ESPECIAL
46 | AGOSTO DE 2016 | VOCÊ S/A
D
e senvolver um
aplicativo de su-
cesso, abrir uma
startup, criar um
modelo de negó-
cios revolucioná-
rio, ser o próprio
chefe: qual universitário nunca pen-
sou nessas possibilidades de carrei-
ra? No Brasil, muitos têm essa von-
tade, de acordo com o estudo Global
Entrepreneurship Monitor (GEM),
em 2015. A pesquisa revelou que
34% dos brasileiros gostariam de
empreender e que 52% dos empre-
endedores têm entre 25 e 34 anos.
Sonhar, é claro, não faz mal. E, nes-
ses casos, pode ser até algo funda-
mental. “Ter um grande sonho ajuda
a manter o foco naquilo que real-
mente é importante e a superar os
pequenos obstáculos que apareçam
pelo caminho”, diz Pablo Ribeiro,
diretor de pesquisa e mobilização
da Endeavor, empresa de aconse-
lhamento a empreendedores, de São
Paulo. “Em sua maioria, o empreen-
dedor jovem não tem a experiência e
o dinheiro, então fi ca difícil confi ar
nele se não for apaixonado pela sua
ideia”, diz Alexandre Pellaes, fun-
dador da consultoria Exboss e es-
pecialista em gestão, de São Paulo.
Claro que apenas o sonho e o en-
tusiasmo não levam você a lugar
nenhum. É preciso estar disposto
a desenvolver algumas competên-
cias para ter um futuro longo no
empreendedorismo. Quem apren-
deu isso foi Rodrigo Salvador, de
26 anos, fundador do Passei Dire-
to, uma plataforma online utilizada
por universitários para compartilhar
informações, pesquisas e exercícios
sobre diversas áreas de estudo. Ca-
rioca, Rodrigo teve a ideia de criar o
negócio quando estava com apenas
17 anos porque sentia que faltava
um meio para se comunicar com
outros estudantes de forma mais
efi ciente e rápida. Durante cinco
anos, entre 2007 e 2011, tentou fazer
com que o empreendimento saísse
do papel. Foi um período atribulado,
pois ele conciliava a faculdade de
publicidade na Estácio com a de ad-
ministração na PUC-Rio e buscava
empresas que o ajudassem a desen-
volver a tecnologia da Passei Direto
- chegou a pagar duas consultorias
para fazer esse serviço, mas o re-
sultado estava longe do almejado.
“Em alguns dias, tudo dava errado.
Eu fi cava quase neurótico, mas não
podia desistir de seguir meu sonho”,
afi rma Rodrigo. As coisas começa-
ram a melhorar em 2012, quando ele
conheceu seu atual sócio, André Si-
mões. Formado em engenharia da
computação, André trabalhava no
Grupo Xangô, holding que ajuda a
desenvolver startups de tecnologia
e que, por sorte, se interessou pelo
projeto assim que André pediu de-
missão e avisou que iria se tornar
empreendedor. O site, então, come-
çou a deslanchar. Hoje, a plataforma
tem mais de 6 milhões de usuários
em todo o país. “Empreender não
é fácil. É algo trabalhoso e, muitas
vezes, bastante solitário. Mas acho
gratifi cante ter autonomia para de-
terminar as regras e o funcionamen-
to da minha empresa”, diz Rodrigo.
Abrir uma empresa logo depois da formatura é um grande desafio.
Os jovens precisam estar atentos a algumas competências para fazer
com que essa aventura dê certo
O PRIMEIRO NEGÓCIO
“TER UM GRANDE SONHO
AJUDA A MANTER O
FOCO NAQUILO QUE É
IMPORTANTE E A SUPERAR
OS PEQUENOS OBSTÁCULOS
QUE APAREÇAM PELO
CAMINHO”
Pablo Ribeiro, diretor de pesquisa
e mobilização da Endeavor
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