Elle - Portugal (2019-03)

(Antfer) #1
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ESTILO


começassem a soprar na empresa. E claro está, como todos
sabemos, a principal mudança foi a chegada de Alber Elbaz
à direção criativa da marca francesa.
Ainda que tenha uma longa e interessante história, se
hoje em dia os nossos ouvidos param para ouvir atentamente
o que alguém tem para dizer sobre esta maison francesa, é
graças ao designer israelita. Na altura da sua chegada, Elbaz
deparou-se com uma marca «doente», que com o passar do
tempo havia perdido grande parte da sua identidade. Mas
graças o seu trabalho extremamente perfecionista e imensa
criatividade conseguiu com que se reergue-se.
Inspirado pelo ADN da marca, peças que eram sinónimo
da Lanvin, como a saia tulipa, o vestido com uma alça mais
acentuada do que a outra, ou as silhuetas de cintura marcada
regressaram à passerelle, trazendo consigo a elegância clás-
sica a que a marca estava associava. Como resultado de tudo
isto, as suas coleções para a Maison foram um verdadeiro
sucesso. O mundo inteiro rendeu-se a este génio da moda,
e atrizes como Meryl Streep e Natalie Portman eram vistas
regularmente nas passadeiras vermelhas com peças por ele

dá-se aqui, graças ao nascimento da sua primeira e única
filha, Marguerite Marie Blanche. Isto porque, a até então
a designer de chapéus, decidiu que seria ela a responsável
por desenhar e costurar as roupas da sua filha. Em pouco
tempo, as suas clientes já não estavam só interessadas nos
seus chapéus como também em ter para os seus filhos peças
idênticas às que a pequena Marguerite usava. Na altura, a
procura foi tal que, em 1908, Jeanne Lanvin se torna então
numa marca de roupa de criança (nunca se questionou sobre
o porquê do símbolo da marca ser uma mulher de mãos dadas
como uma criança?). Mas esta mudança não foi suficiente.
Em 1909 a designer decide alargar o seu campo de negócio
e passar a criar roupa não só para os mais pequenos, como
também para as suas mães.
Aos poucos, a couturier que havia começado naquele
pequeno espaço conseguiu tornar-se num nome impor-
tante da indústria da moda parisiense e graças a isso, e por
perceber bastante do mundo empresarial, foi expandindo o
seu negócio. A prova disso é que em 1924 lança então a sua
linha de perfumes, e dois anos depois, começa a desenhar
roupa por medida para homens.
Tudo foi correndo de vento em popa, até ao ano da morte
da sua fundadora. Em 1946, com 79 anos, Jeanne Lanvin
morre deixando tudo à sua filha que, na altura, decidiu então
assumir o controlo dos negócios e da direção criativa da marca.
Infelizmente, esta fase não durou muito tempo. Primeiro,
porque logo passados quatro anos contratou Antonio Canovas
del Castillo para se responsabilizar pela direção criativa, e
segundo, porque faleceu em 1958. Como não havia deixado
descendência, é o seu primo que herda a empresa.
O ponto de viragem começa a dar-se aqui. Ainda que
tenha tentado manter o negócio inteiramente nas mãos da
família, eventualmente, Yves Lanvin e o seu filho Bernard
vêem-se obrigados a, aos poucos e poucos, irem vendendo
toda sua parte da empresa.
Durante a década de 90 foram alguns os grupos que
tomaram conta da Maison, mas como já sabemos que tudo
acabou por ir parar à mão de «estranhos» vamos fazer um fast
forward de mais ou menos dez anos (como se estivéssemos
com um comando a apontar para a box da televisão) – até
porque foram alguns os donos e acionistas da empresa neste
espaço de tempo que, para agora, nada interessam.

O DOMÍNIO E SHAW-LAN WANG
O enredo da história começa a adensar-se com a compra de
grande parte da empresa por parte de Shaw-Lan Wang, ou
Madame Wang como é popularmente chamada. A empre-
sária da indústria dos media decidiu dedicar-se ao mundo
da moda em 2001, quando se tornou sócia maioritária
da Lanvin. Como tal, fez com que os ventos de mudança

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