IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

quadro de dispersão de esforços. Entre eles o ilustre general-deexército José Canavarro Pereira,
chefe de elevada estatura moral e raros dotes profissionais, que o destino, para felicidade da
Revolução, colocou à frente do II Exército num momento em que a cidade de São Paulo fora
considerada pelos marxistas o campo principal de suas ações de guerrilha urbana.


Organizou-se, então, a Operação Bandeirante (Oban), reunindo-se nela elementos das três Forças
Armadas e das Polícias Militar e Civil de São Paulo que, sob o controle e a orientação daquele
Exército, atuavam na prisão de subversivos e na busca de informações.


Talvez não fosse essa a melhor solução, mas era a única que se impunha, naquela situação de
emergência, para evitar a derrocada da Revolução.


Oficiais jovens e sargentos, soldados arrojados e fervorosos adeptos da Revolução, foram
escolhidos para participar desta operação. Estes homens empreendiam dois tipos de missões -
atacavam os esconderijos comunistas, denominados na gíria militar de "aparelhos", e interrogavam
os prisioneiros. É fácil compreender que, se lhes sobravam entusiasmo e bravura para ações do
primeiro tipo, faltavalhes serenidade e experiência para as inquirições. São ambas ações importantes
que exigem, no entanto, qualidades muitas vezes antagônicas.


Na árdua tarefa de obter a informação, o interrogatório é uma operação fundamental e delicada
que pode evoluir da simples indagação ao bombardeio de perguntas ásperas e excitadas. Ele reclama
inteligência e tranqüila persistência, antes da força e da coragem.


Os homens que voltavam aos quartéis, com os nervos tensos, ainda sob a emoção de um choque
armado em que pereceram ou foram feridos companheiros seus, como poderiam ter serenidade para
inquirir adversários com os quais se engalfinharam momentos antes?


E os vencidos, com o ódio reativado pela derrota e prisão, como reagiriam?

Nesse ambiente de hostilidade e incompreensão recíproca partiam insultos de uns e violências
de outros; e a violência é auto-excitável.


Residiu aí um dos mais graves erros da dinâmica da informação.

Assisti, como me referi noutro local, a cenas nas quais meus subordinados eram insultados e já
aludi às cusparadas que recebiam, durante as inquirições.


Uma subversiva, de nome Elsa Monerat, tratou-os com palavreado tão insultuoso e imoral que -
no refrão popular - faria corar um frade-de-pedra.


Os comunistas nada de positivo informavam. Obstinavam-se em não falar, pelo menos, por 24
horas - conforme ordem de seu partido -, ou, quando o faziam, era para veicular notícias falsas e
soltar imprecações injuriosas aos militares.

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