Folha de São Paulo - 23.08.2019

(Ron) #1

aeee



  • KlausRichmond


SantoSJoelinton Cássio Apo-
lináriodeLira, 23 ,aindaéum
quase desconhecido entreos
brasileiros que iniciarama
disputadaPremier League,
oInglês,noúltimo dia 9.
Em 23 de novembrode
2014 ,quando eleatuavape-
lo Sportemarcouseu pri-
meirogol dacarreiraprofis-
sional em um empate como
Fluminense pelo Brasileiro,
uma declaração do entãotéc-
nicodotime pernambucano,
EduardoBaptista, pareceu es-
tranha. “Serádifícil segurá-lo
aqui.Éumjogador para Eu-
ropa”, afirmou.
Cinco anos depois,obrasi-
leiromaiscaro da última jane-
la de transferênciasdo fute-
bol inglêsejogador maisva-
lioso da históriadoNewcas-
tle,comprado pelo clube por
40 milhões de libras (R$ 197
milhões), buscaseuespaço
entreasfigurasdedestaque
dotorneio nacional mais ba-
dalado do mundo.
“Éumaresponsabilidade
muitogrande,atépelosva-
lores, masprocuronão tra-
zermais pressão. Ascoisas
mudam muitorapidamente
paramim”, eledisse àFolha.
Joelinton cresceu nazona
ruralde Aliança (a 84 km de
Recife),pequena cidade de
Pernambucocom aproxima-
damente 30 mil habitantes.
Ele tinhacomo passatempo
preferido na infância jogar


futebol noscamposdoenge-
nho decana-de-açúcar quefi-
cavaao lado de suacasa.
Desde quesaiu do local pa-
ramorar no alojamentodo
Sport, suacarreiraficoumar-
cada pelaprecocidade. Em
2013 ,com 16 anos, subiu pa-
ra otime principal. Estreou
aos 17 elogoganhouaspri-
meiras chancescomo titular.
Com apenas 18 anos e 34 jo-
goscomo profissional, deixou
aequipepernambucana em
junho de 2015 ,parajogar no
Hoffenheim, da Alemanha.
“[Essa proposta]foialgo
que surgiu muitorápido,não
esperava. Sabia que seria di-
fícil, estavacomeçando ain-
daetinha só um ano jogan-
do no profissional, mas paraa
minhafamíliaseriaamelhor
decisão”,afirmou.

Ele chegouàAlemanha
comparadoaRobertoFir-
mino,devidoàpassagemde
sucesso pelo mesmoclube
doatacante, hoje no Liver-
poolenaseleção brasileira.
Aprimeiratemporadade
Joeliton no clube alemão,po-
rém, nãofoidigna de nenhu-
macomemoração. Ele jogou
apenas cincominutos, dian-
te do Schalke 04.
“Sempredisse quetemos
[ele eFirmino]estilosdife-
rentes.Alíngua pesou, era
horrível nãoconseguir me
comunicarcomoscompa-
nheiros. Saía paracomer e
tambémnãoconseguia,vi-
nha algototalmentediferen-
te.Não estavabem”, contou.
Natemporada seguinte,Jo-
elintonfoiavisadopelos seus
empresários de queoHoffe-
nheim haviaacertadooseu
empréstimo ao Rapid Viena,
clube austríacoque ele nem
sequerconhecia, mas que
mudaria suacarreira.
“Precisava jogareaprender
alíngua.Fazia aula[deale-
mão]trêsvezes por semana
efui amadurecendo jogando,
ganhandoexperiência”, disse.
Foram 21 gols em 79 jogos
peloRapid, time no qualfi-
coupor duastemporadas,
mas ele permanecia desa-
creditado dentrodopróprio
Hoffenheim. “Ninguém que-
ria que euvoltasse.”
Arejeiçãofoivencidaquan-
doJoelinton agradou aotéc-
nicoalemãoJulianNage

