Loud! - PT (2020-01)

(Antfer) #1

Sendo norte-americanos, claro que toda a
vaga de assassinatos em série que ocorrem
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tras. Como vês essa situação?
É terrível. Não creio que seja 100% um proble-
ma de armas, tem a ver com o que passa na
cabeça das pessoas, na quantidade de doen-
ças e problemas mentais. Mais que o contro-
lo de armas, passa pela saúde das pessoas.
-WWSMRƥYIRGMSYYQHSWXIQEWHSHMWGS


Não passa também pelo excesso de desta-
que que esses temas recebem nos media?
Vivemos num mundo sensacionalista e os
media precisam de ter as pessoas a assistir,
por isso vão procurar esses temas, pois é o
que as pessoas querem ver.


Este disco é mais pesado que o anterior. É
um recuo, face à polémica que «Suicide Si-
lence» criou entre fãs?
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ram sobre esse disco. Penso que não en-
tenderam o que estávamos a tentar fazer.
Não se tratou de um álbum em que esti-
véssemos a tentar soar como uma banda
de rock para passar na rádio. Uma espé-
cie de passagem para o mainstream. Foi
algo como procurar uma identidade e fa-
zer aquilo que parecia certo no momento.
Despimo-nos da nossa imagem por algum
tempo, o que soube bem, e resultou em
perceber o que esperam de nós, o que que-
remos fazer, aquilo em que somos bons.


2SFEPERɭSƤREPVIWYPXSYE HSRSWWS
lado. Escrevemos aquele disco para nós
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esperavam de nós algo dentro daquilo que
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mudássemos. Despir-nos da nossa identi-
dade fez-nos ver aquilo de que realmente
gostamos. Todo o processo foi uma boa
experiência. Poder trabalhar com o Ross
Robinson foi uma oportunidade única na
vida. Não digo que não voltemos a tentar
algo assim, mas não é provável.

O retorno ao vosso som habitual é a razão
de voltarem a trabalhar com o Steve Evetts
na produção?
Ele é nosso amigo. A maior parte dos nossos
discos foi produzida por ele. Quando grava-
mos com o Evetts, sentimo-nos em casa.
Temos uma boa relação.

No disco anterior, parte das críticas tinha a
ver com a “guerra” entre vozes limpas e gu-
turais. Ainda faz sentido essa discussão e
julgar um grupo apenas por isso?
Penso que é bastante evidente, que se um
grupo coloca um determinado estilo na
sua música, que eu não gosto, devo po-
der dizer isso. Não se trata de dizer que é
mau, que não presta ou apenas falar mal
por falar. Vê o caso do novo disco dos Ca-
ttle Decapitation, eles usaram vozes lím-
pas nos temas todos e eu adoro isso. Se
soasse mal, não gostaria. O que torna o

heavy metal tão atractivo, é que todos nós
gostamos tanto dele que sentimos que é
algo nosso, e que fazemos parte de algo.
Alguma mudança, e é como se estivessem
a mexer na nossa vida. É por isso que as
pessoas falam. É difícil moveres-te dentro
do heavy metal, por causa disso, pois tens
que o fazer da maneira correcta que os fãs
querem. Não é fácil incorporares vozes lim-
pas e deixares todos satisfeitos, o que até
é bom.

Por outro lado, os músicos são artistas, por
isso deveriam ter a liberdade de fazer o que
querem e não apenas agradar aos fãs.
É verdade. É como caminhares no arame.
Sabemos o que querem os nossos fãs, em
particular depois do último disco em que
muitos não gostaram da direcção diferente
que tomámos. Se és fã, é porque gostas de
algo de uma dada forma e não vais que-
rer que mude, é como se encomendasses
uma pizza e te entregassem um batido.

Se há algo que desejas e te entregam algo
completamente diferente, tens direito de
reclamar por isso. Penso que é liberdade
do artista fazer o que quer, mas tem de se
lembrar que existem os fãs que possuem
expectativas. Se é algo que não esperam
e depois gostam, óptimo, mas no heavy
metal é difícil conseguir mudar e agradar. É
difícil mudar completamente e esperar que
os fãs o apreciem. Faz parte da diversão,
estás a fazer por ti, para ti, a 100%? Ou a
pensar nos fãs? Adoro saber que as pes-
soas têm expectativas sobre o que vamos
fazer. Se querem brutal death sem vozes
limpas, então é isso que lhes vamos ofere-
cer, porque vão gostar. Sabe tão bem fazer
isso como ter composto o último disco em
que estava orgulhoso por termos feito algo
diferente.

A uma dada altura referiste tomar um tem-
po fora da banda, entretanto estás de volta.
Tirei uma folga de Fevereiro de 2018 até Fe-
vereiro do ano seguinte. Foi tudo resultado
de o meu pai ter tido um ataque cardíaco,
em 2017, num momento em que estava com
cancro da próstata. Ainda consegui andar
em digressão parte de 2017, mas tudo esta-
va a ser afectado e queria estar em casa com
a minha família. Os concertos deixaram de
ter interesse para mim, pois só pensava em
estar com eles. Há três semanas atrás o meu
pai faleceu. Entretanto já tinha conseguido
gerir as coisas para estar de volta.

Apesar disso trabalhaste neste novo disco,
houve espaço para compores?
Não escrevi nada para o disco até Dezembro
de 2018, mas quase tudo foi feito já a partir
de Fevereiro de 2019, quando começámos a
gravar. Fizemos quase tudo entre Fevereiro
e Junho desse ano. Inspiro-me na vida, em
tudo aquilo que acontece na minha.

Porquê tanto tempo de espera, só lançando
o álbum agora em Fevereiro?
Foi a mistura. O Josh Wilbur, que misturou o
disco, estava também envolvido na pré-produ-
ção do novo trabalho dos Lamb Of God, e não
o quisemos apressar. Só recebemos o álbum
por volta de Outubro, creio que Novembro terá
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Com os problemas familiares resolvidos, e
novo trabalho, podemos esperar um regres-
so à estrada e Europa?
Sim, planeamos todo um ano bastante ocu-
pado, e a mesma coisa para o próximo.

“O que torna o heavy metal tão atractivo,


é que todos nós gostamos tanto dele


que sentimos que é algo nosso, e


que fazemos parte de algo. Alguma


mudança, e é como se estivessem a


mexer na nossa vida.”

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