Você S A - Edição 217 - (Agosto 2016)

(BrasilTuga) #1

20 | AGOSTO DE 2016 | VOCÊ S/A


AGORA


FOTO: PAULO SANTOS

ENTREVISTA COM O PRESIDENTE


E


m 2013, o executivo Vladmir Maganhoto, de 45 anos,
assumiu a presidência da Royal Canin no Brasil – e se
tornou o primeiro brasileiro, em 25 anos de companhia,
a se sentar nessa cadeira. Hoje, ele lidera um time local
de cerca de 300 funcionários e se divide entre o escri-
tório da marca localizado no bairro da Vila Olímpia,
na capital paulista, e a fábrica de Descalvado, no inte-
rior de São Paulo, responsável por produzir os rótulos da empresa
para Brasil, Chile e Argentina. Imune à crise, a Royal Canin, que
faz parte do grupo americano Mars, duplicou sua capacidade de
produção no ano passado. Pai de dois filhos e de dois pointers ingle-
ses, Vlad, como é conhecido nos corredores da empresa, conversou
com VOCÊ S/A sobre a sua carreira e os negócios da companhia.

O mercado pet cresceu 7,8% em
2015, de acordo com a Associação
Brasileira da Indústria de Produtos
para Animais de Estimação. Por
que essa ascensão?
O Brasil tem a segunda maior popu-
lação de cães do mundo e a terceira
de gatos. E ainda temos um problema
de conversão calórica, que é a divisão
entre a tonelagem de ração produzida
e a população de animais: 65% dos
cães e 35% dos gatos não comem ali-
mentos industrializados no país. Isso
dá uma boa margem para crescer.

Isso é bom para a Royal Canin?
Não é o mais importante. Os consu-
midores da marca já compreendem

que o animal, com um alimento de
qualidade, vive mais e melhor. Para
nós, o que ajuda é a importância dos
animais de estimação para as pes-
soas – eles são parte da família. E
você quer sempre oferecer o melhor
para a sua família. Temos essa ex-
celência porque somos uma empre-
sa de nutrientes e queremos encon-
trar o balanço nutricional ideal para
cada tipo de animal. Chegamos no
nível do aminoácido, da vitamina,
do antioxidante.

Sua carreira contou com 13 anos
na Pepsico. Por que saiu de lá?
Foi uma decisão pessoal. Achei que
já tinha esgotado o ciclo de aprendi-

zado lá dentro, e surgiu o convite da
Royal Canin. Noto, hoje, que há uma
diferença essencial entre as duas
empresas. A Mars consegue ter um
equilíbrio muito bom entre o curto
e o longo prazo, entre o tático-ope-
racional e o estratégico. É algo difí-
cil de alcançar, mas, quando você
consegue, navega muito bem. E uma
das coisas em que somos diferentes
da maioria das empresas é que pes-
soas e negócios têm o mesmo peso


  • e, em alguns momentos, gente tem
    um peso relativo até maior.


Você é o primeiro brasileiro a
assumir a presidência da empresa.
Como é a sua relação com os
franceses da Royal Canin e os
americanos da Mars?
Em 25 anos da companhia no país,
sou apenas o terceiro presidente. Os
franceses e americanos não são tão
diferentes assim. Acho que isso acon-
tece porque o processo decisório e a
cultura são muito alinhadas aos va-
lores da Mars. Quando a família Mars
comprou a Royal Canin, que antes
recebia investimentos do banco BNP
Paribas, fez uma integração de cul-
tura, e todos trabalhamos de acordo
com cinco princípios: qualidade, efi-
ciência, responsabilidade, liberdade
e mutualidade. Isso facilita a tomada
de decisão de todo mundo.

Se pudesse dar um conselho para
você mesmo quando estava
entrando no mercado de trabalho,
qual seria?
Primeiro, que formação acadêmica
é importante, sim. Segundo, que é
preciso encontrar rapidamente qual
é o seu dom, a sua vocação. Porque,
se o seu trabalho está alinhado a
isso, a possibilidade de você ser feliz
é muito maior. E, terceiro, que é im-
portantíssimo planejar a sua carrei-
ra: ter objetivos concretos e audacio-
sos não é nem um pouco ruim, eles
ajudam no seu crescimento.

Na contramão


da crise


Vladmir Maganhoto, presidente da Royal Canin, fabricante
de alimentos premium para animais, está à frente de uma
companhia que continua em crescimento

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