Época - Edição 1079 (2019-03-11)

(Antfer) #1

eoprocurador-geral, os procuradoresdeCuritiba,em
protesto,ameaçaramentregarocaso.ALavaJatopoderia
ter morridoali. “Foi um momento-chave porqueaopera-
ção aindaestava todaconcentradaem Curitiba,aindanão
havia começadono STF.Vendooque poderiaacontecer,o
procurador-geralconvocouum gabinetede crisena Pro-
curadoria-Geralda República(PGR),para lidarcomasi-
tuação”,contou numa conversarecente VladimirAras,in-
tegrante do gabinetede Janot durante seusdoismandatos.
Olevante da força-tarefa do Paraná contra Janot —fato
sobreoqual nemprocuradores de Brasília nemde Curitiba
haviamfaladopublicamente atéhoje —sófoi controlado
quandoJanotse comprometeu anão enterraraoperação.
“A coisasó dissipouquandooprocurador-geral, vendoa
gravidadeda situação, disseque não imaginava que oman-
dato delefosseter comofocoaluta contra acorrupção,por-
quesua história sempre havia sidona defesados direitos
fundamentaisedodireitoeconômico.Diante do que esta-
vamvendo,noentanto,era fundamental fazeroque preci-
sava ser feito.Ali foi criadooelo entre Curitiba eBrasília,
que deu aforçaque aLavaJatoprecisava”, lembrouAras.


Omomento que aLavaJatovive


agora,em seu aniversáriode cinco


anos,se comparaem importânciaao


de dezembrode 2014.Achegadade


SergioMoro ao Ministérioda Justiça


havia dadoatodosque torcempela


operaçãoaesperançade que 2019


não seriacomonos últimostempos.


Aladeiraabaixoem que aLavaJatoestava desdeovoto de
CármenLúcia, no STF,afavor de Aécio Neves,em 2017,


pareciater chegadoao fim.Aproximidadeda eleiçãode
um novoprocurador-geral,em agosto,tambémprometia
tiraraPGR do marasmoque foramos doisanosde Raquel
Dodge.Afinal,Moro certamente teriainfluênciaparaevi-
tar que apolíticaengolisseainvestigação.Sóque não.

D


esdeque Moro vestiu acasacadobolsonarismo,pratica-
mente não houve semana em que oex-onipotente juiz da
Lava Jato nãotivesse de darpiruetas para conseguir estarnum
governo eleito comapromessa de combateracorrupção,mas
quevai na direção contrária. Quandonãoatacaórgãosde
controle,aexemplo do Conselho de ControledeAtividades
Financeiras(Coaf)edoMinistérioPúblicodoRio de Janeiro,
tenta enfraquecer aLei de Acesso àInformaçãoouignorara
corrupçãodos seus. Amudança de discurso sobreagravidade
do caixa dois, arelativizaçãosobre apráticadocrime por
Onyx Lorenzoni eaboca fechada sobreocasoQueiroz esobre
os laranjas do PSLse somaramagora auma postura estranha
no episódiodo (des)convite da especialistaemsegurançapú-
blica IlonaSzabóparacomporumavagade suplentedo
ConselhoNacionalde PolíticaCriminalePenitenciária.
Na semanapassada,numa das conversascomSzabó,
SergioMoro fez de conta que não sabiados posicionamen-
tos críticosda ativistaem relaçãoaJair Bolsonaro.Disse
que,ao convidá-la,nãosabiadas críticas.Foiomodoque
achouparanão passarrecibode que foi obrigadoarecuar
por pressãoda militânciabolsonarista—eordemexpressa
do presidente. Enquanto Moro vai se deixandoderrotar
em pautastriviaiscomoessa,ficaapergunta sobrequal
serásua forçaquandoas brigaspelaLava Jato eocombate à
corrupçãoforemrealmente sérias—aescolhado próximo
procurador-geral,umaoperaçãoda PF contra algummi-
nistrodo governoou atépossivelmente contra um filhodo
presidente. Cacife,quandonão se usa,se perde.
COMEDUARDOBARRETTO

OministrodaJustiça,
SergioMoro, tem
de fazer malabarismos
verbais para justificar
mudanças de posição
ederrotas no governo


RUYBARON/VALOR/AGÊNCIAOGLOBO
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