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FINANÇAS | INVESTIMENTOS
A
PÓS DEZ ANOS ATUANDO NO PAÍS, É
NESTE INÍCIO DE 2019 que a Black-
Rock, maior gestora de investi-
mentos do mundo, faz sua grande
aposta no Brasil. Está promovendo o escri-
tório local ao grupo de filiais mais impor-
tantes com a indicação de um presidente
executivo para o país. O escolhido é Carlos
Massaru Takahashi, ex-presidente da BB
DTVM, gestora de investimentos do Banco
do Brasil. A Black Rock, com 6 trilhões de
dólares administrados, pretende aumen-
tar a captação de recursos de clientes bra-
sileiros, como os fundos de pensão. As
esperadas reformas estruturais, os juros
mais baixos e o envelhecimento da popu-
lação exigem que os investidores diversi-
fiquem as aplicações, e é nessa onda que a
BlackRock quer surfar, segundo Armando
Senra, diretor executivo para América La-
tina e países ibéricos. Baseado em Nova
York, ele falou a EXAME durante uma vi-
sita ao Brasil em fevereiro.
Quais são as perspectivas para a economia
da região no curto prazo?
O ano pode ser muito positivo para a Amé-
rica Latina. A situação andava difícil para
a região, assim como para todos os emer-
gentes, por causa da expectativa de au-
mento de juros nos Estados Unidos, da
alta do dólar e das discussões sobre acor-
dos comerciais. Isso mudou em 2019. A
economia da América Latina deve se ace-
lerar, exceto, talvez, pela Venezuela e pela
Argentina, onde o governo enfrenta um
caminho duro para reconectar o país ao
mundo. Entre as surpresas positivas deve
estar a Colômbia. E há a expectativa para
o Brasil, maior economia da região.
Armando Senra, diretor executivo para América
Latina e países ibéricos da BlackRock, maior
gestora de investimentos do mundo, diz por que
está aumentando as apostas no Brasil
neste início de governo de Jair Bolsonaro
DENYSE GODOY
“ACREDITAMOS
NO BRASIL”
Os investidores acreditavam que as
eleições representariam uma virada de
jogo para o Brasil, com um governo liberal.
Já dá para sentir uma mudança no clima?
A BlackRock sempre acreditou no Brasil.
É uma economia grande e vibrante. O país
atravessou uma recessão e está começan-
do a se recuperar, com a promessa de re-
formas macroeconômicas que são neces-
sárias para que atinja todo o seu potencial
de crescimento. E essa é uma ótima notí-
cia. Não há, na América Latina, um mer-
cado capaz de absorver capital como o
Brasil. Com a economia se acelerando e
com as reformas sendo implementadas, os
investidores internacionais devem voltar
ao país. Na BlackRock, o fundo direciona-
do para a América Latina está mais carre-
gado de ativos brasileiros.
Quais são suas primeiras impressões
sobre o governo Jair Bolsonaro?
O novo governo tem uma equipe econô-
mica muito forte. Mas temos as promes-
sas, e agora precisamos ver a execução. O
problema fiscal do Brasil precisa ser resol-
vido porque é um grande obstáculo à pros-
peridade. Talvez, no final, as reformas não
sejam exatamente como se queria, mas
cheguem perto. Se não ocorrerem, em úl-
tima análise, o Brasil não será um lugar
desejável para investir pela ótica dos in-
vestidores internacionais. Mas as refor-
mas não devem ser feitas para eles, porque
podem ir e voltar, mas pela população. A