Loud! - PT (2020-01)

(Antfer) #1
novo,porqueissonãomefazsentidone-
nhum.Muitaspessoasdizemquesoude-
masiadoprolífico,mas sinceramente,que
maisé queé supostoeufazercomuma
banda? Ainda considero os Haunt uma
espéciedeprojectoa solo,faço100%da
escrita,àexcepçãodoJohn[Tucker,gui-
tarrista],quevemgravare eunãolhedigo
o quetocarnossolosdele,porqueissoé
ridículo.Maso restodamúsicaé algoque
fica feito sem discussões,não tenho que
ouviropiniõesnemfeedback, e ascoisas
acontecem.

Nãoachasqueessasdiscussõestambém
poderiamser benéficas,mesmoque atra-
sassemo processo?
Às vezes tenho bandas nomeu estúdio
que têmdiscussões enormes e grandes
debatesenquantoestãoa tentargravar,e
dousemprecomigoalisentadoa pensar
que,notempoemquevocêsjáestiveram

a discutire a tentarperceberestaspartes,
eujátinhaterminadoumacançãointeira.É
assimqueeuvejoa posturadeestarnum
projectoa solo,em vezde numabanda
completa,e achoquehámuitomaisgen-
tecomoeunometalhojeemdia.Nãosei
bemporquê.

Resumindo– não vais abrandarsignificati-
vamentenostemposmaispróximos?
Sintoquenamúsica tensquealimentar
a tuacriatividade,e issoé o queestoua
fazer.Seiqueestoua afogartodaa gen-
tecomosmeusálbuns,maseuseilá,se
calhardaquia cincoanosacaba.OsBeast-
makeracabaram,porquechegaramaoseu
finallógico.Nuncasesabeoqueacontece
nofuturo,masesperoqueosHaunt du-
remmuitomaisqueisso.Naverdade,co-
meceiestabandaparaescrevero queme
apetecesse,porquea cenadodoom,onde
estavainseridocomosBeastmaker,mes-
mosendointeressantíssima,é umbocado
exclusiva.A maiorpartedaspessoasnem
ouveoutrosestilos.Eunãoencaixonada
nessadescriçãoporquegostodemúsica
a mais,e jánaalturaandavaa brincarcom
vários elementos queestavam longede
serdoom.

Que balançofazes deste percursocom os
Hauntatéagora?
Temsidoumaviagemmuitoestranha,para
dizera verdade.Nãotemsido,pelomenos,
o queeuteriaesperado,mastemsidomui-
tointeressante, já aconteceumuita coisa.
Aprendique,emqualqueraltura, devemos
fazero quequeremos,aquiloquesentimos,
e nãodeixarqueninguémnosdicteregras
parao queestamosa fazer.Torna-senuma
vidainteressante.

demorar mais, quer dizer, no
próximo álbum que eu for lan-
çar, se calhar vai-me atrasar
um mês. Não é assim tanto.
Ainda consigo fazer muita coisa.
Tenho trabalhado muito ultima-
mente, e tudo está a correr bem.
Já não consigo ter a análise ob-
sessiva que costumava ter – em
tempos, podia estar sentado no
estúdio das cinco da tarde às duas
da manhã, só a obcecar à volta de
qualquer coisa, mas esses dias já
lá vão. Agora é das cinco às nove e
meia, e estou pronto para ir para a
cama! [risos]

E continuas a não saber dizer não a no-
vos desafios, não é?
Pois, continuam sempre a acontecer
coisas. Estou a trabalhar agora num
projecto novo com estes tipos de L.A.,

os Sabre, estou a ajudá-los e os Haunt
vão fazer um split 7” com eles, que vou
editar na minha Church Recordings. Eles
estavam com dificuldade em arranjar um
baterista, mas têm canções fantásticas


  • vieram aqui ao estúdio gravar umas
    demos há uns meses, e tinham um tema
    em particular que me bateu fundo mes-
    mo, dei comigo a ficar com ele na cabeça
    dias e dias. Então, propus-lhes – deixem-
    -me meter aí uma bateria a sério, editar a
    coisa como um split, e isso vai ajudar-vos
    a descobrir um bom baterista que esteja
    interessado. Portanto para já sou eu o
    baterista deles, o que é uma maluquice.
    Mais um projecto...


Quem olhar para os anos de lançamento
dos três discos dos Haunt, parece que até
foram espaçados de forma quase normal,
2018, 2019 e 2020. Mas se se vir os me-
ses, percebe-se que entre o «Burst Into Fla-
me» e o novo «Mind Freeze» dista pouco
mais de ano e meio...
Fiz tudo de forma definitivamente estraté-
gica! [risos] Porque podia sem dúvida ter
editado todos esses discos mais cedo do
que o que fiz. O «Mind Freeze», por exem-
plo, acabei de o escrever no princípio de


  1. Estava pronto em Fevereiro, mas
    tínhamos um bocadinho de tempo, por
    isso passei-o a trabalhar noutras coisas.
    Trabalhei com os Hysteria, aquela banda
    com os tipos dos Hell Fire. Fizemos um
    álbum, lançámo-lo, e obviamente também
    estive sempre a criar novo material para
    os Haunt.


Não consegues parar de criar material novo,
nem nestas alturas mais complicadas?
Nunca vou parar de trabalhar em material

Já estava aqui a pergunta da paternidade
engatilhada para mais tarde, mas uma vez
que esta nossa conversa se atrasou porque
tiveste que estar com o miúdo mais um bo-
cadinho, começamos já por aqui. Será que o
facto de teres sido pai te vai fazer abrandar
um bocadinho que seja o teu ritmo de lan-
çamentos?
E nem foi de propósito, estava com o puto
no sofá, e como estou um bocado can-
sado, acabei por relaxar, ficar um bocado
zoned out, e a hora escapou-se. Desculpa
lá! [risos] Mas sim, respondendo à pergun-
ta, a verdade é que sim, esta situação me
afectou, em termos daquilo que consigo
fazer, o que é algo que eu sabia que iria
acontecer, diga-se. Não parei de compor
e não parei de trabalhar, mas poderá de-
morar um pouco mais para lançar discos
a partir de agora. Só que quando eu digo


“Nunca vou parar de trabalhar em


material novo, porque isso não me


faz sentido nenhum.”

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