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setembro 2016^77
Placar: onde você começou sua carreira?
Jefinho: Em Barbalho, na Bahia.
Placar: Qual foi a primeira competição que você jogou? lembra?
Jefinho: A primeira competição foi no Rio de Janeiro, aos 14 anos,
quando fui eleito a revelação. Os olheiros da seleção brasileira me
disseram que eu tinha potencial, que poderia chegar à seleção. Em
2004, houve uma competição antes das Paralimpíadas de Atenas e
eu fui chamado para conhecer e conviver com os outros jogadores,
me preparando para a seleção. Infelizmente depois, por problemas
com o meu time na Bahia, fiquei dois anos sem jogar. Voltei em
- Disputei o regional Nordeste, fui artilheiro e eleito o melhor
jogador. Então fui convocado para o Mundial da Argentina. A pri-
meira convocação para valer.
Placar: Em qual posição você joga melhor?
Jefinho: Sou ala direito, essa é a minha posição.
Placar: De 2006 até hoje, o brasil só não venceu uma competição de todas
as que participou, exatamente o mundial de 2006.
Jefinho: Sim, essa foi a última competição que perdemos. En-
tretanto perdemos partidas, mas não perdemos nenhum título
desde então; somos bons (rsss).
Placar: Foi quando o Jefinho entrou que o time mudou de patamar?
Jefinho: Apenas uma boa coincidência. Graças a Deus fui
pé-quente.
Placar: mesmo não enxergando, você tem muito talento com a bola, como
define isso?
Jefinho: Um dom de Deus mesmo.
Placar: Imaginava isso tudo, essa supercarreira?
Jefinho: Quando comecei não imaginava que iria chegar à seleção
brasileira, que fosse conquistar vários títulos. No início as pessoas
diziam para eu confiar mais em mim, acreditar no meu potencial. E
cheguei...
Placar: o que fez para chegar?
Jefinho: Cheguei de uma forma natural, acredito que para ter um
bom rendimento, tem que trabalhar bastante, treinar muito. Se dedi-
car. Graças a Deus eu posso jogar futebol, algo que sempre quis fa-
zer. Mesmo sem saber que existia o futebol de 5, eu queria jogar.
Quando o conheci, vi logo uma oportunidade, realizar um sonho que
eu nem sabia que sonhava. Sou um atleta realizado.
Placar: Você joga com muita objetividade, em direção ao gol, essa é a sua
grande virtude, seu diferencial. como desenvolveu essa característica?
Jefinho: Sempre foi meu jeito, isso é natural em mim. Uso a veloci-
dade, não sou muito de driblar, sempre vou em direção ao gol de
modo natural, instintivo. Prefiro tentar fazer o gol do que driblar; se
enxergasse, me imagino também jogando desse modo.
Placar: Explique quais são as três pessoas que orientam os jogadores em
quadra e também comente o fato do goleiro enxergar...
Jefinho: O fato de o goleiro ver ajudou e ajuda; antes o goleiro era
de classificação B2, que enxerga pouco. Depois que foi incluído o go-
leiro que enxerga normalmente, ele ajuda na orientação da defesa,
Jefinho
nasceu
com
glaucoma
congênito
A criança que nasce com a
doença, herdada da mãe
durante a gravidez,
geralmente apresenta
sintomas característicos,
como olhos embaçados,
sensibilidade à luz,
lacrimejamento excessivo,
globo ocular aumentado e
córnea grande e opaca. O
pediatra pode fazer esse
diagnóstico. Essas
alterações são decorrentes
do aumento da pressão
intraocular, que pode
acontecer já durante
a gestação
Também no futebol
de 5, Brasil e
Argentina são
grandes rivais
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