POR QUE EVITAMOS RISCOS
Quando Dale se imaginou abrindo um negócio, lembrou-se da última vez em que assumi-
ra um risco financeiro e que isso não tinha sido bom. Seus pensamentos sobre correr riscos
outra vez eram bastante negativos. Viu-se falindo, arriscando toda a sua aposentadoria em
prol de um negócio que fracassaria. Seus pensamentos negativos levaram ao medo e à ansi-
edade, que o impediram de agir. Nunca havia lhe ocorrido que ele poderia encontrar meios de
diminuir seu risco e aumentar suas chances de sucesso.
EMOÇÕES PREVALECEM SOBRE A LÓGICA
Mesmo quando nossas emoções não têm qualquer embasamento lógico, às vezes per-
mitimos que elas prevaleçam. Em vez de pensarmos no que “poderia ser”, nos concentramos
no “e se”. Mas, ao correr riscos, não precisamos ser imprudentes.
Meu labrador amarelo, Jet, é muito emotivo. O modo como se sente domina por comple-
to seu comportamento. E, por alguma razão, tem muito medo de algumas coisas bem estra-
nhas. Por exemplo, ele tem pavor da maioria dos tipos de pisos. Adora andar no carpete, mas
tente convencê-lo a andar sobre piso corrido... Convenceu-se de que a maior parte dos pisos
é escorregadia e tem medo de cair.
Da mesma forma que pessoas frequentemente controlam sua ansiedade, Jet cria regras
para administrar seus temores. Ele é capaz de andar no chão de madeira da sala sem pro-
blema, mas não põe as patas nos ladrilhos do corredor. Costumava ficar choramingando por
horas porque queria vir ao meu encontro no escritório, mas não se arriscava a pisar no ladri-
lho. Eu esperava que ele decidisse que me ver valia o risco, mas isso não aconteceu. Por fim,
criei um caminho de trapos em que ele pode andar sem ter que pisar no corredor
Ele também estabelece regras sobre outras casas que visita às vezes. Quando vai à ca-
sa da mãe de Lincoln, que também tem ladrilhos, meu labrador vai até a sala andando de cos-
tas. Para sua mente canina, aquilo aparentemente faz sentido.
Meu pai tomou conta de Jet uma vez em que viajamos e ele ficou sentando em cima do
capacho de boas-vindas do lado de dentro da porta durante todo o fim de semana. Às vezes
Jet se recusa a sequer entrar em certos lugares e precisa ser carregado porque não põe as
patas no piso. Não é pouca coisa carregar um cão de quase quarenta quilos até o consultório
do veterinário. De vez em quando levamos nossos próprios trapos para criar um caminho para
ele.
O medo de Jet geralmente supera seu desejo de se arriscar a andar em alguns tipos de
pisos, mas há uma exceção à regra: se houver ração de gato em jogo, ele não se importa de
correr riscos. Meu cão nunca tinha entrado de verdade na cozinha por causa do piso de ladri-
lhos. Mas quando percebeu que havia uma vasilha de ração de gato sem ninguém por perto,
sua animação venceu o medo.
Quase todos os dias, quando pensa que não estamos vendo, Jet coloca devagar uma
pata na cozinha. Depois coloca outra e se espicha o quanto pode para dentro do cômodo. A
determinada altura, coloca três patas. Com a última ainda no carpete, se estica o possível e às
vezes consegue chegar à vasilha com todas as patas seguramente no ladrilho.
Não sei como ele tira conclusões sobre que pisos são “seguros” e quais são “assustado-
res” apenas olhando para eles. Faz sentido para ele, apesar da falta de lógica.
Embora possa parecer ridículo, os seres humanos com frequência calculam o risco do
mesmo jeito. Baseamos nossas decisões em emoções, não na lógica. Presumimos de forma