IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

invariavelmente, a poucos agentes ou espiões, em caso de necessidade auxiliados pela Polícia Civil.


Outro empecilho sério situava-se na sensibilidade hierárquica, à flor da pele, nos chefes mui
ciosos de suas prerrogativas e de feitio absorvente. Este mal continuou nos primeiros anos da
Revolução e até se agravou pela preocupação que tinham os comandantes de área de conhecer, numa
fase de implantação revolucionária, a situação nos territórios sob sua jurisdição.


Os informes, ou mesmo as informações, passavam, em virtude disso, por todos os escalões de
comando, que os examinavam e realizavam investigações para completá-los. O tempo corria e a
informação decorrente chegava ao escalão executivo - aquele que podia tomar as providências
adequadas - depois do fato acontecido. Feria-se, assim, o princípio fundamental da busca de
informações que impõe o seu conhecimento em tempo de utilizá-las.


Em 1967, uma informação importantíssima obtida pelo comandante da unidade de Santos,
exigindo medidas severas e imediatas do Ministro do Exército, subiu, conformadamente, todos os
degraus da hierarquia para chegar, fatigada e inócua, ao gabinete ministerial, quase trinta dias depois
de iniciar essa disciplinada ascensão. O acontecimento anunciado ocorrera dois dias antes.


Esta situação não poderia continuar se desejássemos manter vivas as teses revolucionárias.

O ministro Aurélio de Lyra Tavares, homem arguto e de esplêndida visão profissional, percebeu
cedo a necessidade premente de criar, no Exército, um órgão que regulasse e coordenasse os
trabalhos de informações. Um Centro de Informações já era idéia embrionária na chamada
comunidade de informações e o marechal Costa e Silva, talvez com este propósito, já adquirira,
quando ministro, potentes estações Collins - receptoras e transmissoras -, das mais modernas naquela
época. As reações não foram poucas, pois os comandos queriam reter as informações e a maioria
deles não aceitava a busca, em suas áreas de jurisdição, sem a sua prévia autorização, o que
ameaçava o sigilo indispensável ao êxito das operações, pelo alargar da faixa de conhecimento do
assunto.


Além disso, o Estado-Maior do Exército, órgão de características essencialmente profissionais,
mais normativo do que executivo, não tencionava abrir mão das informações internas, que eram de
sua responsabilidade. Todavia, sendo este órgão técnico e a massa das informações de caráter
político, tornava-se imperioso remetê-las à apreciação ministerial para decisão, o que ocasionava,
na prática, considerável retardo.


O ministro Lyra Tavares deparou-se com esta série de objeções, porém, dotado de uma das mais
brilhantes inteligências das nossas gerações militares, conduziu com habilidade e persuasão os
entendimentos com os demais chefes do Exército e criou, em 1967, o Centro de Informações do
Exército (CIE ), dando, desta forma, impulso decisivo à coordenação de todas as tarefas de
informações no Exército.


Outros chefes militares já tinham sentido, também, a inutilidade do combate à subversão num
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