Loud! - PT (2020-01)

(Antfer) #1
arrebatadoramente bela sequência composta por
«Woe» e «The Furies» gerem uma adição que cres-
ce a cada rodagem e se entranha em corpos mais
permeáveis a emoções. A curta duração do disco,
aliada a uma sensibilidade para a criação de am-
FMIRXIWHMGSXɸQMGSWIEYQEHMRɨQMGEUYIEKEVVE
SSYZMRXIHETVMQIMVEɦɽPXMQERSXEJE^GSQUYIS
tempo paralise e a viagem se faça de uma forma
tão natural quanto carregada de sentido, fazendo
de «Oresteia» um daqueles álbuns onde tudo faz
sentido e ao qual frequentemente voltaremos, qual
vício que se entranha. [8.5] R.A.

MAMMOTH MAMMOTH
«Kreuzung»
[Napalm]
Até ao presente momento,
coincidente com a contem-
plação de discos atribuída
mensalmente por esta ilustre
publicação, os Mammoth Mammotheramnada
mais nada menos que um nome a gravitar num bu-
VEGSRIKVSHIMRƤRMXSWPERɭEQIRXSWIFERHEW1EMW
HIYQEHɯGEHEETɸWSWIYTVMQIMVS)4GEɳHSHE
FSPWEHIYQGERKYVYWYVKIm/VIY^YRK|YQXɳXYPS
alemão atribuído ao que será o quinto álbum des-
tes perfeitos desconhecidos que construíram uma
carreira colada qual gémeos siameses à essência
da fauna da elite do rock australiano, bem como
aos escandinavos Turbonegro, tudo embrulhado
IQYQ%TɸWYQTEVHIEYHMɭɺIWSWVIGɹRHMXSW
HEQIQɸVMEZɩSTVIKERHSEPKYQEWTEVXMHEWRɩS
sendo praticável distinguir o que se vai trauteando.
O refrão de «Wanted Man» vai-se repetindo calei-
doscopicamente com a «Thunderstruck» dos AC/
DC, alternando vezes com «Motherfucker» e os
demasiados ingredientes de Nashville Pussy nela
embutidos. Kudos para o minuto à Walker, o ranger
HS8I\EWIQm8SRMKLX|2ɩSLEZIRHSQYMXSTEVE
espremer, este disco será um bem-vindo conjunto
de cantigas de refrães catchy com licks e solos
de guitarra sem grandes aspirações, para aqueles
prestes a rockar, sem que se gaste demasiada
massa encefálica. O intuito destes australianos é
tocar, beber muito e, possivelmente dar um chuto
no cu daqueles que estão do lado errado da estrada
e que não gostam do típico biker rock. Para os
demais que vêem a vida numa perspetiva técnica,
SRSWWSɽRMGSEZMWSWIVɧƤGEVIQFIQPSRKI%RɩS
ser que sofram de algum transtorno de personali-
dade masoquista. [5.5] C.N.

METH ASSASSIN
«Reptilian Side Of God»
[Terratur Possessions]
Não que seja propriamente
novidade, mas recentemente
EJVSRXIMVEIRXVIEIPIGXVɸRM-
ca e o metal tem vindo a
I\XVEZMEVWIYQTSYGSQEMWHSUYI S RSVQEP TIPE
QɩSHI4IVXYVFEXSV'EVTIRXIV&VYX+SW8IRƤQ
YQWIQRɽQIVSHITVSNIGXSW3W9VJEYWXGSQIɭE-
VEQEI\TPSVEVRɩSI\EGXEQIRXIEIPIGXVɸRMGEQEW
o ambient, algo que acabaria por marcar vincada-
mente a sua sonoridade e o primeiro lançamento
m+IMWX-WX8IYJIP|)Q1IXL%WWEWWMREQIWQE
dupla vira-se para o industrial dos anos 80 e dá-lhe
um toque de horrorcore com «The Reptilian Side Of
+SH|QIRSWQɽWMGEHIGSQTYXEHSVHSUYIEUYMPS
que se podia esperar e algumas semelhanças
inevitáveis ao seu projeto principal, nomeadamente
a intensidade na voz com beats que acrescentam
alguma dissonância ao som. É daqueles lançamen-
tos que nos faz sentir alguma estranheza, e essa
IWXVERLI^EWɸWIIRXVERLEWIIWXMZIVQSWVIEPQIR-
te virados para este tipo de sonoridades. [6] M.L.

