aeee
poder
A14 Sexta-Feira,23DeagoStoDe2 019
Duasconcepções deEstado
policial que viveramum enla-
ceamoroso quesepretendia
duradouroestão em choque:
adaLavaJatoeado presiden-
te JairBolsonaro.Oamor aca-
bou.Eháoriscoderompimen-
to litigioso.
Nãoésurpresa paraquem
vêapolíticaalém dos movi-
mentos de superfície.Fazê-lo
éuma obrigação do analista.
Ocronistapode secontentar
comosfolguedos do dia.
NoCoaf,agorarebatizado
deUIF,naReceita, na PF,no
MPFeaté na Justiçahaviaehá
quem advogueaprerrogativa,
ao arrepio de qualquer ordena-
mentolegal, de escarafunchar
avida de qualquer umem no-
medocombateàcorrupção.
Nessecaso,éclaroque não
se agridealei semumpropó-
sito.Comoevidenciam diálo-
gosreveladospelo TheInter-
cept BrasilepelaFolha,oco-
mando da LavaJatoapelava
aumbraçoque tinhanaRe-
ceitapara, porexemplo, ten-
tarencontrar ilícitos de mi-
nistros do Supremo.
Não erazelo de justiça.Oque
se pretendia eraeliminar do
tribunal dois ministros —Di-
asToffolieGilmarMendes—
consideradosadversários da
força-tarefa. Oude seusdes-
mandos, paraser exato.
Oque os diálogos demons-
tramàfartaéqueaLavaJa-
toselecionavaalvoseaté se-
toresdaeconomiaexibindo a,
deixem-mever,soberana tran-
quilidadecomque Deuscriou
omundo.Oudecidiu destruí-lo
quando lhedeu navenetadivi-
nal, descontentecom as lam-
bançasdatigrada que havia
dadoàluz.
Nãotardou paraqueosva-
lentesdaLavaJatovissem no
entãocandidatoBolsonaro“o
homemcertonolugarcerto”.
Análise políticaéumtrabalho
que sefazemparceriacomo
interlocutor —nestecaso,o
leitor.Por isso,permito-mere-
produzir trechode umacolu-
na de 8 de junhodoano pas-
sado,intitulada“Bolsonaro
éonome da LavaJato”.Pres-
tematenção.
“GentequeconheceoMPF
por dentroepelo avesso as-
seguraque osTorquemadas
torcemépor Bolsonaro. Li tro-
casdemensagens de grupos
do WhatsApp que são do ba-
lacobaco. Eassiménão por-
que os senhoresprocurado-
rescomunguem de sua visão
demundo—amaioriaodes-
preza—,mas porqueveem ne-
le achancedefazer ruiro‘me-
canismo’, queestaria ‘podre’.
Osextremistas do MPF, doJu-
diciárioedaPF, ondeocandi-
dato éespecialmentepopular,
concluíramqueo‘Rústicoda
Garrucha&dosBons Costu-
mes’lhes abreuma janelade
oportunidadesparaimpora
sua agenda.Querem ser,eis-
to éparavaler,o‘PoderLegis-
lativo’ de umregime quefosse
liderado pelo bronco.
Não creio que logremseu
intentoe,tudoomaiscons-
tante, estãocavandoseu pró-
priofimcomoforçainterven-
tora na política. Isso,emsi, se-
rá bom.Aquestãoéquemvai
liderarodesmanche.”Acaba
aquiacitação.
Eis aí. Quemmedeuessacla-
reza antecipatóriafoiaparce-
riacomvocês.
Quando SergioMorofoi al-
çado ao Ministério da Justiça,
aequação parecia, então,se
fechar.Pronto!ALavaJatoti-
nha desfechado, pela viadosu-
posto legalismoedocombate
àcorrupção,umgolpe deEsta-
do.Ecomoapoio quase unâ-
nime da imprensa,que presta-
va aosprocuradoresofavor de
executar os alvos que eles cui-
dadosamenteselecionavam.
AcontecequeBolsonaronão
eraapenas umagavetavazia
de passado,ainda que lotada
de bordõesfascistoides, que
atentamcomigual desassom-
brocontrabichos,árvores ou
pessoas.
QuemtemFabrícioQueiroz
temmedo.Sim,épreciso que
aPFeaReceita se atenhama
seu papelconstitucional.Es-
saéareivindicação das pes-
soas alinhadascomoEstado
de Direito.
Issonadatemavercoma
interferênciadopresidente na
Superintendência da PF do Rio,
sobosilêncio cúmplicedeMo-
ro—hoje merocavalo de pa-
rada— oucomadeposição
de quadros daReceitaFede-
ralnadelegacia daBarrada
TijucaounoPortodeItaguaí
(RJ),por onde passam as ar-
mas queajudamagarantir
tantoopoder do narcotráfi-
co comoodas milícias.
Quadros da PFedaReceita
terãodedecidir sereagem a
Bolsonaropor apreçoàsregras
do jogoousebuscam uma aco-
modação, desortequeopresi-
dentecontinueaser ogaran-
tidor doEstado policial desde
que ninguém escarafunche a
sua gaveta, bulindocomoseu
Queirozdeestimação.
Vaiser oquê?