lsmannnos treinamentos pa-
ra atemporada 2018 / 19 .Em
seguida, eleteveomelhor
desempenho de suacarrei-
ra,com 11 gols enoveassis-
tências em 35 partidas.
“Voltei mais maduro,cheio
deconfiança.Saíderejeitado
parater propostas[decom-
pra]recusadas em janeiro. O
Hoffenheim nem queria mais
que eu saísse.Depois, apare-
ceualgobom paratodos”,afir-
mouoatacante, queteve pas-
sagens pelas seleções sub- 17
esub- 20 do Brasil, mas nun-
ca foiconvocado paraaequi-
pe principal do país.
No Newcastle, tradicional
clubeinglês quenãoatraves-
sa um bom momento, orotei-
ro inicial parecia perfeito. Ga-
nhouacamisa 9 de Alan Shea-
rer, maior artilheirodahistó-
ria daequipe,com 206 gols, e
estreoucom credenciaispro-
missoras, marcando na vitó-
ria por 3 a 1 em umamistoso
comoHibernian,daEscócia.
NaPremier League, porém,
ocaminhodele maisumavez
serádeprovação. Otime per-
deu as duas primeiras parti-
das nacompetição–diantede
Arsenal, na estreia,edoNor-
wich, no últimosábado ( 17 ).
Nopróximodomingo ( 25 ),
enfrentaráoTottenham em
buscaderecuperação.
Joelinton esperaagorausar
abagagem queadquiriu na
Alemanhaparaajudarono-
votimeasuperarsuaspró-
priasdificuldades.

VagnerLove,doCorinthians, carregaabolaobservadopor
Ganso, doFluminense DaniloFernandes/Brazil PhotoPress/AgênciaOGlobo

CORINTHIANS0
FLUMINENSE 0


SãoPauloOCorinthians fra-
cassou natentativadeabrir
vantagem sobreoFluminen-
se nasquartas de finaldaCo-
pa Sul-Americana.Jogando no
estádio de Itaquera, na noite
destaquinta-feira( 22 ),aequi-
pe nãoconseguiu nada além
de um empate por 0 a 0.
Nãoestavadooutroladoo
ofensivotime deFernandoDi-
niz, demitido do clube trico-
lor na últimasegunda ( 19 ). O
comandante interino Marcão
armou os visitantes deforma
afechar os espaçosefoi pre-
miadocomoque buscavana
zona lestedeSãoPaulo.
Oresultadofoi um primei-
ro tempo truncado,sem chan-
cesmaisclaras degol. OCo-
rinthians tinha dificuldade


parainvadiraáreatricolor,
apesardaparticipaçãorazo-
ável de Mateus Vital,eofere-
cia algum espaçoaos visitan-
tes, que chegaramaassustar
em chutedelongedeNenê.
Otime alvinegro voltou mais
agressivona segundaetapa
em buscadogol equasefoi
premiado no fim.
Gustavo, que havia entra-
do no lugardePedrinho,le-
sionado,quase marcounos
acréscimos. Eleconseguiuca-
beceio preciso,mas viuogo-
leiroMuriel espalmareabo-
laaindabater no travessão.
Avaganas semifinais será
decidida na próxima quin-
ta ( 29 ), no Maracanã. Quem
vencer enfrentaráoequato-
riano Independientedel Val-
le.Novo 0 a 0 levará adispu-
ta aos pênaltis.Empate com
gols favorecerá oCorinthians.

CorinthianseFluminensefazem


jogo truncadoeficamnoempate


Joelinton, 23
Atacanterevelado pelo Sport,
foivendido ao Hoffenheim
(ALE) aos 18 anos. No início,
nãofoibemeacabou indo
parar naÁustria.Hoje,
joganoinglês Newcastle

Contratado pelo Newcastle,Joelintontentaemplacar na PremierLeague


Rejeitadonofutebol alemão,


brasileiro custa R$ 200mi


Um dospioneiros em


jogar com os pés, goleiro


recusou Ajax por pescaria


EsportEaovivo

10h

14h

16h

18h

20h

22h

0h

10hMundial de
Canoagem
Velocidade,SPORTV

15h30Colonia x
BorussiaDortmund
Alemão,fOxSPORTS

16hAstonVilla
xEverton
Inglês,ESPN BRASIL

19h15Atlético-GO x
BrasildePelotas
SérieB,SPORTV

21hArsenalx
SanLorenzo
Argentino,fOxSPORTS

21h30Cuiabáx
Botafogo-SP
SérieB,SPORTV

|dom.Juca Kfouri,Paulo ViníciusCoelho,Tostão |Seg.Juca Kfouri, PauloViníciusCoelho |qua.Tostão |qui.Juca Kfouri |Sex.RenataMendonça|sáb.KatiaRubio


Achancedever craques da seleção



  • RenataMendonça


Jornalista, passou por ESPNeBBC.Escreve no Dibradoras, blog sobremulheres no esporte


