Loud! - PT (2020-01)

(Antfer) #1
Asredessociaislevammuitaspessoasà
depressão,a pressãoqueexisteemterlikes
e coisasdogénerotorna-seassustadora.
E quandotedeixasdepreocuparcomisso,
acabasporencontrarmaispessoasquepen-
samcomotue quegostamdasmesmascoi-
sasdequegostas.Coma nossamúsica...A
coisaquemaisgostoé quenuncaninguém
nosdissequenóssoávamosiguaisa outra
banda.Ninguém!Esseé o maiorelogioque
mepodemfazer,amimeànossabanda.
Façam a vossa arte, sejam vocês própriose
mesmoquenãosejamartistasfaçamo que
gostamdefazer.Eu,porexemplo,soumuito
dedicadoaocancropediátricoe aocancro
infantil,e gostodeajudar.Seconseguiran-
gariarcemmildólaresparaessacausa–e
foialgoquepensoqueconseguimesmonos
últimosdois anos – é sinal que fiz alguma
coisa.Háumhospitalinfantil–o St.Jude’s


  • que fica na minha cidade natal e que cus-
    tadoismilhõesdedólaresparasergerido,e
    seeupoderajudar,vouajudar.E nãoquero
    saberseháalguémqueestáchateadopor
    eunãocolocarfotossobreo meuestilode
    vidarock’n’rollnaestradaouquantoscarros
    tenho,estou-meperfeitamentea borrifarpara
    isso.Souumapessoaabsolutamentenormal
    foradestemundodamúsica.Jásoupai,e
    nãomeinteressaminimamentesealguém
    pensaquedevaserumaestreladerock.Eu
    soueupróprio.Hámuitaspessoasquegos-
    tam,e hámuitasquenãogostam.


Masé nestasalturasquepercebesquando
háhonestidadenas pessoas,ounão.São
poucosos ditos “influencers”que fazem al-
gumacoisaparaajudaroutrascausas...
Sim,háalguns,masmuitopoucos.Mesmo

essesquefazemalgumacoisa,nãovãofalar
sobreissoe continuammaispreocupados
em colocar fotosdabarrigalisa.[risos]E
háuminteresse comercial,porquenoIns-
tagramaspessoasqueremé vender-se.Há
muitoempreendimentonasredessociaise
umadasgrandesmodasagoraé fazerper-
guntasoucitaralguém...Sócolocofotosdos
bastidoresquandoestounaestradae quan-
do estou em casa coloco fotos dos meus fi-
lhos.Nãotenhoumavidamuitointeressante!
Naprática,naestradaé acordar,autocarro,
hotele bastidores.Apartedetocaraovivo
é queé verdadeiramenteinteressante,e não
trocariaissoporquasenadaa nãosera mi-
nhafamília.Umdosproblemasdobullying
onlineé quesefazesalgodequegostase
estáscontente comisso,as pessoas não
gostam!Talvezosteusfãsgostem,mashá
certamentealgumas pessoasqueestãoa
torcerparaqueascoisascorrammal!Eunão
souassim,claroquehábandase pessoas
dequenãogosto,masnãovouvilipendiá-las
publicamente.Queroquetodaspessoasnes-
temundodamúsicaganhem.

Que filme foram ver?
Vimos o «Knives Out». É muito bom e reco-
mendo. Se calhar podíamos fazer um pod-
cast sobre cinema agora e falar sobre filmes...


Já que és grande fã de cinema, qual foi o
filme que te causou mais impacto este ano?
Este ano? Oh man... [pausa] O «Joker» foi fe-
nomenal. Possivelmente foi esse o melhor
filme que vi este ano. Mas não sei se é um
filme que é suposto causar impacto em ti. Tal-
vez socialmente, na forma como trato outras
pessoas... Mas sabes, vi uma catrefada de fil-
mes este ano e não consigo pensar. Quando
as pessoas me perguntam, por exemplo, qual
foi a coisa mais embaraçosa que me aconte-
ceu, eu nunca me lembro. Se calhar tenho de
começar a escrever estas coisas. Eu, o nosso
segurança e o nosso responsável do mer-
chandise somos os fãs de cinema e costuma-
mos ir juntos ver filmes. O «Knives Out», que
vimos ontem, também é um filme muito bom!


Voltando aos Shinedown e ao vosso mais
recente disco de estúdio, «Attention Atten-


tion» que foi lançado há mais de um ano,
como vês este trabalho?
Continuo a achar que é o nosso melhor dis-
co! Não sei se isso alguma vez vai mudar,
mas na altura em que o fizemos, e falo do
aspecto mental e do tempo que demorámos
a gravá-lo, acabou ser triunfal para nós, por-
que fizemos tudo sozinhos. Sem produtores
exteriores, foi literalmente apenas a banda
numa sala a fazer o disco com o Eric [Bass,
baixista] a produzi-lo. Por isso acho que foi
triunfal nesse aspecto. Quando ouvimos uma
banda dizer que vai auto-produzir o disco fi-
cam sempre aquelas dúvidas, e acho que nós
fizemos um excelente trabalho. Acho que as
pessoas não sabiam o quão bom produtor o
Eric é, e agora já sabem! [risos] Ele tem um
estúdio – e bem sei que nesta altura qualquer
pessoa pode ter um estúdio em casa –, mas
o Eric tem mesmo um estúdio a sério, onde
há outras pessoas que vão lá gravar. Ele é
produtor há mais de vinte anos, e era algo
que sabíamos que era capaz de fazer. A ideia
nem era ser ele a misturar o disco, havia outra
pessoa para isso, mas acabou por acontecer
assim. Acho que estava escrito que o Eric ti-
nha de produzir e misturar este trabalho e foi
isso que acabou por acontecer.

Acaba por ser um disco conceptual. Foi
algo que sabiam desde o início que iam fa-
zer ou foi um conceito que se desenvolveu
durante o processo de composição?
Nós fazemos os discos de duas maneiras...
enfim, de uma maneira, mas que acaba por
ser sempre diferente. Primeiro há o proces-
so de composição e depois o processo de
gravação. Nunca compomos e gravamos ao
mesmo tempo, apesar de isso ter aconteci-

do um pouco desta vez. Apercebemo-nos aí
a um quarto do processo de escrita, quando
já tínhamos o tema «Get Up», e também os
temas «Monsters» e «Black Soul». A «Get Up»
obviamente é sobre o Eric, a sua depressão
e sobre aquilo que ele passa todos os dias


  • sempre fomos brutalmente honestos no
    passado, e como o Eric diz, nós nunca escre-
    vemos uma música sobre outras pessoas.
    Mas quando escrevemos esse tema ques-
    tionámos se não seria demasiado honesta.
    Percebes? Será que esta música não expõe
    o Eric em demasia? Será que é algo de que
    ele quer falar publicamente? Soube bem fa-
    zê-lo, mas depois de a escrevermos aperce-
    bemo-nos que havia um tema geral. Depois
    de juntarmos tudo, percebemos que era um
    disco conceptual. A ideia inicial não era es-
    crever uma espécie de «The Dark Side Of The
    Moon», apenas olhámos para as canções
    que tínhamos e percebemos que tínhamos
    um disco conceptual em mãos. Depois tal-
    vez tenhamos escrito um pouco mais à volta
    disso, mas já tínhamos seis canções que sa-
    bíamos que iam dar nesse conceito.


“Só coloco fotos dos bastidores quando estou na estrada


e quando estou em casa coloco fotos dos meus filhos.


Não tenho uma vida muito interessante!”

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