difundidas pelos meios de comunicação, inclusive o foram pelo Diário do Congresso Nacional,
maldosamente distribuído, em Brasília, a pessoas que nunca o tinham recebido. A divulgação, que
iria diluir no espírito do povo o nosso prestígio, tão debilitado com as campanhas contra os órgãos
de segurança, já não podia mais ser proibida.
Novos detratores, estimulados pela leveza da pena, estariam a postos, ansiosos por aparecer no
cenário político, à custa das Forças Armadas, na defesa dos direitos humanos - tema predileto dos
contestadores.
Talvez a solução ideal fosse a de processar o senador, mas os exemplos do passado e os
recentes pedidos enviados ao Ministério da justiça não aconselhavam fosse adotada, por ser quase
sempre inócua. Pessoalmente tinha esta preferência. O Presidente da República não estava
preocupado com o Exército, perdera, com o tempo e o cargo, o sentimento militar que se embotara
nas lides políticas. Via, antes de qualquer coisa, o problema político.
No iminente choque político-militar, fez sua opção pelos políticos; a melindrálos, preferiu
contemporizar com o Exército. Temeu muito mais a reação política do que a militar. Ele conhecia
bem os generais do Alto Comando, eu é que não os conhecia... Os homens unicamente da farda -
homens da tropa - viam acima de tudo o Exército, mas os "anfíbios" não o colocavam tão alto...
Manteve-se com obstinação no seu ponto de vista da retratação e percebi, naquela insistência, um
atalho de protelação para transpor o terreno movediço de uma possível crise militar. Estou
convencido hoje de que, caso não tivesse ido ao palácio, o aparte Leite Chaves
seria"voluntariamente" esquecido. Haja vista o que ocorreu em setembro de 1977 com o jornalista
Lourenço Diaféria, assunto do qual tratarei oportunamente. As recordações do caso Márcio Moreira
Alves talvez tenham influído na decisão presidencial para não aceitar o processo judicial.
Eu, no entanto, compreendi que se aferia, naquele momento, a capacidade de reação do Exército
e, mais do que isto, caracterizava-se um intuito de afastá-lo do processo revolucionário, pelo qual
ele responde perante a Nação, visando a facilitar, com isto, manipulações políticas. O objetivo da
opção do presidente era claro - subjugar o Exército, reduzindo sua influência, e fortalecer-se junto
aos políticos para, sozinho, dominar posteriormente.
Lamentável que meus colegas do Alto Comando não entendessem assim, aceitassem a solução
como razoável e não distinguissem no incidente mais do que a intemperança de um senador,
contestador do regime.
Estava disposto a procurar o presidente, no dia seguinte, e retirar-me do gabinete ministerial.
Horas depois fui visitado, em minha residência, pelo ministro Armando Falcão. Soubera do
ocorrido e, aconselhando-me calma, fez um apelo para que modificasse minha decisão. Falou-me do
temor de uma crise político-militar e da minha responsabilidade em provocá-la.
Teci uma série de considerações, idênticas às que acabei de fazer linhas atrás, e disse-lhe que