Loud! - PT (2020-01)

(Antfer) #1

ANTI-FLAG
«20/20 Vision»
[Spinefarm]
Para uma banda com a roda-
gem dos Anti-Flag, percurso
esse que alcança agora os
doze registos de originais e
já ultrapassa os 25 anos dedicados ao activismo
político na forma de punk rock, não é de admirar
que 2020 se inicie precisamente com a edição de
mais um álbum carregado com o tom crítico que já
lhes é conhecido. No entanto, desta vez, e contra-
riamente ao que têm feito até agora, este apontar
de dedo não é uma mera desaprovação de deter-
minada conjuntura mas passa sim a ter um alvo
bem visível: Donald Trump e a sua administração.
É ao presidente dos Estados Unidos da América
que é dedicada a capa deste trabalho, como é a
sua voz a primeira que ouvimos quando o mesmo
arranca com «Hate Conquers All», provavelmente
o tema mais aguerrido do disco. Ainda assim, para
uma sonoridade entre os Rise Against e os Strike
Anywhere, com temas como «Christian Nationalist»
Im9R%QIVMGER|ƤGEQSWERXIWQEMWTVɸ\MQSWHS
pop punk de uns Green Day: é orelhudo, é premen-
te, mas também podia ser algo mais. [6.5] P.C.S.


AVSLUT
«Tyranni»
[Osmose]
&PEGOQIXEPQIPɸHMGSJIMXS
segundos os manuais do
género, a evitar apenas por
UYIQWɸKSWXEHEZIVWɩSPSƤ
deste estilo musical. Está feito o aviso. A produção
HIm8]VERRM|ɯGVMWXEPMREEI\IGYɭɩSɯMVVITVIIRWɳ-
vel – especial destaque para a bateria, que passa aí
uns 80% destes 47 minutos em tresloucados blas-
tbeats – e as letras em sueco até dão um toquezi-
nho mais trve à coisa. Apesar do ritmo alucinante a
que a maioria deste material é disparado, os Avslut
conseguem manter uma musicalidade assinalável,
graças a viciantes (e viciosas) melodias/harmonias
UYIGSPEQESSYZMHSm7XMKIRW%RHI|ɯI\IQTPS
disso mesmo, num registo com laivos mais blacke-
ned death à boa maneira dos compatriotas Naglfar.
Em «Allt Forgas» e «Den Eviga Flamman», os Avslut
ƤREPQIRXIEFVERHEQRStremolo picking e dão um
pouco de descanso à tarola, mostrando que não
são um one trick pony, para logo depois cuspirem
um riffalhão à Marduk, na «Underjordens Apostlar»,
IEWWMQKEVERXMVIQYQFPSGSGIRXVEPHIPY\S'PEVS
que já ouvimos isto tudo mil vezes e não é de
estranhar que num primeiro momento vos assalte
a questão “será que o mundo precisava mesmo
de outra banda assim?ű%ZIVHEHIɯUYIESƤQHI
algumas audições a qualidade destas composições
começa a sobrepor-se à falta de originalidade e,
por isso mesmo, dar menos de [7.5] a este segun-
do longa-duração dos suecos seria avslutamente
injusto. J.A.R.


BLAZE OF PERDITION
«The Harrowing Of Hearts»
[Metal Blade]
Fã dos Blaze Of Perdition,
ouvimos o mais recente
trabalho da banda, «The Har-
rowing Of Hearts», e dele re-
tirámos boas e más notícias para ti. Nos positivos,
GSRXEQWIEI\IGYɭɩSI\IQTPEVHSWUYEXVSQɽWM-
cos ao longo do disco e a continuada diferenciação
no som do grupo, cuja fase actual essencialmente
começa com o lidar com o trágico acidente de
viação que vitimou a banda e foi apresentado em
«Near Death Revelations». Desde então tem decor-


