IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Procurei, num tracejar rápido, mostrar o que se passava nos bastidores dos serviços de
informações, naquele período de intenso combate à subversão. São atividades e procedimentos que
ficam, por seu caráter sigiloso, desconhecidos do público.


Vejamos a repressão na mesma época.

A REPRESSÃO


A Revolução de 1964, de acordo com o juízo histórico, nada teve de revolução. Foi apenas um golpe
militar, desencadeado para evitar a revolução socialista, abertamente anunciada pelos marxistas,
cujo arrebentamento faria ruir a democracia. Não veio criar, veio sim preservar, quando muito
restaurar o regime democrático.


Não trouxe alternativas porque nada iria extinguir. Não se assentou numa doutrina, visto que
aceitava a existente, sem reconhecer que muitos de seus preceitos, lesados pela evolução, deveriam
ser reformulados. Proclamou três finalidades, nessa obstinação democrática: sanear moralmente a
nação; recuperar economicamente o país e combater implacavelmente a subversão.


Os homens que a fizeram - infelizmente é necessário reconhecer - não estavam preparados para o
período pós-revolucionário; não entenderam o momento difícil que viviam o Brasil e o seu povo.
Aliás, se eles mesmos não se entendiam, como poderiam entendê-lo?


A preocupação de preservar afastou-os da realidade nacional, levando-os a numerosos
equívocos. Abandonaram a juventude que, perdida no vácuo, sem orientação cívica que a motivasse,
na ânsia natural e tradicional de renovar, agarrou-se à primeira bandeira contestatória que lhe
ofereceram. A subversão colheu nela apreciáveis contingentes.


Outro de seus equívocos lamentáveis foi o não estabelecimento de uma justiça revolucionária.
Como poderiam juízes que exultaram por servir a um regime carcomido pela corrupção e
tendenciosamente marxista julgar homens do governo deposto?


A tolerância e a magnanimidade eram as virtudes que explicavam as sentenças brandas,
encobrindo compromissos com o passado. A Revolução estava gradativamente perdendo a
capacidade de reação.


Os expurgos iniciais dos agitadores comunistas e seus cúmplices ostensivos foi medida
indispensável para assegurar, por algum tempo, a ordem democrática. Entretanto, como seriam
tratadas as reações marxistas que brotassem das sementes já plantadas, constantemente irrigadas pela
linguagem falaciosa dos esquerdistas de todos os matizes?


Estas manifestações hostis à Revolução começaram a surgir logo, em 1965, e atingiram, em
poucos anos, numa progressão difícil de controlar com a estrutura e os meios existentes, as guerrilhas

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