IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

No terreno das ideologias políticas era um democrata convicto, embora achasse que a
democracia, num país subdesenvolvido como o nosso, eventualmente apresentava certa fragilidade às
investidas contra ela perpetradas pelos partidários de doutrinas totalitárias, apoiados por potências
estrangeiras. Considerava que, nessas situações, a adoção de medidas extraordinárias, mesmo que ao
custo da suspensão temporária de algumas liberdades civis, impunha-se como essencial, até que a
ameaça fosse superada.


Sua aversão às doutrinas totalitárias levou-o a ter uma participação ativa contra a atuação
comunista no Brasil, mais séria depois da Segunda Guerra Mundial e que coincidiu com a maior
parte de sua carreira.


Embora reconhecesse que muitas das bandeiras levantadas pelos marxistas, contra as injustiças
sociais principalmente, fossem procedentes, não concordava com as soluções por eles apresentadas.
Não aceitava os preceitos básicos da doutrina comunista; contudo, sua maior repulsa era a seus
métodos de ação, baseados na assertiva de que "os fins justificam os meios". Achava essa maneira de
pensar amoral, crendo que não há fins que justifiquem certos meios.


A lembrança da ação violenta e covarde dos comunistas durante a Intentona de 27 de novembro
de 1935, na qual esteve a ponto de ser morto e teve vários colegas assassinados, reforçava-lhe essa
rejeição.


Em linhas gerais, essas eram as principais características de sua personalidade, certamente
determinantes da maneira como se comportou por ocasião dos acontecimentos narrados neste livro,
conforme os interpretou, à luz da situação nacional e mundial então corrente.


A esse respeito, convém aqui recordar, sinteticamente, os fatos mais relevantes que, a partir de
1950, formaram a conjuntura político-ideológica do período abrangido por esta obra.


Uma das vencedoras da guerra na Europa, a União Soviética liderou, nas décadas seguintes, um
movimento internacional de expansão do sistema comunista, por meio da subversão das estruturas
democráticas de diversas nações do chamado Terceiro Mundo que, convulsionadas pela "guerra
revolucionária'; começaram a tombar, uma após outra, sob o jugo comunista. Depois de 1949, passou
esse empreendimento a contar com significativa ajuda da China Popular, de Mao Tsé-Tung.


Desse modo, entre 1950 e 1980, conquistaram os comunistas quase todo o Sudeste daÁsia, de
onde expulsaram os franceses (1954) e os americanos (1975); na África, várias ex-colônias
européias, inclusive as portuguesas Angola e Moçambique (1975), foram dominadas pelos marxistas,
que apoiaram suas "guerras de libertação"; e, na Europa, onde o eurocomunismo crescia a passos
largos, promoveram eles as agitações de 1968 na França e a Revolução dos Cravos (1974) em
Portugal.


Na América Latina, que nos interessa mais de perto, depois da tomada de Cuba (1959),
intensificaram os comunistas seus movimentos subversivos e ações revolucionárias visando à tomada

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