DEADHUNT

LUÍS RATTUS

P


assados 40 anos da edição original, a Bachelor Ar-
chives faz uma deliciosa reedição do single 7” «Day
Doult/ Get Out Of My Pocket» dos CHAOS. Dois
XIQEWWMQTPIWQIPɸHMGSWIHIWGSQTVSQIXMHSW4YRO
rock clássico austríaco com ligações à cena suíça, uma
das referências locais que provocou um buzz no circuito
punk de Zurique. Para fãs de Buzzcocks, The Lurkers ou
Undertones. Bonito encarte com design muito 77 e con-
tendo insert com liner notesIYQTSWXIVIQVM^SKVEƤE

2SZS)4TEVESWFVMXɨRMGSWQEMWIWTERLɸMWHSQYRHS
THE DUSTAPHONICS. «De Puta Madre!» é editado pela
Family Spree Recordings e contém quatro temas quentes
HIVMXQSJVIRɯXMGS9QEFEXIVMEFIQKEVEKIYQFEM\S
com linhas de surf, uma guitarra rockabilly e uma voz soul.
Está feita a equipa para mesclar todos estes subgéneros
HSVSGOŭRŭVSPP1EMWYQVIKMWXSTEVEEFERHEUYIHIYREW
vistas com o seu segundo álbum «Party Girl». Let’s roll...

A Static Shock Records apresenta ao mundo «All Along
8LI9\FVMHKI6SEH|Ssingle 7” de apresentação dos
CHUBBY AND THE GANG. Com membros de Arms
6EGI:MSPIRX6IEGXMSR+YXXIV/RMJISY'VS[R'SYVXS
I\TIVMIRXIGSPIGXMZSHIFMXEYQFSZZIVVSGOYPXVEGSRXE-
giante, com coros catchy e guitarras com jogo power-
TST7ISW+MYHEJSWWIQQEMWMRƥYIRGMEHSWTIPEKEVVE
HSSMQYMXSTVSZEZIPQIRXIWSEVMEQEWWMQ)\GIPIRXI
estreia desta rapaziada que peca unicamente pelo fac-
to de saber a muito pouco.

Vindos de Portland, os DEAD HUNT estão na estrada a
promover o seu primeiro longa-duração self titled, que
já teve edição pela Black Water, pela Agipunk e mais re-
GIRXIQIRXITIPE1YRHS)R/ESW6IGSVHW%tour teve
passagem por Portugal e foi como um furacão que não
HIM\SYTIHVEWSFVITIHVE3ɧPFYQɯYQEEYXɰRXMGE
bojarda de hardcore punk, com umas guitarras podero-
síssimas carregadas de riffs d-beat. Leads de guitarra
metaleiros que nos fazem imaginar um punk de moi-
GERSEWEGEVWSPSWHI-VSR1EMHIRIRUYERXSIQFSVGE
duas canecas de cerveja. Caralho, mas que bandão!

Os PAMA INTERNATIONAL, banda all star veterana
da cena ska, reggae e dub londrina, presenteiam-nos
com o fantástico novo álbum «The Altruistic Soul Sou-
nd Of...». Com edição limitada em vinil e CD através
da Happy People, encontramos neste álbum fortes in-
ƥYɰRGMEWRSVXLIVRWSYPTEVEEPɯQHITEWWEKIRWTIPS
reggae, ska e mesmo rasgos de gospel. Oito temas, in-
cluindo uma deliciosa versão de «You Are So Beautiful
To Me», carregados de soul e brilhantemente interpre-
XEHSWTSVQɽWMGSWHIXSTSPMHIVEHSWTIPSGEVMWQɧXMGS
Sean Flowerdew. Particular destaque para a secção de
sopros, muito bem alicerçada pela super competente
secção rítmica, que é uma estrada aberta para as vo-
zes de Jewels Vass e Cara Jane Murphy brilharem.

