através de notas em jornais que o apresentam como inábil e outras coisas.
- Sobre isto, chamei ontem o Ministro da justiça - Armando Falcão - e disse-lhe que cabia a
tomada de medida urgente e enérgica para coibir o abuso da imprensa, pois a continuação de
publicações de tais notas atingia e honorabilidade do Exército, através de um de seus oficiais-
generais, e comprometia a segurança nacional. O ministro procurou o Presidente da República e
levou ao mesmo minha repulsa e pedido de providências. Estas foram determinadas e resultaram em
diretas e enérgicas ligações do ministro Falcão e diretores de jornais. Estes disseram ao ministro
Falcão que há notícias que são inseridas à última hora, burlando a ordem dos diretores...
Sobre o mesmo assunto mandei ler o Aviso n° 13/4, datado daquele dia e dirigido ao Ministro da
justiça,' solicitando providências contra o autor de um artigo que acabara de ser publicado na Folha
de S. Paulo. Deste pedido nenhum resultado adveio que chegasse ao meu conhecimento. Havia, por
parte do governo, muito interesse em não agir nesse sentido; menos por temor do que pela
oportunidade de colher lucros eleitoreiros em publicação tão insultuosa em relação ao Exército quão
bajulatória ao presidente Geisel, ali incensado como "o autor do grande safanão na linha-dura".
A transmissão do Comando do II Exército ao general Dilermando Monteiro foi feita pelo general
Ariel Pacca da Fonseca, substituto normal do general Ednardo D'Ávila Mello, que entrara em gozo
de férias, verificando-se, no dia 23 de janeiro, no rigor das normas regulamentares.
Ao chegar ao Quartel-General do II Exército, na manhã desse dia, chamei o Chefe do Estado-
Maior do II Exército, general-de-brigada Antonio Ferreira Marques, e mantive com ele, a sós, uma
palestra, na qual interpelei-o sobre a circunstância inexplicável de não ter sido o CIE informado,
imediatamente, da morte do operário Manoel Fiel Filho. Pedi-lhe explicações, visto que esta falha,
da 2e Seção daquele Exército, estava dando ensejo a especulações ferinas, que oscilavam de uma
simples falha ao propósito de ocultar o fato.
Respondeu-me o general Marques que a informação fora remetida, momentos depois do
conhecimento do suicídio, pelo adjunto daquela seção, o major de Cavalaria Braga. Solicitou
permissão e mandou chamar esse oficial que confirmou ter transmitido, imediatamente, a notícia ao
oficial de permanência no CIE.
Foi lido, durante a cerimônia de passagem de comando, o elogio ao generalde-exército Ednardo
D'Ávila Mello, por mim mesmo redigido. Era um desagravo às injúrias que estavam sendo assacadas
contra um general que sempre servira ao Exército e à Pátria com incontestes abnegação e dignidade.
O Exército estava obrigado a dizer, de público, que repelia as afrontas arremessadas sobre SEU
GENERAL, pelos caçadores de votos e pelos inimigos do regime, na ânsia mórbida de desmoralizar
e destruir as Forças Armadas.'
Regressando a Brasília, determinei ao meu Chefe-de-Gabinete - general-debrigada Bento José
Bandeira de Mello - investigasse por que, tendo o CIE recebido a informação relativa ao suicídio do
operário ainda na manhã do sábado 17, só me fora dado conhecimento do fato na segunda-feira 19 de