Loud! - PT (2020-01)

(Antfer) #1

MY MASTER


THE SUN


«1000 Ogivas De Fel


Cairão Sobre Ti»


[RAGINGPLANET]


Apropriadamente intitulado dado o
peso das composições e a bílis vo-
ciferada nas mesmas, «1000 Ogivas
De Fel Cairão Sobre Ti» é o disco mais
personalizado que os My Master The Sun já assinaram. É com ele
que o quarteto transcende as influências que lhe conheçemos. O
sludge continua presente, mas é sobretudo um ponto de apoio
para os rancorosos temas. Estes continuam pesados, lentos,
mas descrevê-los como doom obscurece a natureza rockeira dos
mesmos. Já o departamento vocal força-nos a invocar os Mão
Morta, outro vector que apenas nos informa de uma direcção ge-
ral, não de um destino. Porque na sua totalidade, «1000 Ogivas De
Fel Cairão Sobre Ti» é diferenciado ao ponto de nos forçar a dizer
que soa simplesmente a My Master The Sun e que estes são dos
mais importantes nomes a surgir no rock pesado português na
última década. [L.P.]


MIDNIGHT


PRIEST


«Aggressive Hauntings»


[METAL ON METAL]


Já há muito que se havia percebido
que os Midnight Priest são dedicados
apóstolos do evangelho do heavy
metal segundo profetas como Judas
Priest ou Mercyful Fate. Ao fim de
uma década de actividade, fica agora acertezaque se trata de
malta que não só venera a vertente clássica do género, como a
domina como poucos. Prova disso mesmo, «Aggressive Hauntin-
gs» apresenta a banda como uma oleadíssima máquina que, au-
mentando a agressão das composições, aprimora os processos
delineados em «Midnight Steel». Os Midnight Priest não estão
claramente interessados em reinventar a roda. Perante malhões
como «Holy Flesh» ou a Mercyful Fatezada do tema-título, quem
somos nós para nos queixar? [L.P.]


VOËMMR


«O ovnh intot adr


mordrb»


[HARVEST OF DEATH]


Cru, atmosférico e abrasivo, necro até
ao osso – portanto, tudo aquilo que o
black metal devia ser sempre. Parte
inerente do Aldebaran Circle, das mais
profícuas congregações de talento do
movimento a nível internacional, os VOËMMRsão,muitoprovavel-
mente, uma das propostas mais revolucionárias e herméticas que
a cena pariu nos últimos tempos. Depois de um «Nox Maledictvs»
muitíssimo promissor, editado em 2017, este grupo, que reúne
gente envolvida numa imensidão de outros projectos de valor com
créditos bem firmados na cena underground black metal lusitana,
voltou então à carga com um segundo longa-duração. O impronun-
ciável «O ovnh intot adr mordrb» parte exactamente do ponto em
que nos tinham deixado com a maqueta «Sombr Moebrd» e o split
LP com Sanguine Relic de 2018, submergindo o ouvinte numa cria-
ção verdadeiramente demoníaca, ritualista e com espaço para a
improvisação, por parte de um grupo de músicos apostados em
recuperar as raízes do verdadeiro black metal. Discutir aqui o que
é ou não “verdadeiro” dava pano para mangas, na verdade é uma
conversa tão gasta que já nem nos apetece tê-la, o que importa
mesmo reter é que os VOËMMR fizeram um dos álbuns mais as-
sustadores e opressivos do ano. [J.M.R.]


ALCOHOLOCAUST
«Necro Apocalipse
Bestial»
[HELLDPROD]

Há quinze anos a lavrar o underground,
os Alcoholocaust só agora consegui-
ram fazer uma pausa e dedicar-se à
gravação do seu primeiro longa-dura-
ção, uma materialização do que bem
poderia ser um manifesto anti-poser,
«Necro Apocalipse Bestial» é composto por dez temas sem papas
na língua, directamente do fundo do poço para os nossos ouvidos.
É speed, heavy, é rock’n’roll, é o que quer que lhe queiram chamar,
como devia ser feito: simples e eficaz, honesto e directo, rápido e
com alma própria. Uma autêntica chapada a muito do que se tem
feito por ai, tanto cá dentro como lá fora. [M.L.]

SEREIAS
«O País A Arder»
[LOVERS & LOLLYPOPS]

Já conhecíamos o projecto de nome
e dos relatos vindos da cidade invicta.
Dizem que aconteceram actuações
explosivas deste colectivo do Porto
que deixaram muita gente de queixo
no chão. Pois bem, o disco está cá
fora e comprova-se o hype. O que temosaquié purofreenoise
rock, reforçado por uma linha de saxofone e electrónica bem áci-
da e com letras que apontam o dedo aos podres da nossa so-
ciedade, sem dó nem piedade, como muitas bandas punk não o
conseguem fazer. Os Sereias são uma banda que volta a meter o
perigo no underground, e isso já fazia muita falta. [P.R.]

SCUM LIQUOR
«Midnight Pleasures»
[MIASMA OF BRUTALITY]

Que se lixem todas as normas, os bem-
-dizeres, os bem-estares e toda a preo-
cupação para com o próximo. O preten-
siosismo não tem lugar aqui. O que tem
lugar é uma mixórdia de rock n’roll, com
punk e metal numa javardeira que soa
surpreendentemente bem tocada. Mes-
tres da podridão e ainda assim donos de uma solidez e profissiona-
lismo de fazer inveja ao mais sóbrio, os Scum Liquor mantêm uma
seriedade que talvez não seja evidente à primeira: apesar de tudo,
acreditam piamente naquilo que idealizaram. Numa combinação de
mau gosto e falhadismo conjunto deitaram cá para fora um álbum
cuja colocação em tops vários nunca deverá ser entrave à sua audi-
ção – o degredo é, em certos casos,o caminho mais acertado. [M.L.]

DECAYED
«The Oath
Of Heathen Blood»
[LUSITANIAN]

À beira das três décadas de existência,
os lisboetas Decayed, nome incontor-
nável do nosso underground, oferecem
ao seu 13.º longa-duração um disco
que incorpora perfeitamente o black
metal mais puro, sem grandes artifícios ou experimentalismos,
como tem sido de resto o trajecto da banda. Aqui há espaço para
as várias vertentes do black tradicional, seja a mais ritmada e crua
de «The Breader Chronicles», na rapidez de «Torn By Lions», ou na
atmosfera de «The Cronos Device», «The Oath Of Heathen Blood»
revela-se um compêndio perfeito do estilo. [E.F.]

LOUD!LOUD! 1717

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