Torneio no Pacaembuéoportunidade de ver atletascomo Marta eFormiga


Acho queaprimeiravezque
vi de pertoaseleçãobrasilei-
rajogar eu já trabalhavaco-
mo jornalista.
Quando criança, não tive
essa oportunidade.
Os craques que eu via bri-


lharcomacamisado Brasil
—Ronaldo,Ronaldinho,Ri-
valdo—jogavam na Europa,
eera muitoraroque um amis-
toso da seleçãoacontecesse
em solo brasileiro.
Desde queotime pentacam-


peãodo mundo, aliás, virou um
grande negócio paraaCBF,os
jogospassaramaser cadavez


mais distantes, no paísque pa-
gasse mais por isso.
Essarealidade não mudou
ainda.Atémesmo os jogos
da CopaAméricanesteano
mostraram queéprecisoser
muitosortudo(leia-se rico)
paraconseguiriraum jogo
da seleçãonoBrasil.
Os gritos de “defense”, nu-
ma alusão ao que acontecena
NBA(parecesurreal, eu sei),
mostramoquantoessatorci-
da estádesconectada do time
quevesteacamisacanarinho.
Mastem uma seleçãoque
despertouinteresseeresga-

touapaixão dos brasileiros
nesteano.
Na Copa do Mundofemi-
nina, disputada naFrança,
muitagente“descobriu”uma
legião de “novas” craques:
Marta,Formiga, Cristiane,
Thaisa,Tamires, Debinha.
Forammais de 30 milhões
ligados naTVtorcendo pa-
raelas nas oitavas de final
dotorneio.
Foramcentenas de pessoas
no aeroportodeGuarulhos em
plena madrugada deterça-fei-
rapararecepcioná-las.
Eagora há uma oportunida-

deúnicadever todasessas cra-
quesemcampo aqui pertinho.
Paraquem viuRonaldoin
locojogandopela seleção, já
imaginoupoder aplaudir de
pertoaquela queéseisvezes
melhor do mundodesfilan-
doomelhor de seu futebol
emcampo?
VerMartajogaréumprivi-
légio que nósbrasileirospre-
cisamos aproveitar ao máxi-
mo enquantoainda hátempo.
Elaésimplesmente amai-
or jogadoradetodos ostem-
pos,enãoétodo dia quevocê
podeverahistória bem ali,

diantedos seus olhos.
EFormiga?Uma jogadora
que se entregou nos últimos
24 anos pela seleçãobrasi-
leira, quetemseteCopas do
Mundo no currículoeque,
aos 41 anos, esbanjafôlego
dentrodecampo.
Aoportunidade deveres-
sas duas emcampo estáaí.
No dia 29 de agosto, ambas
estarão no Pacaembu dispu-
tando umtorneio amistoso,
aestreiada treinadorasue-
caPia Sundhagenocoman-
do da seleçãobrasileira.
Começa comChilexCostaRi-
ca,às 19 h, depoisoBrasil en-
frentaaArgentina, às 21 h 30.
Afinal seránodia 1 ºdese-
tembro, também no Pacaem-
bu, às 13 h 30.
Éachancedequemnão viu
Ronaldo,RonaldinhoeRival-
do depertoseesbaldarcom
omelhor futeboldas craques
quetambém já fizeram histó-
riacomacamisa da seleção.

Oingresso maiscarocus-
ta 26 reais.

Umanovaeranofuteboldas
mulheres
Depois de nove mesessemco-
mando,asseleções femininas
sub- 17 esub- 20 finalmentees-
tãocom novostreinadores.
Aomenosaesperavaleu a
pena, os nomes escolhidos
são muitopromissoresein-
cluemex-jogadorascomo Jés-
sicadeLima (auxiliar de Jo-
nas Urias na sub- 20 ), Simone
Jatobá(comandantedasub-
17 ,tem diploma de treinado-
rapela Uefa),Lindsay Cami-
la (assistente, acumulaexpe-
riência de mais de cincoanos
treinandocategorias de base
femininas naFrança)eMa-
ravilha(ex-goleiradaseleção
eaprimeirapreparadorade
goleiras da CBF).
Finalmenteofutebolfemi-
nino estáindoparaasmãos
delas.