do tema que encerra o disco, o etéreo «Gestorben
Muss Sein», que conta com a presença de uma voz
feminina algures entre a doçura de uma canção de
embalar e uma melodia enfeitiçante. Não sem ironia,
acaba mesmo por ser a prestação vocal o menos
convincente em «Through Ruin... Behold»: gutural o
WYƤGMIRXITEVEWIMRWIVMVREXVEHMɭɩSHSKɯRIVSQEW
incapaz de transportar o disco para a dimensão ver-
dadeiramente subterrânea e insolar que se assoma
ao longo dos sete temas que compoem um álbum
que nunca chega a concretizar o sufoco sumptuoso
que queria oferecer. [7] J.R.

LEECHED
«To Dull The Blades Of Your
Abuse»
[Prosthetic]
Se ainda não conhecem
estes rapazes de Man-
chester e gostam do vosso
hardcore bem negro e conspurcado, então são
capazes de encontrar nos Leeched algo que vos
apele. Formados apenas em 2017, depois de um
EP nesse mesmo ano e de um primeiro álbum logo
no seguinte, decidem começar esta nova década
com um disco que nos fustiga com a desolação a
que nos remete: não há espaço para esperança, o
JYXYVSWɸRSWXVEVɧTIVZIVWMHEHIIHIWIWTIVS(E
TIVIQTXɸVMEGEGSJSRMEHEMRXVSHYXɸVMEm8LI,SYRHŭW
.E[|WYVKINɧTEVESƤQUYEPVMJJJIMXSWIVVSXIUYI
podiam ser os The Secret a tentar imitar os Rotten
Sound. Disso, transição feita para «The Grey Tide»
IRIQɯTVIGMWSGLIKEVEQIXEHIHEQɽWMGETEVE
alcançar uma quebra que bem poderia ser uma
espécie de breakdown em crescendo aplicada pelos
Code Orange. Até um jeito meio grind à Nails se faz
sentir, como um bulldozer que leva tudo à frente,
sempre intercalado por cadências desconcertantes
e uns dissonantes pinch harmonics – quase a re-
meter à nostalgia da fusão duns Martyr AD, Blood
Has Been Shed e Premonitions Of War, aplicada a
YQETEPIXEFIQQEMWWSQFVME4SVƤQm&PEGO7YR
Ceremony» faz parecer que os All Pigs Must Die são
apenas cinzentos. Está servido o negrume. [8] P.C.S.

LOTUS THIEF
«Oresteia»
[Prophecy]
Os nova-iorquinos Lotus
Thief são uma banda espe-
cial, daquelas que faz cada
nota assumir uma conse-
quência, com um conceito pensado para criar algo
QEMWHSUYIWMQTPIWQɽWMGE2SVQEPQIRXIUYER-
HSEWWMQɯELSRIWXMHEHIEVXɳWXMGEɯERXEKɸRMGE
de um reconhecimento mais fácil e imediato, o
UYII\TPMGEIQTEVXISJEGXSHIETɸWHSMWHMWGSW
editados esta ser uma banda ainda relativamente
MRGɸKRMXEQIWQSRSIWTIGXVSTSVSRHIQIPLSVWI
movem, o mesmo de Chelsea Wolfe, SubRosa ou
)WFIR%RH8LI;MXGLTSVI\IQTPS%HMZIVWMHEHI
é visível nestas três referências, o que não é por
acaso, tendo em conta a amplitude da sonori-
HEHIHSW0SXYW8LMIJEQTPMEHEIVIƤREHERIWXI
terceiro disco de originais que revela uma banda
mais madura e assertiva com aquilo que pretende
alcançar. E o que alcança é um disco que, desde
os primeiros segundos, ergue uma aura mística
que nos acompanha ao longo dos 38 minutos de
«Oresteia», no qual o post rock surge em perfeita
cacofonia com pedaços de black metal e retalhos
de algum prog mais negro e atmosférico. Compa-
rativamente com os seus antecessores, «Oresteia»
HɧQEMWIWTEɭSɦWGERɭɺIWɦWIQSɭɺIWɦƥSV
da pele e à simplicidade, fazendo com que temas
como «Agamemnon», «Libation Bearers» ou a
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