Psique - Edição 156 (2019-02)

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IMAGENS: SHUTTERSTOCK/ ACERVO PESSOAL


Os grupos culturais e sociais pos-
suem regras gerais de comportamento
que funcionam como parâmetros para
a avaliação da funcionalidade de uma
determinada conduta social. Dessa
maneira, um comportamento conside-
rado adequado em determinada cul-
tura pode ser completamente inade-
quado em outra. A habilidade social,
conforme Alberti (1977, citado por
Caballo, 2008), é uma característica do
comportamento e não das pessoas.
De acordo com pesquisas em Psi-
cologia Positiva, existem alguns fato-
res que seriam responsáveis por uma
melhor qualidade de vida e bem-estar.
Dentre esses fatores se destaca a re-
lação com outros seres humanos. Os
relacionamentos com familiares e
amigos são fundamentais para a feli-
cidade das pessoas.
Segundo Lyubomirsky (2008), es-
tudos sobre a felicidade demonstram
que pessoas felizes têm melhores rela-
cionamentos do que seus pares menos
felizes. Investir em relações sociais
é uma estratégia utilizada por essas
pessoas, bem como praticar gestos
de cortesia ou ser capaz de atos al-
truístas. Assim, podemos dizer que o
treinamento em habilidades sociais
aparece como um instrumento impor-
tante para melhorar nossas relações
interpessoais, tendo como efeito co-
lateral o aumento da nossa felicidade.
Dessa maneira é possível trabalhar a
melhora dessas habilidades.
Pessoas felizes são excepcional-
mente boas em suas amizades, fa-
mília e relacionamentos íntimos.
Quanto mais feliz, maior a probabi-
lidade de crescimento de seu círculo
de amigos e de poder contar com o
apoio social. Muitas ocasiões envol-
vem importantes conexões humanas,
como a formatura de uma pessoa
querida, o nascimento de um filho,
apaixonar-se ou um casamento. A
nosso ver, sem as habilidades sociais
necessárias, teremos dificuldade de
desfrutar do que há de melhor nas

relações humanas e, consequente-
mente, alcançar conexões profundas
com as pessoas nesses momentos psi-
cológicos chamados de pico.

Indivíduos que estabelecem rela-
ções em que os laços são mais estrei-
tos apresentam maior capacidade de
superação de seus traumas, aprendem
a lidar melhor com o sofrimento, com
as doenças e as perdas. Isso se dá em
razão de receberem o apoio social de
que necessitam, por meio de amigos
e companheiros, não se sentem sós,
confiam porque sabem que existem
pessoas que se importam com eles e
que estão dispostas a ouvir e a ajudar.
O apoio social é inestimável no auxí-
lio às pessoas que enfrentam desafios
e infortúnios na vida.
Quando estabelecemos relações
significativas e contamos com o apoio
social nos sentimos mais fortalecidos
e nos tornamos mais resilientes aos

traumas, perdas e adversidades da
vida. Eis aqui mais um motivo para
investirmos no treinamento das habi-
lidades sociais. Atribuímos um senti-
do à situação, valorizando as relações
interpessoais (que nos oferecem um
senso de pertencimento), temos um
olhar mais positivo e nos munimos de
coragem, esperança, confiança na su-
peração das crises e reavaliamos nos-
sos valores, propostas e objetivos de
vida. Criamos e visualizamos novas
possibilidades, aprendemos e cresce-
mos através dessas adversidades.
Por mais que se busque adaptar-se
a conflitos interpessoais comuns no
nosso dia a dia, estes nos prejudicam
e, mesmo quando nos afastamos da
pessoa com quem tivemos os con-
flitos, poderemos permanecer ru-
minando a respeito dele. Para Haidt
(2006), a existência de relacionamen-
tos sociais fortes tem efeitos positi-
vos no sistema imunológico, aumenta
otempo de vida e é capaz de acelerar
a recuperação de um indivíduo após
procedimentos médicos, além de re-
duzir o risco de depressão e transtor-
nos ansiosos.
Nenhum ser humano funciona
como uma “ilha”. Precisamos dos ou-
tros para obtermos uma sensação de
completude, de pertencimento. Ne-
cessitamos doar, tanto quanto preci-
samos receber e, muitas vezes, doar
ainda nos traz mais benefícios do
que receber ajuda. Somos dotados
de emoções que nos sintonizam para
amar, oferecer amizade em um com-
partilhamento de nossa vida com a
vida de outros, embora essa relação
possa nos causar dor, ainda assim pre-
cisamos das relações sociais para nos
sentirmos completos.

SOMOS INSTRUÍDOS
POR NORMAS DE
CONDUTA PERANTE
AS PESSOAS,
SITUAÇÕES E EM
DETERMINADOS
CONTEXTOS,
APESAR DISSO,
A ATUAÇÃO
INTERPESSOAL
NÃO POSSUI UM
PROTOCOLO
A SER SEGUIDO

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