escolar têm este ano mais 1400 vagas
para as crianças dos três aos cinco
anos, segundo dados do Ministério da
Educação, que sublinha a abertura de
7500 novas vagas desde o ano lectivo
de 2016/2017. Foi nos “territórios
metropolitanos onde habitualmente
se veriÆcava falta de resposta” que
surgiram novas vagas para as crian-
ças, segundo o gabinete de comuni-
cação daquele ministério.
A Área Metropolitana de Lisboa
sempre foi a zona mais problemática
do país: quase duas em cada dez
crianças (18,2%) de famílias que
viviam nesta região estavam fora da
rede no ano lectivo de 2017/2018,
segundo dados da Direcção Geral de
Estatísticas da Educação e Ciência
(DGEEC). No entanto, o número de
crianças tem vindo a diminuir e as
vagas nas creches e infantários têm
aumentado. No ano passado, abriram
mais de 70 salas e este ano serão mais
de 50 novas salas, segundo dados do
ministério.
Há quatro anos havia pouco mais
de 286 mil crianças entre os três e os
cinco anos. No ano passado, não che-
gavam às 249 mil, de acordo com
números do ministério, que lembra
que “a abertura de novas salas de edu-


Mais 1400 vagas


no pré-escolar


este ano lectivo


cação pré-escolar é contrária a esta
tendência”. Durante a actual legisla-
tura, “foram abertas mais de 300
salas nos territórios de maior pressão
demográÆca, o que corresponde ao
referido aumento de 7500 vagas” e,
no início deste ano lectivo, “haverá
mais de 50 novas salas, correspon-
dendo a mais 1400 novas vagas”.
Este ano, a rede nacional de educa-
ção pré-escolar deveria ter vagas para
todas as crianças a partir dos três
anos, segundo uma promessa do
actual Governo. Em comunicado, a
tutela sublinha o investimento dos
Ministérios da Educação e do Traba-
lho, Solidariedade e Segurança Social
que “permite que este ano lectivo seja
alcançada uma cobertura generaliza-
da” no pré-escolar. Segundo a tutela,
existem mesmo instituições que têm
vagas por preencher: “Os dados pre-
liminares do ano lectivo 2018/
demonstram que a taxa média de uti-
lização da rede nacional da educação
pré-escolar foi de 85,6%”. Com base
na taxa média de utilização da rede
nacional da educação pré-escolar —
que mede a relação percentual entre
o número de crianças inscritas nos
estabelecimentos da rede nacional e
o número de vagas disponibilizadas
— o ME sublinha que na Área Metro-
politana de Lisboa esta taxa foi de
90,4% e na Área Metropolitana do
Porto de 92,6%.
Além do aumento de vagas, o
ministério alterou o rácio de pessoal
não-docente, que passou de um assis-
tente operacional por cada 40 alunos,
para um assistente operacional por
cada sala, onde podem estar no máxi-
mo 25 crianças. Lusa

Estão em causa vagas para crianças entre os três e os cinco anos


SOCIEDADE


MANUEL ROBERTO

PJ anunciou ontem a operação em conferência de imprensa
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