Época - Edição 1079 (2019-03-11)

(Antfer) #1
37

CARLOSEDUARDOGABAS
EX-MINISTRODA PREVIDÊNCIA
2010-2011E2015, GESTÕESLULA EDILMA

“O governovai ter de ceder”


CarlosEduardoGabasocupouacadeirade mi-
nistroda Previdênciaem duasocasiõesem go-
vernospetistas.Foinasegundapassagem,no
início do segundomandato de DilmaRousseff,
que participoudas discussõesque culminaram
na “fórmula 85/95”,em que 100%da aposenta-
doriasó égarantida apartirde umasomade
pontos entre aidadedo trabalhadoreseu tem-
po de contribuição.Ele vê aatualpropostaco-
mo um equívocopor não ter sido debatida an-
tes. “A Previdênciaéalgo tão complexoeque
alcança tantos segmentos da sociedade que é
uma falhafazerareformasem ouvi-la”,disse.
Em sua avaliação,oscálculosde projeção
de déficit são equivocados porque eles não
consideramasmudançasno mercado de tra-
balho.“As contas estão sendofeitasemuma
situaçãodecrise econômicaprofundaesefaz a
projeçãopara ofuturo.Éclaroque não vamos
estarnessamesmasituação daquiadez anos.
Temos um problemaconjuntural”,avaliou.
Para ele, ogovernoterá de cedercaso quei-
ra aprovarao menosparteda reformapropos-
ta. “Vai haver uma negociaçãocom oCongres-
so,que se dá por meiodas lideranças.Ogo-
vernovai ter de chamarpara negociarejáestá
cedendo”,considerou.
Apesar de discordarda forma comoapro-
postafoi feita edeseu conteúdo,Gabasdefen-
deu que énecessáriaamudançanaformade
financiamentodaPrevidênciapara que não se
crieumproblema estrutural no sistema. Para ele,
arevisãodas renúncias fiscais edeperdões de dí-
vidaeuma reforma tributáriapoderiamcontri-
buir paraasustentabilidade do pagamento dos
benefíciosaos trabalhadores.

RICARDOBERZOINI
EX-MINISTRODA PREVIDÊNCIA
2003-2005,GESTÃO LULA

“Vai dar trabalho paraaprovar”

OpetistaRicardoBerzoini foi ministro da
Previdência no início do governoLula. Foi
sob sua gestãoque foi feita apropostade mu-
dançasnas regrasde aposentadoriade servi-
dorespúblicos.Ele lembraque foramquatro
mesesde debates eviagenspor estadosantes
da apresentaçãodotexto.Oque ogoverno
conseguiunaépocafoi estabeleceridadee
tempo de contribuição mínimopara aaposen-
tadoriade servidores.
Críticoda propostade Paulo Guedes,
Berzoiniconsideraque écedo para avaliar se
as mudançasapresentadastêm ou não chan-
ces de passar.Para ele, tudodependeránão
só da capacidade de negociação,mas tam-
bémda conjunturapolítica.Ouseja, uma
crisepode atrapalhartudo.“Eles vão ter mui-
to trabalhoparaaprovar, mesmocomesse
Congresso que émais liberal. Vaiser uma
negociação que vai duraralgunsmeses,ea
conjuntura políticapode interferir.Éumgo-
vernoque começoude formamuito atrapa-
lhada, eescândalos comoos de laranjas in-
fluenciamna base”,disse,acrescentandoque
apenascom oavançodas negociações será
possívelter umaideiado tamanho da desi-
drataçãoechancede aprovação.
Para ele,aatualpropostapartedapre-
missa fiscal,ou seja, encontrar um equilíbrio
paraascontas públicas, sem levarem conta
ocaráter socialdo sistema de seguridadeso-
cial. “Nossa proposta era adequarosistema
ao que estava na Constituição edar mais
equilíbrio. Adeagora éapenasfiscal.Oobje-
tivo éatrasar, impedir oureduzir oacesso
aos benefícios.”

VOZDAEXPERIÊNCIA

Regrasdetransição
Otempodetransiçãodo
atualsistemade
Previdênciaparaonovo
seráde12anos.


Regimedecapitalização
Ostrabalhadoresque
ingressaremnomercado
detrabalhoapósaaprova-
çãodareformadaPrevi-
dênciapoderãoaderira
umregimedecapitaliza-
ção.Poressesistema,
serágarantidoosalário
mínimo,pormeiodeum
fundosolidário.Otraba-
lhadorpoderáescolher
livrementeaentidadede
Previdência,públicaou
privada,eamodalidade
degestãodereservas,
compossibilidadede
portabilidade.

Free download pdf