Público - 25.08.2019

(ff) #1
Público • Domingo, 25 de Agosto de 2019 • 7

SEM COMENTÁRIOS VILAR DE MOUROS


PAULO PIMENTA


A Senhora


da Praia


A

inda não gosto de multidões,
mas gosto do barulho distante
dos bombos. Esta semana, das
janelas abertas da minha casa,
tenho ouvido as festas da Praia
das Maçãs. As noites têm sido
divertidíssimas. Sei porque, nas
manhãs seguintes, contam-me
as histórias todas.
Hoje, domingo, a Nossa
Senhora da Praia, mais outras Nossas
Senhoras, como a Nossa Senhora do Carmo,
padroeira dos surÆstas da Praia das Maçãs,
entrarão pelo mar adentro, esteja o mar
contente ou zangado.
A maneira exuberante como as pessoas
festejam também tem uma justiÆcação
melancólica: a Nossa Senhora entra no mar
no último domingo de Agosto.
Pois é. Já não vai haver outro domingo em
Agosto: só para o ano. E já falta menos de um
mês para o próprio Verão acabar. Não é por
termos passado tantos meses a
queixarmo-nos que nunca mais vinha o
Verão que ele faz o favor de abrandar os dias.
“Agora só para o ano” é a frase triste que se
diz quando acabam as festas. Inevitavelmente
alguém acrescenta “A gente sabe lá se vamos
lá chegar.” E depois todos abanam as cabeças
e dão mais um golo de cerveja.
Perante esta sorumbática resignação
sugeri uma vez que se realizassem as festas
de seis em seis meses, até para animar o
Inverno.
Foi como se tivesse proposto deitar fogo às
Nossas Senhoras.
Percebi logo que, tal como se tem de
esperar um ano para dar valor ao Verão (que,
apesar destas choradeiras, ocupa 25% dos
dias), também as festas, como as cerejas e as
castanhas e o Natal e os nossos aniversários,
precisam de um ano (quase) inteiro de
saudades.

Miguel Esteves Cardoso
Ainda ontem

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

ESCRITO NA PEDRA


A mediocridade não reconhece nada acima dela própria,


mas o talento reconhece imediatamente o génio


Arthur Conan Doyle (1859-1930), escritor


EM PUBLICO.PT


A Amazónia arde, mas estas
fotografias são “mentirosas”

Muitas celebridades e até o Presidente
francês partilharam imagens que não
mostram os fogos actuais ou sequer
a Amazónia
publico.pt/amazonia

Já andou de balão?


Estamos em Castro Verde, no Alentejo.
Já com os balões insuflados, subimos
para o cesto e, de repente, quase sem
darmos por isso, já estamos a flutuar
publico.pt/fugas

Porque é que mulheres
e homens enviam nus
pelo telemóvel?

Investigadora da Universidade do Arizona
procurou respostas, questionando mil
estudantes
publico.pt/culto

Para o palmarés, o talento e a ambição de
Fernando Pimenta, um terceiro lugar saberá
sempre a pouco. Mas a medalha de bronze
que o canoísta português alcançou ontem no K
1000m dos Mundiais de velocidade, na Hungria, tem
um significado suplementar: permitiu-lhe garantir,
desde já, um lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio,
no próximo ano. Hoje, o atleta minhoto tentará
chegar novamente ao pódio na distância mais longa.
Até porque há um título a defender (Pág. 31). N.S.

São vários os problemas que o Brasil de Jair
Bolsonaro enfrenta neste momento e um
deles é uma nova vaga de emigração. Nos
primeiros seis meses do ano saiu do Brasil quase
tanta gente como em todo o ano de 2018 — desde
2014 que se vêm superando os números do ano
anterior. Na origem deste fenómeno estará a crise no
mercado de trabalho (12% de desemprego no
segundo trimestre) e a letargia da actividade
Fernando Pimenta Jair Bolsonaro económica (ver Pág. 2 a 4). H.P.
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