Loud! - PT (2020-01)

(Antfer) #1

Sim... E não nos podemos esquecer que alguns
desses mercados, como já tínhamos tocado
nas cidades principais, são aquilo que eles
designam como “farm towns” e sabendo isso,
acho que o nível de assistência foi fantástico. E
foi bom termos chegado a algumas dessas ci-
dades onde nunca tínhamos estado e a primei-
ra vez que lá tocamos ser numa arena. Por isso,
quem foi assistir acabou por ver o verdadeiro
espectáculo. Para mim, que sou fã de grandes
produções, foi um sentimento fantástico e que
acaba por ser um bom indicador do que está
para vir na digressão do próximo disco.


Já que falas nisso, já sabemos que esta é a
última digressão com o Cardinal Copia – pelo
menos com esta designação. Sabendo que
não podes revelar muito sobre o futuro, há pos-
sibilidade do Cardeal ser promovido a Papa?
A hipótese está lá... Claro!


No último vídeo que lançaram [para o tema
«Kiss The Go-Goat»] parece que há um pas-
sado entre o Papa Nihil e a Sister Imperator,
e a ideia com que se fica é que o Cardinal
Copia podia ser filho dos dois. É uma possi-
bilidade ou estamos a atirar para fora de pé?


Certo...certo... Potencialmente! Isso já foi há
algum tempo e ele parece ter a idade certa...
por isso, tecnicamente, sim!

Andam à procura um produtor, isso é sinal
que poderão mudar um pouco o som no pró-
ximo trabalho?
Não diria mudar, mas mais aperfeiçoar. Sem-
pre que faço um álbum, quero fazê-lo melhor
e diferente que o anterior. Em relação ao
som, acho que vamos estar num lugar mui-
to similar. Os Ghost têm um som próprio...
Acho que em algumas gravações acertámos
na mouche e noutras nem por isso. Acho que
o álbum que soa menos àquilo que sempre
idealizei para a banda é o primeiro [«Opus
Eponymous»] porque foi feito em circunstân-
cias difentes, sem ter tempo para amadure-
cer. Foi feito de forma muito barata... Não foi
muito profissional. Apesar de gostar muito
do disco, é o mais o longínquo possível da-
quilo que eu gostava que fosse.

Agora que têm mais elementos em palco,
logicamente que dá para se aventurarem
um pouco mais a nível de som. No novo tra-
balho pretendes seguir uma onda um pouco
mais épica ou manter as raízes rock?
Nem por isso... Talvez as duas. Às vezes só
me apetece escrever canções numa onda de
rock mais tradicional e menos complicadas a
nível de som. Enquanto há outras músicas que
são mais exigentes a nível de arranjos. A for-
mação que temos actualmente está mais em
linha com o que tinha em mente desde o iní-
cio. Porque queria que fosse uma banda gran-
de a nível de números, ou seja, de pessoas
que tocam em palco, mas no início não tinha
meios financeiros para tal. Agora que tenho, o
que quero fazer com eles é um novo disco, já
que sei que temos uma banda estável. Ironica-
mente esta é a primeira vez que começamos e
acabamos uma digressão com a mesma for-
mação. Isso nunca aconteceu em nenhuma
das outras digressões! Havia sempre gente a
sair e a entrar. Agora que temos esta formação
sólida e talentosa, sei que há coisas com que
posso contar. Tenho um baterista muito ta-
lentoso, um excelente baixista, um guitarrista
excelente... Todos eles são incríveis. Isso quer
dizer que sinto a necessidade de ter que subir
o nível de qualidade no próximo álbum. Talvez
devesse fazer coisas mais complicadas, nada
de coisas “super prog” e super complicadas
musicalmente, mas músicas onde todos pos-
sam brilhar um pouco mais.

Quando há músicos perfeccionistas, há
tendência para haver colisões a nível de
criatividade, Por exemplo, se tocas com um
guitarrista muito talentoso, ele se calhar vai
querer ter uma palavra a dizer. Mas para ti é
mais importante ter um line up estável com
músicos talentosos?

Vou-te dar uma resposta muito fluída que
é: sim, quando resulta. Se resulta, acho que
tens de ficar com a tua equipa. Mas uma coi-
sa é a banda, porque depois tens o pessoal
de serviço, o management... Mas acho que é
de valor ficarem todos juntos. Na prática, é
como estar casado. É bom se ficares casado
para sempre e se conseguires que as coisas
resultem. As recompensas são maiores com
o passar do tempo.

Quem quer ser miserável num casamento...
Claro! Mas tens que admitir que há dinâmicas
e aceitar que as coisas são orgânicas. E se
não resultar, há um limite para tentares que
resulte... não se deve forçar. Esse é um dos
problemas para as bandas convencionais
onde todos são parceiros e nessas alturas
são forçados a trabalhar juntos. Quando che-
gas aos 30 ou 40 anos de idade, se calhar já
não tens muito em comum com essas pes-
soas que conheceste quando tinhas vinte
anos. As pessoas mudam, as necessidades
mudam. Para mim, e como não temos essa
parceria na banda e nunca tivemos, sempre
assumi que esta era a minha ideia. Este é o
meu barco. Esta é a minha fantasia, ou seja
lá que ideia for que eu imponho e que será a
direção. Por isso, sempre estive aberto à ideia
de que as pessoas podem querer fazer outras
coisas. Há pessoas que se sentem confortá-
veis em seguir-me, outras não se importam
durante algum tempo e depois querem fazer
outra coisa. Mas isso é natural. Para já, a ban-
da está muito satisfeita e trabalhamos muito
bem em conjunto. São todos bons naquilo que
fazem. Todos se entendem muito bem. Seria
um bom bónus se conseguíssemos fazer a di-
gressão do próximo disco todos juntos.

Qual é então a timeline para o próximo álbum?
Na minha mente está muito bem assente. Já
bloqueámos o ano de 2020, e com a excep-
ção do concerto que vamos dar na cidade do
México, não vamos anunciar nenhum festival
nem mais nenhum concerto. Vou estar em
estúdio ou em vários estúdios entre Janeiro
e Maio a escrever o disco ou a fazer pré pro-
dução, depende da forma como vêem o pro-
cesso. A ideia é começar a gravar no dia 1 de
Junho e, normalmente, demora cerca de três
meses. Por isso, devemos estar terminados
já com misturas e masterização em Setem-
bro. E, pela primeira vez, queremos ter tempo
para fazer vídeos, tempo para “e se precisar-
mos de mais canções” ou “e se precisarmos
de remisturar o disco”, porque normalmente
é isso que acontece. Todas as gravações
de discos, incluindo o «Opus Eponymous»,
foram stressantes. Todos os lançamentos
foram stressantes. Nós vamos querer lançar
o disco em Fevereiro de 2021 para ter tempo
para tudo, e para estarmos preparados para
a digressão em Março de 2021.

“Quando chegas aos 30 ou 40 anos


de idade, se calhar já não tens muito


em comum com essas pessoas que


conheceste quando tinhas vinte.”

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