Folha de São Paulo - 23.08.2019

(Ron) #1

B8 Sexta-Feira,23DeagoStoDe2 (^019) aeee
esporte
$
Outros destaques brasileiros
Brasiléprincipal
potêncianoParapan
Desempenho do país nas
últimas edições do evento
Mar del Plata 2003
2 ºlugar
Rio de Janeiro 2007
1 ºlugar
Guadalajara 2011
1 ºlugar
Toronto 2015
1 ºlugar
Nº de medalhasde
ouro Prata Bronze
Total
165
Total
228
Total
197
Total
257
81 53 31
83 68 77
81 61 55
1097474
Modalidades em disputa
nestaedição
Quando



  • atletismo

  • Basquete emcadeiraderodas

  • Bocha

  • Ciclismo

  • Futebol de 5

  • Futebol de 7

  • goalball

  • Halterofilismo

  • Judô

  • Natação

  • Parabadminton

  • Parataekwondo

  • rúgbiemcadeira de rodas

  • tênis emcadeira de rodas

  • tênis de mesa

  • tiro esportivo

  • Vôlei sentado


De 23 .ago a 1 ºdesetembro

Ondever
OSporTV prevê 80 horasde
transmissãoemseuscanais


  • Daniel E. de Castro


LimaUm dosdestaques da de-
legação brasileira que dispu-
tará os JogosParapan-Ameri-
canos de Lima, no Peru,apar-
tir destasexta-feira( 23 ), ana-
dadorapernambucana Carol
Santiagochegaaoeventocom
ocarimbo de quem já bateu
duasvezes, no mesmodia, um
recordemundial.
Pode parecer estranho cha-
mar de novata umaatletade
34 anosecomumfeitodesses
no currículo, masadefinição
éapropriada paraela,queco-
meçousua trajetória no para-
desportoemoutubrode 2018.
Carol nasceucomasíndro-
me de morning glory, uma al-
teraçãonaretina quereduz o
campo de visão.Ela começou
anadar quando criançaeaté
umacertaidade se destacou
mesmo emcompetições con-
tranadadores semdeficiência.
Comopassar dotempo,po-
rém, os detalhes passamafa-
zercadavezmaisdiferençana
performancedeumatletade
ponta.Asviradaseachega-
da, momentos cruciais numa
provadenatação, tornaram-
sebarreiraparaalimitação
de visão da pernambucana.
Adificuldadeatingiu seu
ápicequando ela tinha 18
anos. Umacondição que não
temrelaçãocomasíndrome
nemcausa específica fezcom
que um líquido produzido na


suaretinaaimpedissetotal-
mentedeenxergar. Esse pe-
ríodo durounovemeses, mas
culminoucomoafastamento
dela do esportepor nove anos.
“Ser umaatletaprofissio-
nal eraumsonho.Quando
eu vi que não iria dar,nunca
imagineique lá na frentepo-
deriavoltaracompetir num
níveltãoalto. Volteianadar
por saúde, porque eraacoi-
sa que eu maisgostavadefa-
zereporque eraoque eucon-
seguiafazersem precisar de
ninguém”, elacontaàFolha.
Atransição da nataçãopor
lazer paraoaltorendimen-
to esportivolevaria mais seis
anos.Desdeoinício de 2019 ,
Carol praticanoCentrode
TreinamentoParaolímpico,
emSãoPaulo.Sobocoman-
do dotécnicoLeonardoTo-
masello,descobriu um mundo
totalmentenovoeno qual se
deu bem muitorapidamente.
“Conhecioparadesporto
praticamentenomesmodia
em queconheciocentro. Na
minharegião,adivulgação
do esporteparalímpicoquase
nãoexistia. Eu nãoconhecia a
divisão das classesenem que
poderia usarotapper”, diz.
Tapperéonome dadoàpes-
soa que ficanabeiradapisci-
nacomumbastãode espuma
etocaosnadadorescomde-
ficiênciavisual paraindicar a
viradaeachegada.
“A goraestásendo maravi-

Novatade34anosretomasonhode


seratleta echegaemaltanoParapan


Nadadorapernambucanatembaixavisãoeiniciou no paradesporto há poucomenos deumano


Carol Santiagoduranteprova doCircuitoBrasil Loterias Caixa 2019, no CentroParalímpico, em SãoPaulo Ale Cabral-10.mai.19/CPB/Divulgação