QuandoMorofoi alçado ao Ministério da Justiça,aequaçãoparecia sefechar
- ReinaldoAzevedo
Jornalista, autor de “o País dos Petralhas”
Fim docaso héteroBolsonaro-LavaJato
|dom.ElioGaspari, Janio deFreitas |seg.CelsoRocha deBarros |ter.Joel PinheirodaFonseca |qua.Elio Gaspari|qui.FernandoSchüler |sex.ReinaldoAzevedo |sáb.Demétrio Magnoli
- José Marques
sãopauloAAssembleia Le-
gislativadeSãoPaulo,presi-
didapelodeputadoCauêMa-
cris (PSDB), preparadois me-
ga editais paraacontratação
decampanhas de publicida-
deegestão de mídias sociais.
Ocustodeamboséestima-
do em R$ 40 milhões,eoscon-
tratostêmprevisão de dura-
çãode 15 meses.
AFolhateve acesso às duas
propostas, queforamelabo-
radas pelaDepartamentode
Comunicação do Legislativo
paulistaeenviadas paraaná-
lise doDepartamentodeFi-
nanças da Casa.
Nasemana passada,ose-
tordefinanças sugeriu as me-
lhores modalidades decon-
corrência paraalicitação —
melhortécnicaepreço(mí-
dias sociais)emelhortécni-
ca (agências de publicidade).
Nãoéaprimeiravezque,
sobocomandodeMacris,a
Assembleiatentaemplacar
umedital decampanhaspu-
blicitárias. Em 2017 ,uma pro-
postadeR$ 35 milhõeschegou
areceberpareceres internos
positivos,masnãoavançou.
Em seu segundo mandato
na presidência,otucanoini-
ciouagestãosob promessas
de austeridadeechegouacor-
tar cafeteiras no prédio.
Atualmente,aAssembleia
deSãoPaulo nãotemcontrato
comagênciasdepublicidade.
Nosprocessos internos que
discutemoseditais,asuges-
tãoéqueascontratações se-
jamcusteadas por um fundo
especialdedespesas, espécie
de “poupança” criada em 2001
comrecursosextraorçamen-
táriosdoLegislativo, como os
contratos firmadoscomter-
ceiros para exploração de ser-
viços,como lanchoneteeban-
cosemultasafornecedores.
Aprevisão legaléque osre-
cursos do fundo sirvampara
modernização administrati-
va,aperfeiçoamento profissi-
onal, programas de esclareci-
mentosàsociedadeeaquisi-
çãodemateriais.
Oedital das mídias sociais
prevêqueacontrataçãocus-
te R$ 10 milhões. Seriamfei-
tosserviçosde“planejamen-
to,desenvolvimentoeexecu-
çãodecomunicação digital”.
Ajustificativaéque“asredes
sociaismudaramaforma de
interação entre pessoase,con-
sequentemente, entreosin-
divíduoseopoder público”.
Já oedital da publicidade
custaria R$ 30 milhões, em
contratoscomduas agênci-
as, para“oestabelecimento
de Comunicação Institucional
daAssembleiaLegislativade
SãoPaulocomasociedade”.
Duranteomandato de Ma-
cris, já houve polêmicaemum
outrocontrato, comaempre-
sacontratada paraautoma-
tizaroserviçodetriagemde
notícias do órgão. Apesarde
tercustado R$ 2 , 6 milhões por
Assembleia estuda
gastar R$ 40 mi com
comunicação em SP
Casa afirma querecursos parapublicidadeeredes sociais
virãodefundoenãoterãoimpactoemseuorçamento
um ano,oserviçocontinuava
sendofeitomanualmenteno-
vemeses depois por quatro
funcionários da Casa.
Procurado, odiretor de Co-
municaçãodaAssembleia,
Matheus Granato,afirma que
acontrataçãodasagências de
publicidade “garantirá aim-
plantação dacomunicação
institucional doParlamento
paulista”,com ações“segmen-
tadas paraemissorasderádio
etelevisão,jornaiserevistas”.
Já emrelaçãoàcomunica-
çãodigital, haveria“ações pro-
fissionais de divulgação da
Alesp, neste universo que é
atualmenteumdos principais
meios utilizados pela popula-
çãonabuscadeinformações”.
Paraaaberturadaslicita-
ções, afirma,éprecisooaval
dos departamentostécnicos.
“A Alesp querutilizarferra-
mentas decomunicaçãohá
muitojáutilizadas peloPo-
derPúblico. Hoje, porexem-
plo,osgovernosfederalees-
tadual, prefeituraeCâmara
Municipal deSãoPaulo, assim
como inúmerasAssembleias
emtodo país, utilizam agên-
cia de publicidade paraesta-
belecerestacomunicação ins-
tit ucionalcomapopulação.”
Segundo ele, por serverba
do fundoespecial, ascontra-
taçõesterão“custozerono
orçamento” daAssembleia.
Granatodiz queagestão
atualtemcomo marca aaus-
teridadee“devolveu R$ 106
milhões aoscofresdogover-
no do estado”, economizados
do orçamentode 2018 ”.“Foi
amaior devolução jáfeitana
história do Legislativo.”
R$ 10 milhões
éocustoprevistoparamídias
sociais, em que seriamfeitos
serviços de “planejamento,
desenvolvimentoeexecução
decomunicação digital”,pois
asredes “mudaramaforma
de interação entrepessoas”
R$ 30 milhões
éoque prevêoedital de
publicidade, emcontratos
comduas agências, para
“oestabelecimentode
Comunicação Institucional
daAssembleiaLegislativa de
São Paulocomasociedade”
Odeputado Cauê Macris, presidentedaAssembleia
Legislativa de São Paulo Bruno Santos-27.fev.2019/Folhapress