Público - 10.09.2019

(C. Jardin) #1
Público • Terça-feira, 10 de Setembro de 2019 • 9

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Humor para os ouvidos

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KACPER PEMPEL/REUTERS

evoluíram por caminhos mais ou
menos honestos, trabalhando a popu-
laridade de um candidato ou des-
truindo o seu adversário. Hoje, os
efeitos querem-se rápidos e virais,
dois dos adjectivos preferidos das
redes sociais.
Gustavo Cardoso alerta para o facto
de serem os partidos mais pequenos
e sem assento parlamentar os que
“têm menos a perder” com essa estra-
tégia. “O PAN [com um deputado
eleito] tem muito a perder ao usar
alguma coisa desse género”, sublinha.
Para o especialista, o ruído gerado
por estas contas falsas “é apenas pro-
paganda” e os eleitores devem enca-
rá-lo como tal. Mas as consequências
estendem-se a toda a classe política.
“A última coisa que os políticos pre-
tendem é a desconÆança generaliza-
da. O preço a pagar pode ser dema-
siado alto.”


As medidas voluntárias que a União
Europeia (UE) adoptou para comba-
ter as notícias falsas, como a auto-
-regulação, são “insuÆcientes”,
numa altura em que alguns líderes
políticos espalham desinformação,
observam analistas ouvidos pela
agência Lusa, defendendo leis comu-
nitárias mais “severas”.
“Nós, hoje em dia, temos notícias
falsas cada vez mais profundas e elas
estão a desenvolver-se a um ritmo e
qualidade tais, que se torna difícil
detectar o que é real ou não”, alertou
o director estratégico do centro de
reÇexão Friends of Europe, Dhar-
mendra Kanani.
Fazendo um balanço das medidas
em curso na UE para combater a
desinformação — algumas das quais
entraram em vigor para impedir que
este tipo de conteúdos afectasse as
europeias de Maio —, o analista con-
siderou que “o código de conduta e
as outras medidas adoptadas em ter-
mos de auto-regulação foram imple-
mentadas um pouco tarde porque o
problema já estava à porta e não foi
possível acompanhar o seu ritmo”.
Por isso, acrescentou, “este assun-
to deve uma das dez maiores priori-
dades” para a nova Comissão, que
entra em funções em Novembro.
“Não nos podemos esquecer que,

UE: políticos que espalham


desinformação são ameaça


[email protected]


actualmente, temos líderes na UE
que propagam activamente as suas
próprias notícias falsas”, destacou
Dharmendra Kanani.
Aludindo a “vulnerabilidades da
agenda interna” da UE introduzidas
por responsáveis políticos de países
como o Reino Unido, Polónia, Hun-
gria e Itália, o analista notou que
“eles não vão tentar tanto quanto
deviam [combater este fenómeno]
porque, na verdade, beneÆciam das
notícias falsas”.
“Penso que o que necessitamos é
de uma abordagem muito diferente
em termos de ‘governança’ e de regu-
lação”, vincou Dharmendra Kanani,
sugerindo a criação de “um regula-
dor europeu para a protecção digital
focado nas notícias falsas e na desin-
formação”. Em causa deveria estar,
a seu ver, “uma instituição europeia
independente”, um “regulador que
fosse capaz de pesquisar, investigar,
implementar códigos de conduta
para práticas maliciosas e que fosse
especialmente severo, tendo os
recursos para atacar esta questão”.
Posição semelhante manifestou o
analista do centro de reÇexão Euro-
pean Policy Centre Paul Butcher,
para quem “o esforço que as plata-
formas online Æzeram para combater
[as “fake news”], na base do código
de conduta, não foi suÆciente”, já
que “algumas medidas se revelaram
contraproducentes” e “difíceis de
aplicar”. “Penso que (...) terá de ser
adoptada regulamentação adicio-
nal”, vincou, defendendo “regulação
mais forte para as plataformas onli-
ne, que pode incluir sanções”.
Para Paul Butcher, o novo execu-
tivo comunitário deverá, então,
“introduzir legislação adequada,
mais severa para as empresas das
redes sociais fazerem mais”.
O combate à desinformação e às
“fake news” tem estado no topo da
agenda europeia. No Ænal do ano
passado, foi criado um plano de
acção conjunto que contém medi-
das como a criação de um sistema
de alerta rápido para sinalizar cam-
panhas de desinformação em tempo
real. Lusa

Combate à desinformação é
desafio para a União Europeia
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