Seratletaera um
sonho. Quando vi
quenão iriadar,
nuncaimaginei que
lánafrentevoltariaa
competirnum nível
tãoalto. Voltei por
saúde,porque erao
queeumaisgostava
defazer, oqueeu
conseguiafazersem
precisar de ninguém

PetrúcioFerrei ra,22
Nascido em São José do Brejo do Cruz (PB),
em 1996,oparatletasofreu um acidente
comuma máquinademoer capim aos dois
anoseperdeu parte do braçoesquerdo.
Campeão mundialeolímpico, éoatual
recordistamundial nos 100menos 200 m


Alana Maldonado,24
Ajudoca deTupã, cidade do interior do
estado de São Paulo,descobriuadoença
de stargardt, que causaperda progressiva
da visão,aos 14 anos.Foicampeã do
CampeonatoMundial de 2018emedalhista
de pratanaParaolimpíada do Rio-2016

Ricardo Alves, 30
Ricardinho,nasceu emOsório (RS), em


  1. Um descolamentoderetina aos6anos
    comprometeuavisão do jogador de futebol de
    5dopaís. Ele jáfoieleitoomelhor jogador do
    mundo duas vezeseconquistoucomaseleção
    otri dos Jogos ParaolímpicosedoMundial


Daniel Dias, 31
Onadador nascido em Campinas
temmáformaçãocongênitados
membros superioresedaperna direita. Soma
14 medalhasdeouroemJogos Paraolímpicos,
além de outras dezenas em Jogos Parapan-
Americanosecampeonatos mundiais

que se superaacada dia. Fico
pensando que não possonem
me dar ao direitodeolhar para
avidaeachar algoruim”, diz.
Asprovas de nataçãodoPa-
rapancomeçamnodomingo.
Apernambucana nadaráqua-
trodelas, masnão os 100 m
peito,foradestaedição.
Em Lima,oBrasilterá sua
maior delegação da história
dosParapans,com 337 atletas
emtodasas 17 modalidades.
Oitavo colocado no quadro
de medalhasdaParaolímpi-
ada do Rio- 2016 ,opaís ficou
em primeironas últimas três
edições doParapan,posição
quealmejarepetir no Peru
commais decemmedalhas
de ouro, segundooComitê
Paralímpico Brasileiro(CPB).
Um desafio adicionaldoes-
porteadaptadoéoprocesso
dereclassificaçãodosníveis
de deficiênciadosatletas, es-
sencial paraque eles possam
competir emcondições de
igualdade nas suascategori-
as, mas quecausou polêmica.
Em abril,oComitêParalím-
picoInternacional passou a
entender queonadadorAn-
dréBrasil, 35 ,multimedalhis-
ta quetemuma pequena di-
ferençadetamanho entreas
suas pernas, não se encaixa
mais em nenhumacategoria
de deficiência previstapela
entidade.EnquantooCPBre-
corredadecisão, ele nãoesta-
rá presenteemLima.

lhoso, porquetodas as mi-
nhas dificuldades de antes
estão sendosupridas. Eu ma-
chucavamuitominhasmãos
nas viradas,ecomotapper
isso praticamentenão acon-
tece mais. Anteseutocavana
bordaedepois virava, agora
entrobem maisforte”,afirma.
Em abril, ela quebrouore-
cordemundialque perten-
ciaalena Krawzowao nadar
os 100 mpeitonaclasse SB 12
(atletascombaixa visão)em
1 min 14 s 79 .Aalemãrecupe-
rouamelhor marca em junho.
Independentementede
tempos, Carolésófelicida-
de aofalar sobreseus treina-
mentoseachancedeser uma
atletaprofissional quando já
não esperavamais por isso.
Depois do seu primeiroPa-
rapan,opróximoobjetivo da
nadadoraseráoMundial de
Londres, de 9 a 15 de setem-
bro. Semantiver esse ritmo,
elatemtudo parasedestacar
também nasParaolimpíadas
deTóquio, em agostode 2020.
Atransformação de vida
pela qualanadadorapassou
nos últimos meses,porém,vai
muitoalém de bateràfrente
das adversárias nas piscinas.
“Cresciatémaiscomo pes-
soa do quecomoatleta. Eu
nuncatinhaconvividomes-
mocompessoascomdefici-
ência,equandoconhecioCT
vi quetemgentecom muito
mais dificuldade doqueeue

Daniel Zappe/Exemplus/CPB
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