Loud! - PT (2020-01)

(Antfer) #1
temasemmajorkeyquecontinuema soar
merdosos.[risos]

Tensescritosempredamesmamaneiraao
longodosanos,oumudastealgumacoisa
emalgumaaltura?
É sempreigual,o que,decertaforma,quer
dizerqueé semprediferente,porquenunca
seicomoé quevaiacontecer,talcomonun-
casoube.Nuncamesenteicoma guitarrae
carregueinoRecparafazeraconteceralgu-
macoisa.Não,possoestara andarpelarua
e aparece-mequalquercoisaquedepoiste-
nhoquemelembrar,podeserumrefrãoou
umalinhavocalouqualquercoisaassim.
Possoestaremqualquerlado,a jantarfora
ouwhatever, e vêm-mecoisasà cabeça.Só
tenho que saber identificarse são boas ou
não e agarrá-lasenquanto“flutuam”à mi-
nhavolta.Comonãotenhoumasituação
debandacomquatrogajosnumasalaa to -
caratéaparecerqualquercoisa,o processo
temqueserdiferentedisso.

Nãotendoessasituação,nãodáscontigo
àsvezesdemasiadodentrodatuacabeça?
Oudás,e issoé algoquefuncionasempre
bemparati?
99%doquesãoosMidnightvemprecisa-
mentededentrodaminhacabeça,portanto
tenhoquedizerqueé umaposiçãoconfor-
tável.Claroquequandoestásnoestúdiohá
semprepelomenosmaisumgajo,queneste
casofoio NoahBuchanan,a gravarcontigo,
eocasionalmenteeledáumaopinião.No
sentidode“vamostentarestaparte outra
vez”ou“vamoscortaristoaqui”,coisassim-
plesassim.Masnormalmentejáestátudo
preparadoedelineado deantemão. Istoé
comoo meu“littlescienceproject”. A respon-
sabilidadeé sóminha.Sesaiumamerdaou
seaspessoasnãogostarem,é o queé.A
minhaperguntainicialnuncaé “comoé que
possofazeristoa melhorcenadesempre?”,
é mais“comoé quepossofazeristosoarda
maneiraqueeuqueroquesoe?”.

Imaginas-tea mudarissonofuturo?Muitas
bandasquecomeçaramassim,comopro-
jectosa solo,acabaramdepoisporevoluir
paraumaformaçãomaisnormal.
Provavelmentenão,paradizera verdade.Esta
formadetrabalharfoiprecisamentea razão
deeutercomeçadoesteprojecto.Nãoqueria
umabanda,nãoqueriaqueosMidnightfos-
semumabandatípicae mediana.Assimé
fixe, porque osfãstêmaversão deestúdioea
versãoaovivo.Deoutraformaé sóumaban-
danormala fazercoisasdebandanormal.E
o pessoalquetocacomigoaovivotambém
gostadesteformato,é simplese fácilpara
eles– estãoaquiasmalhas,é sótocá-las.

Falandodas letras,o trabalho que tens
paraque aspalavras que usas tenham
omaiorimpactopossível nota-semuito
bem.Tensaíumjeitoinatoparafrases
fortes eexpressõesqueficamnoouvido.

Obrigado![risos]Nãoé habitualfalarem-me
dasletras,e quandoo fazem,consideroum
grandeelogio.Porqueestasletrassãosim-
ples,massãoa partemaisdifícildoproces-
soparamim.Musicalmente,diriaquepara
mimescreveré fácil,aquiloqueimaginoé
maisoumenosaquiloqueseouvedepoisna
versão final, quase directamente,sem haver
grandes alterações. Já liricamente, tenho
quetrabalharparanãoacabarcomalgoque
sejatotalmentegenérico,e tambémalgoque
medivirta,senãonuncamelembrariadas
letras!Sefossesóblá-blá-blá,teriagrandes
dificuldades.Tem que haver algo mais, algu-
maperspectivapessoal,paramemanterco-
nectado.Acho,aliás,queaspessoasdevem
sempreescreverparasipróprias.

Acabaporseressaa mensagemglobaldos
Midnight?
Diriaquesim,a mensagemé,e semprefoi,
pensa por ti próprio. Interpreta as letras
comoquiseres,e issojáfazparte.Otema
geralé o deusareso teuprópriojulgamento.
E nofundo,tambémé issoqueestánocerne
deterumaonemanband. Fazporti próprio.
Pensaporti próprio.

“Quero sempre ter esse balanço entre


Hellhammer e Beach Boys.”


Durante o último ano aumentaste ainda
mais o teu regime de digressões, incluindo
uma visita à Europa, algo que já não acon-
tecia há muito tempo. Este trajecto todo de
palco tem tido alguma influência em ti?
Sim, definitivamente. Esses concertos na
Europa foram os primeiros que demos aí
desde 2015, portanto... Qualquer coisa que
façamos acaba por ser uma influência, mas
sim, esses concertos em particular tiveram
um efeito bastante profundo, e creio que
isso se vai notar no próximo álbum, já que
este já estava pronto quando embarcámos
para essa tour.


Pode-se inferir do título do álbum novo,
ajudado por uma certa evolução marcada
no som da banda, que este “renascer” tam-
bém se pode aplicar aos próprios Midnight?
Sentes alguma renovação na música que
fazes?
Pode-se dizer que sim. Voltando aos tais
concertos europeus, foram uma oportuni-
dade para finalmente aceitar aquilo que nos
é oferecido. Há vários anos, quando come-
cei os Midnight, tentava activamente ficar
o mais underground possível, não aceitava
quaisquer ofertas deste género. Até certa al-
tura, como sabes, nem álbuns longa-duração
fazia. Mas agora já olho de maneira diferente
para as coisas. Percebi que eu vou ser sem-
pre o mesmo. Seja underground, overground,
big ground... [risos] Seja o que for, não inte-
ressa. Portanto, de certa forma, este álbum
marca o renascer de um processo de pensa-
mento e de lidar com a banda.


A única questão que consigo imaginar que
possa ser problemática à medida que a
banda cresce será mesmo o equilíbrio entre
aquele feeling “podre” que os temas têm e
melhores meios de produção e gravação a
que vás tendo acesso que possam “polir”
mais a música.
Sim, mas acho que esse é o balanço de tudo,
no fundo. Nos temas em si, e na gravação,
quero sempre ter esse balanço entre Hel-
lhammer e Beach Boys, estás a ver? [risos]
Quero algo memorável, quero ganchos, mas
quero que seja tudo sujo e porco também.
Na gravação deste álbum, sim, há algumas
coisas mais limpas do que é costume, mas
outras que também não o são. Comparando
com o «Satanic Royalty», por exemplo, as
guitarras desse disco são muito mais lim-
pas do que as deste novo. Pode ir para os
dois lados. Mas tens razão, o equilíbrio de
luz e escuridão é o coração desta banda, é o
que tenho que manter a todo o custo. Lama-
cento, mas audível. [risos]


Outra componente que também parece
mais relevante no álbum novo são as refe-
rências a algum heavy metal mais clássico.
Há vários Maiden-ismos, ou até Priest-is-
mos, ao longo de vários temas, que lhes dão
um ambiente muito diferente.
É algo que aparece às vezes. Raramente é
intencional, se bem que há um dos temas
que tem lá um bocado de Maiden inten-
cional, sim. Maiden do primeiro álbum. Há
algo único que eles faziam, conseguiam
escrever temas em major key e continua-
va a ser heavy metal. É impressionante,
realmente admito que tentei fazer alguns

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