46 • Público • Terça-feira, 10 de Setembro de 2019
DESPORTO
GEOFF BURKE/USA TODAY SPORTS
Rafael Nadal beija o troféu que corresponde ao seu 19.º título em torneios do Grand Slam
Exausto, mas contente e certamen-
te aliviado após quase cinco horas
de jogo, Rafael Nadal não conseguiu
evitar as lágrimas quando viu no
ecrã gigante do Arthur Ashe Sta-
dium desfilarem imagens dos seus
19 títulos no Grand Slam. Uma con-
tagem que se iniciou em 2005 e que,
apesar dos vários problemas físicos
que lhe têm afectado a carreira, não
pára de aumentar. No domingo, o
espanhol de 33 anos conquistou o
quarto nos hardcourts de Flushing
Meadows, juntando-se a Jimmy Con-
nors, John McEnroe, Pete Sampras
e Roger Federer numa lista de joga-
dores que já triunfaram tantas ou
mais vezes no US Open. Nada mau
para quem detém a alcunha de “rei
da terra batida”.
“Estamos todos a ficar velhos. De
certa forma, é bom. Ver tudo por que
passei e ainda estar aqui é muito espe-
cial. Passei por momentos muito
duros, em especial fisicamente, e
Os títulos de Nadal aumentam
e as emoções também
quando isso acontece a parte mental
torna-se também mais difícil. As emo-
ções apareceram quando todos esses
momentos me vieram à memória, ao
ver todo aquele sucesso. Tentei con-
ter as emoções, mas em certos
momentos foi impossível”, afirmou
Nadal, depois de derrotar Daniil Med-
vedev na final do US Open, por 7-5,
6-3, 5-7, 4-6 e 6-4, em quatro horas e
48 minutos — a terceira mais longa
final masculina do torneio, só supe-
rada pelas de 2012 e 1988.
O campeão espanhol fica a um
título de igualar o recordista Roger
Federer e detém mais três que o rival
Novak Djokovic, mas isso não é uma
obsessão. “Não estou a pensar, nem
vou treinar-me todos os dias ou jogar
por causa disso. Gostava de deter
mais um, sim, mas acredito mesmo
que não seria mais ou menos feliz
por isso. O que nos dá felicidade é a
satisfação pessoal de dar o meu
melhor e, nesse aspecto, estou mui-
to, muito calmo e muito satisfeito
comigo próprio”, afirmou o único
tenista a vencer cinco majors depois
dos 30 anos.
Daniil Medvedev teve a coragem e
o ténis para recuperar de dois sets e
um break na terceira partida de des-
vantagem e tornou-se no primeiro
tenista nascido nos anos 90 a ganhar
dois sets numa final de um Grand
Slam. Poucos esperariam que o russo
que, nove dias antes, virou o público
norte-americano contra si, devido ao
seu comportamento no court, viesse
a ouvir os milhares de adeptos que
esgotaram o Arthur Ashe Stadium a
cantar ‘Med-ve-dev’. Mas Medvedev
já não teve forças suficientes para
lutar da mesma forma no quinto set,
em cujo jogo inaugural dispôs de um
break-point.
A energia transmitida pelos ruido-
sos fãs nova-ioquinos permitiu-lhe
recuperar de 2-5 para 4-5 e salvar dois
match-points no oitavo jogo, mas ain-
da não foi desta vez que ganhou um
quinto set na carreira. Depois do exce-
lente percurso no US Open, Medve-
dev subiu ao quarto lugar do ranking,
logo atrás do Big 3 (Djokovic, Nadal e
Federer), que partilhou entre si 33
dos 40 torneios do Grand Slam reali-
zados nesta última década.