esporte



  • AlexSabino


SãoPauloParaobadalado
técnicoespanhol Pep Guar-
diola,oque umgoleirocon-
seguefazercom os pésétão
importantequantoasdefe-
sasrealizadascomasmãos.
Estatendência, que não é
nova no futebol,temumpai:
JanJongbloed,goleirodocar-
rossel holandêsnoMundial
de 1974 ,naAlemanha.
Ele nãofoioprimeiro, mas,
porcausa da popularidade da-
quelaseleçãoedaimagem mi-
tológicaqueoesquema dotéc-
nicoRinusMichelsconseguiu
na história do futebol, setor-
nouamaior referência.
“A inspiração deJanera Gyu-
la Grosics,goleirodaHungria
na Copa de 1954 .Ele simfoi o
primeirojogador da posição a
se notabilizar poratuar quase
como um líberoesair jogan-
docomospés”,diz Yoerivan
der Busken, autorde“Aparte-
ling” (“Separação”,emholan-
dês), biografiadeJanJongblo-
ed,lançada emjunho.
Ahistória futebolísticado
atleta,hojecom 78 anos, é
única. Com 1 , 79 m, eraconsi-
deradobaixoparaoesporte
ejamaisatuou por nenhuma
dasequipes mais importan-
tesdaHolanda(Ajax, Feye-
noordePSV). Fezacarreira
em clubespequenos,como
DWS, FCAmsterdam,Roda
JC eGoAhead Eagles.
Depois de ser vice-campe-
ão mundial, em 1974 ,rece-
beu propostadoAjax,time
que haviaconquistadoaCo-
pa da Europa(atual Champi-
ons League)nas trêstempo-
radas anteriores. Elefoilibe-
rado peloFCAmsterdam,mas
se recusouatrocardeclube.
Significaria perder asfolgas
quetinha àsterças-feiras, dia
em quecostumava ir pescar.
“Apescaria semprefoia
grande paixão da vida deJong-
bloed.Ele não trocavaisso por
nadanomundo”,completa
vander Busken.
Oquetorna mais estranha a
presençadele no timequere-
volucionariaofuteboléofato
de que,atéummês antes do
Mundial na Alemanha,Jong-
bloedtinha apenas umacon-
vocaçãoparaaseleção.
Otitulardeveriaser Janvan
Beveren, mas ele se machucou
duranteapreparação dotor-
neio.Além disso,tinha um de-
feitomortalparaaquela Ho-
landa: erainimigodeJohan
Cruyff,ocraqueedono da se-
leção. Jongbloed,aocontrário,
eraamigodo astro.
Paraconvencer Michels a
convocar seu amigo, omeia-
atacanteapresentouumar-
gumento, além da amizade.
Jongbloedseencaixava perfei-
tamentenoestilo de jogopre-

tendido pela Holandanaquele
torneio:apressão na marca-
ção, otoque de bolaeatletas
atuando emvárias posições.
Ogoleiroholandêscome-
çouacampanhafazendoalgo
inéditonofutebol na erados
jogostelevisionados:quando
suaequipe não tinhaabola, fi-
cavafora da área,como mais
uma peçadefensivaparaser
acionadaemcaso de neces-
sidadeouparacortarcomos
pés lançamentos longos.
Aposentado em Amster-
dam,Jongbloedficouvisto
duranteanoscomoapeça
maisfracado queerauma
grandeequipe.Foiespalhada
aversão de que, seaHolanda
tivesseumgoleiro melhor, te-
ria sidocampeã.Ogoleiroe
seu biógrafo contestam isso.
Em seis partidas antes da
decisãocomaAlemanhaOci-
dental,Jongbloedsofreu ape-
nasumgol, marcadocontra a
metapelo holandês Krol,di-
antedaBulgária.Nafinal, aca-
bou batidopor pênalticobra-
do porPaulBreitnerepela fi-
nalização deGerdMuller de
dentrodaárea, lanceque o
goleiroconsideraser impos-
sível de defender.
Jongbloedconseguiu ser um
dosgoleiros mais lembrados
da históriadofutebol mes-
mo semtersido um dos me-
lhores. Isso porterligado sua
imagemàCopa doMundo.
Dos 24 jogos quefezpela se-
leçãoholandesa, 12 forampe-
lo Mundial.Dois deles, finais.
Jongboledcontinuou no fu-
tebolaté 1986 .Decidiu parar
quando,aos 45 anos,sofreu
umataquecardíacoemcam-
po.Naépoca,elejáhavia per-
didoofilho Erik,quetambém
eragoleiroemorreu aos 21
anos, em 1984 ,aoser atingi-
do por umraio duranteuma
partidaamadora.

SExTA-FEIrA,23DEAgoSToDE2 019 B9
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