Loud! - PT (2020-01)

(Antfer) #1

S


e receber um nome icónico dos anos 80, grande pioneiro – juntamente
com os Front 242 – do EBM e autor de álbuns intemporalmente clássicos
como «That Total Age» ou «Belief», já seria motivo suficiente de grande en-
tusiasmo e antecipação, então depois de os termos visto a surpreendentemente
tomarem conta do palco principal da passada edição do festival Vilar de Mouros,
ainda mais aguçado estava o apetite. Como grande banda que são, os britânicos
não defraudaram as expectativas. Apesar de a sala lisboeta não ter infelizmente
esgotado, a intensidade e a troca de energia entre público e artistas esteve sem-
pre no vermelho praticamente desde o início (felizmente, sem banda de abertura,
foi possível mergulhar directamente no que interessava), tendo-se atingido mo-
mentos de verdadeiro “fim do mundo”, com danças, braços no ar e zero corpos
parados, como que em absoluto transe provocado pelas lancinantes batidas e
palavras de ordem proferidas pelo irrequieto Doug McCarthy, em grande forma,
como aliás todo o resto da banda. Destaque natural para o outro elemento-chave,
o multi-instrumentista Bon Harris, que voltou a não resistir em vir para a frente do
palco cantar um par de temas na companhia de McCarthy, criando um ambiente
quase festivo e arrancando reacções efusivas do público. Os temas, esses, su-

cederam-se com uma cadência extraordinária, num setlist ,
ainda assim notória a diferença dos temas de «That Total Age» (a brutal «Join In
The Chant», ou a aspereza punk de «Alarm», cantada aos gritos por David Gooday
já em encore) para os restantes, mas sendo o nível tão constantemente alto, isso
só é um elogio à anomalia genial que foi esse álbum. De realçar também o efeito
avassalador produzido por «Getting Closer», o tema de abertura de «Showtime»,
de 1990. No final, muito suor e muitos sorrisos à saída, e a certeza de que poucas
bandas haverá que sejam tão ligadas a uma década (aos 80s, neste caso) e que
mesmo assim se tenham sabido manter actuais e relevantes com tanta classe
como os Nitzer Ebb. Que regressem rapidamente! [J.C.S.]

C


omeça a ser apanágio para os Alter Bridge
serem recebidos com lotação esgotada em
Lisboa. Este mais recente concerto não foi
excepção e contou ainda com as presenças dos
Shinedown – que faziam a sua estreia em Portu-
gal – e dos The Raven Age. Foram os britânicos os
primeiros a subir a palco, e apesar da regularidade
com que tocam em Portugal, a evolução musical
que mostram é quase nula. Foi uma actuação igual
a tantas outras, onde faltaram cançõesà banda

de George Harris e companhia. Seguiram-se os
Shinedown, e aqui sim, está um bom exemplo de
uma banda que sabe fazer canções. Desde o início
com «Devil» até ao final com «Sound Of Madness»
e «Brilliant». Ainda houve tempo para a versão de
«Simple Man» dos Lynyrd Skynyrd, com o guitar-
rista Zach Myers e o vocalista Brent Smith a bri-
lharem. Aliás, Brent Smith destacou-se pelos seus
dotes vocais e capacidade de frontman. Já os Alter
Bridgederamaquelequefoi,possivelmente,o seu

melhor concerto em solo nacional até agora. Em
plena digressão de promoção do mais recente
«Walk The Sky», a banda de Mark Tremonti e Myles
Kennedy focou boa parte do alinhamento no mais
recente disco. Também não faltaram alguns clás-
sicos como «Rise Today», «Cry Of Achilles», «Open
Your Eyes», «Metalingus» e a terminar «Addicted
To Pain». O único senão desta noite, talvez tenha
sido o som que estava demasiado alto e chegou a
distorceremalgunsmomentos.[J.B.]

ALTER BRIDGE + SHINEDOWN + THE RAVEN AGE
19.12.06 – Sala Tejo, Lisboa

NITZER EBB
19.12.11 – Lisboa Ao Vivo, Lisboa

FOTO: ESTEFÂNIA SILVA

MAX & IGGOR CAVALERA
FOTO: JORGE BOTAS

N


oite fria em Lisboa para receber os manos Cavalera, mas o ambiente pro-
metia aquecer e de que maneira com este concerto já esgotado há algum
tempo. A antecipação do que poderia acontecer dentro da sala era grande,
e cá fora iam-se contando histórias de alguns que viram a formação clássica dos
Sepultura em Portugal, na altura em que o «Arise» foi lançado. O que aconteceu
acabou por superar todas as expectativas. Talvez fosse a nostalgia a bater, talvez
fosse a química que Max e Iggor Cavalera têm, e que fez com que aqueles temas
dos álbuns «Beneath The Remains» e «Arise» soassem de forma divinal aos nos-
sos ouvidos. Houve mosh, houve circle pit, houve cantos em uníssono, houve um
daqueles raros momentos onde o público e a banda são um só. Max Cavalera
afirmou que estes eram os verdadeiros Sepultura. Impossível discordar, e apesar
de alguns bons trabalhos que os “novos” Sepultura têm lançado, a verdade é que
nada bate a dupla Max e Iggor. Bastou ouvir «Inner Self», «Mass Hypnosis», «Ari-
se», «Dead Embryonic Cells» ou «Desperate Cry», para ficarmos com a certeza
que estes bem podiam ser os verdadeiros Sepultura. Ainda houve tempo para
«Troops Of Doom» e «Refuse/Resist» para o ramalhete ficar completo. As opi-
niões no final eram unânimes: “Foi do c... acete”. A abrir estiveram os nacionais
Besta, que arrasaram com um grande concerto do seu grindcore furioso habitual,
e ainda os Healing Magic, que depois da sua actuação, deixaram-nos com o de-
sejo de que mais valia termos tido mais vinte minutos de Besta. [J.B.]

MAX & IGGOR CAVALERA


+ HEALING MAGIC + BESTA
19.12.01 – Lisboa Ao Vivo, Lisboa
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