VMHSYQEQYXEɭɩSREƤ\EɭɩSTIPSWZɧVMSWEWTIG-
XSWHIFPEGOQIXEPSVXSHS\SLSNIQIRSWEWWIRXI
REWZIVXIRXIWQIPɸHMGEWSVMYRHEWHE7YɯGMEIHE
Grécia e nas componentes clássicas da Europa
de leste. Uma das novidades, que resulta no que
de melhor o álbum tem, é mesmo o aparecimento
SWXIRWMZSHIIPIQIRXSWHIVSGOKɸXMGSTIVJIMXE-
mente incorporados no black metal do grupo em
«Transmutation Of Sins». Posto isto, as mutações
não levaram necessariamente o colectivo a uma
WSRSVMHEHIHIEYXSVZIVMƤGERHSWIYQEHMWTIR-
WɧZIPGSPEKIQESWGSRXIVVɨRISW1KEũEMRHE
que «The Harrowing Of Hearts» tenha a vantagem
de não ser apenas um regurgitar de «With Hearts
Toward None» – como que a simbolizar a substitui-
ɭɩSHYQEEFSVHEKIQSVXSHS\ETSVSYXVE%WQɧW
notícias estendem-se ainda às letras do álbum, que
assentam numa interpretação jungiana da descida
de Cristo ao inferno. Por outras palavras, é uma
interpretação new age HIYQITMWɸHMSJYPGVEPRS
GVMWXMERMWQSSVXSHS\S-RJIPM^QIRXIHSMWRIKEXMZSW
nem sempre resultam num positivo. [5.5] L.P.

BOMBUS
«Vulture Culture»
[Century Media]
2SHɯGMQSERSHEWYEI\MW-
tência os suecos Bombus
vão direito ao assunto, sem
demorarem muito para chegar
ao topo. Sempre cheios de adrenalina nas veias, o
(na altura) trio desconhecido de muitos aquando
da digressão com Danko Jones, que passou por
Lisboa em 2013, tem vindo a mutar a sua formação,
apresentando-se agora como um quinteto. Duas
vozes, três guitarras e a sempre inerente intensida-
de. Estilisticamente falando, nunca deram lugar à
compreensão, misturando diferentes estilos e colo-
GERHSWIEWMTVɸTVMSWRYQTEXEQEVHIHMJɳGMPGEXE-
logação. «Vulture Culture», comparado com os seus
ERXIGIWWSVIWWSEEMRHEQEMWZEVMEHSGSQQɽWMGEW
mais longas, nada aborrecidas ou previsíveis. Esta
diversidade musical atribui-lhes simultaneamente um
cunho pessoal que funciona perfeitamente no hábil
jogo de equilíbrio entre regras de drone e precisão
com uma força consistente, empunhando fogo e
JɽVMEWYƤGMIRXIWTEVEEPMQIRXEVYQEJVSXEZMOMRK
1EXXI*IJJINYRXEQɦJɸVQYPEZS^IWɧWTIVEWQYMXEW
vezes um pouco irritados com o ouvinte, sublinhando
um leve factor punk. Por outro lado, também podem
WIVZS^IWEKVEHɧZIMWIGPEVEWGSQSIQm-XŭW%PP3ZIV|
o desacelerado tema “balada” que acalma os ânimos
de um ataque relâmpago rumo à batida cardíaca. São
momentos que tendem a entrar num trilho prog, que
contou com o mágico toque de Jens Bogren, respon-
sável pela mistura e masterização do álbum, que tem
RSQIWHIFEM\SHEWYEEWEGSQS3TIXLI/EXEXSRME
m%0EHHIV2SX%7LSZIP|m-R8LI7LEHS[W|m:YPXYVI
Culture» ou «Two Wolves And A Sheep» são hinos
IHMƤGERXIWIRXVIKYIWGSQEQɧ\MQETEM\ɩSIQ
parceria com melodias incisivas, riffs pesadamente
maciços e refrães gigantescos que criam uma
dinâmica de escuridão e luz, pilhando tudo sem dar
tempo a qualquer tipo de resistência. [7] C.N.

