Criada em Dezembro de 1935 por Heinrich Himmler, líder da SS, a agên-
cia nacional-socialista Lebensborn (Fonte de Vida) foi uma disfuncional
instituição mutualista que objectivava vencer aquilo que o III Reich deno-
minava de “batalha qualitativa e quantitativa” sobre o agudo declínio de
nascimentos de crianças alemãs. Interventivo nos planos da natalidade
e da higiene racial, o projecto operava em conformidade com a Lei dos
'EWEQIRXSWHI3ƤGMEMWHESS (1931), segundo a qual tinha de apurar-se
a ancestralidade “ariana” dos cônjuges para aprovar matrimónios: trata-
va-se da invenção de um novo grupo social em que biologia e posiciona-
mento político eram indissociáveis – assim, no âmbito da iniciativa Le-
bensbornIVEWSPMGMXEHSESƤGMEMWHESS que engravidassem voluntárias
“arianas”, admitidas no desígnio de engenharia político-biológica. Neste
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de natalidade mais baixa da Europa, insciente em saciar necessidades
a uma máquina de guerra e em repovoar territórios subjugados – em
principal a Rússia, cuja conjecturada conquista projectava um genocídio
preparatório de 50.000 eslavos. Na óptica de Himmler, o ameaço contra
a cobiçada taxa elevada de natalidade era a mentalidade “degenerada e
burguesa”, que promovia nas grandes cidades a cultura do “egoísmo, da
homossexualidade, da miscigenação racial e do aborto” (sobre este, o
dilema nazi era o de poder deixar inférteis as mulheres).A 28 de Outubro de 1939, Himmler pediu às alemãs que abandonassem
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destes era a reabilitação da “mãe solteira”: vilipendiada pelo regime, era
agora trazida para a linha da frente como chocadeira de soldados. Dizia
ele: “A todos os homens da SS e polícia (...) Para além dos limites das
leis e convenções burguesas (...) poderá ser uma nobre tarefa para mu-
lheres e raparigas alemãs de sangue limpo tornarem-se fora dos seus
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E que elas não entrem levianas nessa tarefa, mas com a mais profunda
seriedade moral.” Porém, o discurso não foi bem recebido pela conser-
ZEHSVEGPEWWIHISƤGMEMWHESS e Himmler teve de improvisar em Janeiro
do ano seguinte: “Estarão recordados da minha ordem (...) na qual vos
lembrei do vosso dever de serem pais durante a guerra. (...) A maior
má interpretação foi sobre o parágrafo que diz para além dos limites
das leis e convenções burguesas. (...) algumas pessoas interpretaram
erroneamente que a SS era encorajada a aproximar-se das mulheres de
soldados no activo. Por mais incompreensível que seja para nós uma
ideia destas é preciso que a discutamos. (...) também tem surgido a
dúvida sobre a razão pela qual mulheres da SS e da polícia são cuida-
das de modo especial e não como as outras. A resposta é simples: a
SS, através da vontade para fazer sacrifícios e da camaradagem, tem
reunido os fundos necessários (...) pagos durante anos à organização
Lebensborn.” Os fundos provinham do partido Nacional-Socialista, do
1MRMWXɯVMSHEW*MRERɭEWHSReich e da Secretaria Económica e Adminis-
trativa da SS, responsável pela recolha e redistribuição de propriedade
roubada a indivíduos enviados para campos de concentração e exter-QɳRMS2ɩSSFWXERXISETIVXEHSƤPXVSVEGMEPHSTVSKVEQEEYXSVM^EZE
poucas candidaturas e o seu secretismo inibia campanhas de divulga-
ção, redundando em fraquíssimos resultados: desmoralizante também
WIVMEEVIPYXɨRGMEHEWIWTSWEWHSWSƤGMEMWHESS em formar famílias
numerosas – a verdade é que a taxa de natalidade dentro da SS pouco
se diferenciava dos números da taxa de natalidade nacional.Todavia, o projecto de incitar a inseminação de voluntárias “arianas” com
a semente homologada pelo regime permaneceu activo no horizonte de
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YQƤPLSTSHIGSRXEVIQXSXEPGSRƤERɭEGSQELebensborn (...) embora
o desejo de ser mãe seja muito forte, muitas vezes não se encontra o
homem certo (...) Em vista disso, criei a possibilidade de mulheres nessa
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mendamos homens racialmente impecáveis como assistentes”.(%:-(73%6)MARGINÁLIA E IMAGINÁRIO
Todos os meses, o DAVID SOARES explora os aspectos mais
recônditos, negros ou extraordinários da música, literatura e história.
A LEBENSBORN
DE HEINRICH
HIMMLER