VOX - #13

(VOX) #1
mos valorizadas como os
homens. Mas não se pode
avaliar uma pessoa pelo
gênero. Vejo muito radica-
lismo, às vezes, de impor
essa situação”, pondera a
ex-armadora.
Conhecida por sua de-
dicação extrema ao esporte
e estrutura para lidar com
pressões e frustrações, Pau-
la pertenceu a um tempo
em que não havia profissio-
nais para incentivar a auto-
motivação das atletas. Ela
fazia tudo instintivamente,
sozinha e sempre entregou
mais do que era pedido. Ao
que acrescenta, “acredito
muito no resultado quando
você se dedica, se empenha,
assume o controle. Quem
não gosta de pressão tem
que ficar em casa assistin-
do televisão, porque em
qualquer profissão que
você escolha, é algo que vai
existir e caminhar junto”.
O empenho dela foi
sempre tão evidente que,
facilmente, a bola se transformou
em uma extensão de seu corpo, de
cada movimento nos ginásios de
esportes espalhados pelos mais de
30 países que percorreu. “Ali era a
ferramenta do meu trabalho, então
as coisas se confundiam. Mas eu
sentia falta da minha vida. Quan-
do decidi parar, queria viver um
pouco mais....”, comenta ao lembrar
que ao ter praticado um esporte de
alto rendimento por tantos anos, a
custou muitas sequelas físicas. “No
esporte você convive com as dores e
as delícias. Não consigo mais fazer
uma atividade intensa, então encon-
tro com meu personal trainer numa
praça, onde dá para trabalhar todos
os grupos musculares. Gosto de
fazer pilates, nadar quando tenho

oportunidade, e sempre caminho
com minhas cachorras”.

DEPOIS DAS QUADRAS
Sem pretensão ou previsão
alguma, após o encerramento de 28
anos de carreira nas quadras, Pau-
la foi surpreendida por inúmeros
convites para palestras em empresas
e instituições, que buscavam nela a
inspiração, as respostas para angús-
tias similares. Incumbida da nova
ocupação, ela relata que acabou por
seguir um caminho onde faz uma
analogia entre esporte e empresa.
“Quando se pensa em realizar um
trabalho, monta-se uma boa equipe,
planeja, cria uma estratégia, conhece
a concorrência, treina. Percebi uma
semelhança muito grande ali.” A

nova tarefa, aliás, sempre se mostrou
muito gratificante, pois exige da pro-
fissional preparação e embasamento
e isso desperta ‘aquele friozinho na
barriga’ antes de cada nova situação,
novo público.
Simultaneamente a isto, em
2004, Paula fundou seu Instituto
Passe de Mágica, organização não
governamental que atende a crianças
e adolescentes, e é voltado ao de-
senvolvimento humano. “O esporte
de uma forma natural me ensinou
diversos valores para a vida: disci-
plina, respeito à hierarquia, convívio
com limites, regras, nuances de
ganhar e perder, trabalhar em equipe,
viver sob pressão”, valores estes que
ela batalhou para transmitir, princi-
palmente quando considerou que o

18 REVISTAVOX.COM | DEZEMBRO 2019

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