BONDED
«Rest In Violence»
[Century Media]
Por vezes parece que há um
certo standard para quando
QɽWMGSWUYIXSGEVEQIQ
outras bandas de renome se
juntam e criam projectos novos, “super bandas” em
que, talvez por não serem membros-chave ou não
terem apanhado a época de ouro desses nomes
QEMWGSRLIGMHSWSTVIƤ\SŰWYTIVűƤUYIHIJSVE,ɧ

também, parece, uma certa tendência para estas
bandas caírem numa espécie de musicalidade
pré-planeada em que soa mais ou menos tudo ao
QIWQSXYHSYPXVETVSHY^MHSIUYIWɸWIVZIGSQS
uma vazia demonstração de power para quando
tocam num festival qualquer algures na Europa. Os
Bonded, infelizmente, que têm dois antigos mem-
bros dos Sodom, caem nessa categoria. Groove,
blasts, solos em honra do ego e growls que apelem
à moshada onde quer que passem. É esta, a essên-
cia de um álbum sensaborão que apesar da clara
GETEGMHEHIHIXSHSWSWWIYWQɽWMGSWRɩSTEWWE
de um disco para se tocar em festival. [4] M.L.

CHROME WAVES
«The Cold Light Of Despair»
[Disorder]
'VMEHSWTIPSTVSPɳƤGS.IJJ;MP-
son há quase uma década, os
Chrome Waves lançaram um
EP muito promissor em 2012
e, depois, desapareceram. Em 2018 surgiram de
novo em cena com uma formação renovada, que in-
GPYMI\QIQFVSWHSW;SPZLEQQIV%FMKEMP;MPPMEQW
Nachtmystium e VON, entre outros, lançando o muito
esperado álbum de estreia, «A Grief Observed».
Agora, na sequência de várias tours, disponibiliza-
ram este EP que pretende amenizar a espera pelo
segundo longa-duração em que estão a trabalhar.
«The Cold Light Of Despair» é composto por diversas
versões e singles que, até aqui, tinham sido apenas
lançados digitalmente, às quais se juntam ainda
algumas canções inéditas. O disco abre com a já
conhecida «Bound» e mais dois originais, «Spirits
Descend» e «Slow Refrain», que mostram o quarteto
a mergulhar na sua versão do post black metal como
costuma(va) ser feito ali para os lados de Chicago,
misturando blastbeats com melodias orelhudas e um
ligeiro pendor industrial. As versões, essas, são tudo
QIRSWɸFZMEWGSQ;MPWSRIGSQTERLMEEQSPHEVIQ
de forma muito inteligente «When The Sun Hits»,
m4YWL8LI7O]%[E]|Im7SQIXLMRK-R8LI;E]|HSW
Slowdive, Nick Cave e Nirvana, de forma a adaptarem
os originais ao som do projecto. [7] J.M.R.

CIANIDE
«Unhumanized»
[Hells Headbangers]
Veterano trio americano de
death metal, daquele genui-
namente forjado no início
HEHɯGEHEHIQEPɯƤGS
sem recorrer a modas. Os Cianide lançam álbuns
UYERHSQYMXSFIQIRXIRHIQNɧSƤ^IVEQTSVWIXI
ZI^IWESPSRKSHSWWIYWERSWHII\MWXɰRGME
e não é o caso de «Unhumanized», um novo EP
de cinco temas, num death/doom algures entre
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QIRXIKYMEHSTIPSGSQTEWWSHFIEXm7IVTIRXŭW
Wake» dá o mote para o que vamos ter ao longo
destes 25 minutos, algo que não vai desiludir
deathsters da velha guarda; uma guitarra podre,
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bateria astuta mas sem complicar. [7] N.S.

COLOSSO
«Apocalypse»
[Transcending Obscurity]
Regresso de um dos projec-
tos mais interessantes do
death nacional. Sempre com
JSVQEɭɩSƥYXYERXITVSZEZIP-
mente o maior “defeito” que sempre apresentaram,
os Colosso reaparecem agora com um EP de qua-
tro temas, assumidamente conceptual, com uma
ideia original, em que cada tema é interpretado por
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