Em Manaus, empolguei-me com as organizações e demonstrações do Centro de Operações na
Selva e Ações de Comando. O Cosac recebe em seus cursos oficiais de vários países, especialmente
dos sul-americanos. Seus métodos de sobrevivência nas selvas, os exercícios violentos e perigosos
que realiza e a rígida disciplina que adota colocam-no como dos mais prestigiados estabelecimentos
de ensino do Exército Brasileiro, de renome internacional.
A Amazônia é um desafio que a nossa instituição aceitou para vencer. O Exército, em todas as
épocas difíceis de nossa História, esteve na vanguarda da luta pela preservação de nossa civilização
e inviolabilidade de nosso território. A Nação deve-lhe muito; sem ele, talvez, nossa unidade
estivesse esfacelada, nossa gente vilipendiada e nossos princípios cristãos destruídos. Recolhia-se
aos quartéis, nos momentos de paz, só os abandonando por imperativos de restabelecimento de
ordem e da lei. É confrangedor, portanto, que chefes encanecidos na caserna, ofuscados pelo poder e
quiçá com consciência turvada, o tenham confundido com um partido político.
Terminei o ano de 1975 com uma visão exata da situação do Exército. Senti, desde as fronteiras
do Sul às do Norte, os mesmos entusiasmo e apego pelos trabalhos profissionais, e assinalei, mais
uma vez, na alma nobre do soldado, a vocação estóica de aceitar o sacrifício com resignação, de
nada pedir em proveito próprio e de considerar o serviço da Pátria como um galardão supremo.
Percorrer as unidades de tropa, levar-lhes a solidariedade do chefe, auscultarlhes o pensamento
e incentivar-lhes o ânimo para que, ao arrepio das dificuldades, cumprissem com êxito os seus
encargos foram sempre normas de minha ação de comando. Apliquei-as, com excelentes resultados,
nos comandos que exerci. Reconheço que a intensidade destes contatos, se absoluta em postos
inferiores, reduzemse, por imposições funcionais, nos altos comandos. No entanto, tudo se deverá
fazer para que seja mantida ao máximo possível, pois julgo muito construtivo o diálogo entre
comandantes e comandados.
Não se pode conceber um chefe militar que se deixe cravar em cômoda poltrona, decidindo, dali,
sobre atividades e destinos de seus comandados, à base apenas de informações, elaboradas, muitas
vezes, ao talante de órgãos e auxiliares que, numa deformação de lealdade, preferem iludir, para não
"aborrecer o chefe'; a dizer-lhe a verdade.
Pensando e agindo desta maneira realizei visitas e inspeções em todos os Exércitos, e deveria
continuá-las, nos anos seguintes. Contudo, quando as procedia, enchiam-se os soturnos corredores do
palácio do Planalto de boatos e insinuações de que o Ministro do Exército encontrava-se em
campanha política. A torpeza do procedimento do grupo palaciano - na ânsia da gestação de uma
candidatura presidencial que lhe assegurasse a continuidade nas posições de mando e desmandos -
era tal que não vacilou em proibir aos órgãos de comunicações fossem feitas referências às viagens
do Ministro do Exército.