Elle - Portugal (2019-03)

(Antfer) #1

Nos Estados Unidos, a jornalista Mara Altman,
autora da coleção de ensaios Gross Anatomy:
Dispatches From The Front (And Back), também
está na luta contra os padrões de beleza quando
se trata de mamas. «Os meus seios sempre foram
para outra pessoa», conta. «No secundário, queria
que eles crescessem para ser mais atraente para
os rapazes. Para os médicos, as minhas mamas
são uma das partes do meu corpo que me podem
trazer complicações. Para os meus filhos, são uma
fonte de comida. Para a moda, são um acessório».
Esta foi uma das razões pelas quais Mara tirou
o soutien e pegou na sua bicicleta, juntando-se
a centenas de outras mulheres num passeio em
topless por Nova York em 2016. «Naquele dia,
pela primeira vez, usei e mostrei partes do meu
corpo nos meus próprios termos, e por mais ne-
nhum motivo além de sentir o vento e o sol na
minha pele. Estava a expor-me a uma cidade com
oito milhões de pessoas mas senti que as minhas
mamas eram mais minhas do que nunca». Emma
Low, a artista de 28 anos que está por trás do perfil
@potyertitsawayluv, estima ter fabricado um
milhão de potes no ano passado. «O meu trabalho
nunca estará terminado», conta. «Penso que ainda
só toquei na superfície da missão de normalizar
os seios». No início, Emma fez um pote com seus
próprios seios para dar ao seu namorado, antes das
amigas começarem a pedir potes para elas. Agora,
a artista diz: «Quero que todas se sintam incluídas
no meu trabalho, e esse conceito de inclusão ainda
é bastante invulgar no mundo em que vivemos».
A sua cliente mais nova tem 18 anos e a mais
velha tem 60 e muitos anos. Low acha que já viu
todo o tipo de configurações possíveis de mamas


(incluindo a mastectomia pós-operatória), em
todas as tonalidades de pele concebíveis. Quando
o meu pote chegou e o segurei na minha mão,
foi uma sensação quase terapêutica, libertadora e
bastante emocional. Porque este pote não era um
presente erótico para outra pessoa (embora o meu
marido se tenha pronunciado sobre esse assunto),
foi para mim. Para que eu pudesse examinar os
meus seios de forma objetiva. Eles não eram as-
sustadores nem pareciam furiosos. Nem estavam
tristes ou solitários. Eles estavam apenas... ali.
Completamente e totalmente normais. A viverem
a sua vida. Muito dificilmente dignos de todas
as disputas internas que eu tinha desperdiçado
com eles ao longo dos anos.
Não sei se aquilo que sentia em relação às mi-
nhas mamas tinha sido influenciado por toda a
atenção masculina de que fui alvo na puberdade
e me fez odiar as sua existência. Talvez não tenha
nada a ver com o olhar masculino, se calhar nunca
estive destinada a ter uma ótima relação com os
meus seios. De qualquer forma, como a sociedade
começa a rejeitar a ideia de que uma mulher é a
mera soma das suas partes (e classificada de acordo
com o calibre de cada parte), penso que entrei num
processo aceitação. Às vezes coloco as mãos nas
minhas mamas e deixo-as lá. É um hábito estra-
nho que aprendi com a minha irmã mais velha,
que cobria os seus seios, de forma inconsciente,
enquanto relaxava. Ainda sinto algum medo,
seguido imediatamente por uma nova sensação
de alívio. Acho que nunca vou amar as minhas
mamas, mas estou a começar a cultivar um certo
carinho por elas. Especialmente agora que elas
estão cheias das minhas canetas favoritas. 

BELEZA


BONS
CUIDADOS
As suas maminhas
precisam de atenção
extra. Demonstre o
seu amor por elas
tratando-as com
produtos específicos,
pensados para
estimular a firmeza
e hidratação dos
tecidos mamários.

1.Creme Bust-Lift Expert, € 39,90, Lierac.2.Toalha para mamas, € 31, Ta-ta Towel
em tatowels.com. 3. Desodorizante Bust Dust, Megababe em amazon.com. 4. Máscara em tecido
Busté, € 148, Nannette de Gaspé em selfridges.com

1

2

3

4
Free download pdf