Época - Edição 1079 (2019-03-11)

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FranciscoToro,dothinktankGrupodos
50, em uma“Líbiado Caribe”, alusãoà
feudalizaçãodo país africanoeàintermi-
tente guerracivilque tomouconta do ter-
ritóriolíbioapós os ataquesinternacio-
naisquecausaramaquedado ditador
MuamarKadafi.
Abase paraissoestápronta, já que
Maduroaumentou —segundoele pró-
prioafirmou —ocontingente da Milícia
Nacional Bolivariana de 430 mil civisem
2017 para1,6 milhãono finalde2018.Os
analistas afirmamqueessevolumeestá
inflado por Maduro, masconsideramque
onúmerototalrealde milicianoséenor-
me —seriam800 mil.Umdos almirantes
de Maduro,RemigioCeballosIchaso—
formadocomos navy seals,comtreina-
mento em Israelehoje àfrente do Co-
mandoEstratégicoOperacional —decla-
rousemanasatrás que,na hipótesede
Guaidó derrubar Maduro,oatualpresi-
dente passaria àclandestinidadeecomba-
teriaonovo governocomumaguerrilha.
No 25 de fevereiro,antevendoque uma
eventualinvasãomilitaràVenezuelaseria
um ciclópicoimbrógliocontinental, os go-
vernosdo Grupode Lima—entre os quais
estãoaColômbia,oBrasileoChile—
emitiramum comunicadono qualafirma-
ramquepossuemaconvicçãode que“a
transiçãoparaademocraciadeveser feita
pelosprópriosvenezuelanos,pacificamen-
te enomarcoda ConstituiçãoedoDireito
Internacional,respaldadapor meiospolíti-
cos ediplomáticossemouso da força”.A
União Europeiatambémdesaconselhou
umahipotéticaaçãomilitar.

M


aduroexploraativamente, enquanto
isso,osrumoressobre umainvasão.
SegundoacientistapolíticavenezuelanaCo-
letteCapriles,oditadorusa otemorde um
ataqueinternacionalcomofator de coesão
nas ForçasArmadas. “Não imagino marines
desembarcandonas praias da Venezuela”,
afirmouRocíoSanMiguel,daONGCon-
troleCidadãoparaaSegurança,aDefesae
as ForçasArmadas Nacionais,emrelaçãoa
umahipotética invasão“clássica”. No en-
tanto,ela acreditaqueos militares temem
que ocorrauma “intervenção cirúrgica”.
SanMiguelconsiderouque90%das
ForçasArmadasestãoinsatisfeitascom

Maduro,mas ressaltou queGuaidó ainda
nãoconseguiu capitalizar essainsatisfa-
ção.Ele afirmou que daráanistia aos mili-
taresqueabandonaremMaduro.Noen-
tanto,não explicouaindaqualseráoal-
cance real desseperdão.Isto é, se abarcará
—ounão —todotipo de crimecometido
pelosmilitares epoliciais nos 20 anos de
chavismo.Guaidótampoucoexplicou
qualseráopapel delesem seu planode
transição paraavoltaàdemocracia.
No anopassado, 4.009militares vene-
zuelanos desertaram.Seforemcontadasas
deserções ocorridasem2016 e2017,onú-
merosobepara10 mil.Alémdisso,de22
de fevereiro até1ºde março,haviam deser-
tadomaisde 400 soldados,segundooDe-
partamento de MigraçõesdaColômbia.
No contexto geral das ForçasArma-
das,aproporção de soldados que rompe-
ramcomoregimeaindaébaixa. Emarti-
go paraositeLibertadDigital,ajornalis-
ta especializada em assuntos militaresSe-
bastiana Barráez afirmouque “estáocor-
rendoum gotejamentolento —mas im-
parável —desoldadosquecruzam a
fronteiraem buscadeproteínasetam-
bémde pazpara suasconsciências”.
Chávez eMaduro, nos últimosdez anos,
compraramdos fornecedoresrussosfuzis,
mísseisantitanques, tanques de guerra, sis-
temasantiaéreos,aviõesde combate, heli-
cópterosematerialnaval. Da China,im-
portaramradares.No entanto,aexperiên-
cia bélica venezuelana émínima. Aúltima
vez queoExército do país protagonizou
combates relevantes foi ao interferirna
Guerra dos Mil Dias(1899-1902), denomi-
nação de umaguerracivil na Colômbia.
Maduroimagina umaguerracontra os
EstadosUnidoshá doisanos.Na épocasus-
tentou que,se os americanostentassemum
ataque“comona Normandia”,eles “se
dariammal”.Seufilho,NicolásMaduro
Guerra, flautista econstituinte conhecido
comoMadurito,afirmouque,se Trumpin-
vadisse aVenezuela,oExército de seu pai
revidaria.Na sequência,segundoMadurito,
os venezuelanos,armadoscomfuzis,desem-
barcariamem Nova York etomariamaCasa
Branca(sic).Adesinformaçãodas tropasde
Madurosobrealocalizaçãoda sededo go-
vernoamericanodaria,semdúvida,uma
vantagemtática aos EUA.

AHIPÓTESEIMPLAUSÍVEL
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