Nadal recebeu o troféu das mãos de
Rod Laver, que comemora o 50.º ani-
versário da conquista do seu segundo
Grand Slam, na literal interpretação
da designação: vencer os quatro
majors no mesmo ano. Com a taça
chegou também um cheque de 3,48
milhões de euros – prémio destinado
aos vencedores de singulares. Mas,
como disse Jimmy Connors, “mesmo
nesta fase da carreira, ele joga como
se estivesse falido”.
Espanhol conquistou o
US Open pela quarta vez e
tornou-se no único jogador
a vencer cinco majors
depois dos 30 anos
Ténis
Pedro Keul
[email protected]
Volta a Espanha
O português Rúben
Guerreiro, com uma boa
subida final, consolidou
o lugar no “top 20”
Aos 34 anos — e 13 anos depois de ter
aparecido no World Tour —, o dina-
marquês Jakob Fuglsang venceu uma
etapa numa “grande volta”. Ontem,
na 13.ª tirada da Vuelta, o ciclista da
Astana, com triunfos em todo o tipo
de provas, conseguiu, desta forma,
um objectivo que há muito procurava
e que dá seguimento à grande época
da equipa cazaque.
Entre os favoritos, o líder Primoz
Roglic não cedeu terreno para Ángel
López ou Tadej Pogacar e ainda
aumentou para quase três minutos a
diferença para Valverde, o segundo
classiÆcado. Nota, ainda, para a gran-
de etapa do português Rúben Guer-
reiro, que, depois de ter acompanha-
do os favoritos em grande parte da
subida Ænal, consolidou o lugar no
top-20, subindo da 16.ª para a 15.ª
posição.
Ontem, o pelotão teve de ultrapas-
sar três contagens de 1.ª categoria e
um Ænal em alto. E foi para esta última
subida que Æcou guardada a acção, já
que, antes disso, as escaladas anterio-
res apenas foram animadas pela luta
entre Madrazo e Bouchard pelos pon-
tos da montanha — o francês “rou-
bou” mesmo a camisola ao espanhol.
Descontando esta luta pessoal, pouco
se passou durante uma etapa que teve
uma fuga de 21 ciclistas, com nomes
importantes como Fuglsang, De
O ciclismo teve,
finalmente,
o dia de Jakob
Fuglsang
Gendt, León Sánchez, Gilbert ou
Geoghegan Hart.
Os mais de oito minutos que o pelo-
tão “ofereceu” foram suficientes para
que a vitória fosse discutida entre os
elementos da fuga. León Sánchez ata-
cou a nove quilómetros do Ænal, mas
foi seguido de perto por Fuglsang,
Knox, Brambilla e Hart. O quinteto
discutiu a vitória até aos últimos
metros, sendo que o mais forte foi
Fuglsang, ganhando a primeira etapa
numa “grande volta”.
Mais atrás, houve luta pela geral.
Roglic e Valverde mostraram estar
confortáveis na etapa 12, mas, ontem,
Æcaram evidentes as diÆculdades do
espanhol em subidas tão longas.
BeneÆciou Roglic, que conseguiu
acompanhar o ritmo dos jovens
López e Pogacar, ambos “à caça” de
Valverde na geral.
Hoje não há bicicletas na estrada,
com o pelotão a gozar o último dia de
descanso até ao Ænal, em Madrid.
Fuglsang foi o mais forte do quinteto que discutiu a vitória
JAVIER LIZON/EPA
CLASSIFICAÇÃO
16.ª ETAPA
GERAL
1.º Jakob Fuglsang (Astana) 4h01m22s
2.º Tao Geoghegan Hart (Ineos) a 22s
3.º Luís León Sánchez (Astana) a 40s
4.º James Knox (Quick-Step) a 42s
5.º Gianluca Brambilla (Trek) a 1m12s
1.º Primoz Roglic (Jumbo) 62h17m52s
2.º Alejandro Valverde (Movistar) a2m48s
3.º Tadej Pogacar (Emirates) a 3m42s
4.º Miguel Ángel López (Astana) a 3m59s
5.º Rafal Majka (Bora) a 7m40s
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