78 PLACAR.COM.BRsetembro 2016
ele é um dos orientadores, dinamiza a partida.
PLACAR: Ele orienta um terço da quadra?
J
: Exatamente. O treinador orienta a área intermediária
um terço entre a defesa e o ataque, normalmente as jogadas come-
çam nessa área. A orientação mais importante é do chamador ou
guia. Ele é quem orienta o ataque, nos dá uma noção da postura da
defesa adversária, como eles estão jogando, avisando: “Tem um na
marcação, tem dois”. Dessa maneira você sabe o que fazer, se passa
a bola, tenta o drible ou chuta a gol. O chamador dá uma visão clara
para nós, que somos cegos. Ele contribui muito para que possamos
fazer os gols.
PLACAR: O goleiro adversário orientando a sua defesa também ajuda vocês, os
atacantes rivais?
J
: Sim, ele, quando orienta os seus, nos dá uma indicação
da sua posição, para tentarmos tirar a bola de seu alcance.
PLACAR: O chamador fala a posição do goleiro?
J
: Pode falar o que ele quiser, se houver tempo, ele pode di-
zer: “Chuta em cima, chuta embaixo etc.”.
PLACAR: Existe a entrada maldosa no futebol de 5?
J
: Existe, claro que existe, mas acontece poucas vezes. Al-
guns jogadores cometem uma ou outra jogada mais maldosa, mas
considero o futebol de 5 muito leal. Nós respeitamos mais os adver-
sários, procuramos jogar, é para isso que entramos na quadra.
PRINCIPAIS RESULTADOS NA CARREIRA
Jogos Paralímpicos
Local - Ano Torneio Medalha
Pequim (China) – 2008 Equipes Ouro
Londres (Grã-Bretanha) – 2012 Equipes Ouro
Mundiais
Local - Ano Torneio Medalha
Inglaterra – 2010* Equipes Ouro
Japão – 2014 Equipes Ouro
* eleito o melhor jogador do mundo em 2010.
Jogos Parapan-Americanos
Local - Ano Torneio Medalha
Rio de Janeiro (Brasil) – 2007 Equipes Ouro
Guadalajara (México) – 2011 Equipes Ouro
Toronto (Canadá) – 2015 Equipes Ouro
PLACAR: A seleção argentina ‘Los Muriciélagos’ – Os Morcegos – é a
maior adversária do Brasil?
J
: Com certeza é o nosso maior adversário. Tem
disputado conosco várias nais nos últimos anos e o Bra-
sil tem vencido. Eles jogam sempre muito duro, sem dúvi-
das possuem a melhor defesa do mundo. Para passar
pela defesa deles é muito difícil. E, como o Brasil tem o
melhor ataque do mundo, as partidas entre os dois países
são excelentes, os melhores jogos. A Argentina vem com
força total para tentar nos tirar a medalha de ouro no
Rio, mas iremos dar nosso máximo para vencê-los.
PLACAR: Como é a formação tática de uma equipe de futebol de 5?
J
: Trabalhamos com a mesma formação do fut-
sal, um xo, dois alas e um pivô, ou dois jogadores mais
atrás e dois atacantes. Treinamos bastante para saber
quando um jogador se desloca de uma posição e o outro
assume aquela posição, temos que saber a movimentação
de cada um. Trabalhamos muito a movimentação dos jogadores,
tanto na defesa como no ataque. Então o treino é muito impor-
tante para qua haja esse entrosamento em quadra.
PLACAR: Sempre foi assim ou também houve evolução tática?
J
: Evoluímos muito nisso, antigamente jogávamos xos,
cada um em sua posição. Hoje rodamos muito mais, graças ao ex-
celente trabalho que nossa comissão técnica tem realizado, a nos-
sa tática melhorou, se atualizou.
PLACAR: Como vocês se comunicam para que ocorra o passe?
J
: Basta o outro jogador pedir a bola, falando qualquer
coisa. Pela voz sabemos onde ele se encontra e tentamos passar
da melhor maneira possível. Treinamos muito o fundamento pas-
se, trabalhamos muito o passe para o pivô. Por isso esperamos
mostrar um bom futebol no Rio, agora em setembro.
PLACAR: Você vive do futebol de 5 ou se dedica a alguma outra coisa?
J
: Sim, hoje eu vivo do futebol. Sou atleta pro ssional,
treino todos os dias em dois turnos.
PLACAR: É possível?
J
: Sim. No passado isso não era possível. Felizmente
nos últimos dez anos, o esporte paralímpico evoluiu muito. Amo
jogar futebol, sou pro ssional e posso dar boas condições de
vida para a minha família.
“EXISTEM PESSOAS QUE NÃO GOSTAM DE CHAMAR UM CEGO
DE CEGO, MAS CEGO É CEGO. ELES CHAMAM O CEGO DE
DEFICIENTE VISUAL OU PESSOA PORTADORA DE
DEFICIÊNCIA. EM MINHA OPINIÃO SÃO TERMOS ESTRANHOS”
Je nho falando sobre o uso do termo ‘cego’
Recebendo a medalha
de ouro em Toronto 2015
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