IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1
Ei-las:


  1. Havia um clima de ódio e de intolerância, de parte a parte, na luta entre a subversão e a legalidade
    revolucionária. Era uma guerra sem quartel, um combat à outrance.


A Revolução não tinha estrutura adequada para enfrentar, de imediato, o tipo de guerra
revolucionária desencadeado pela subversão.


As equipes militares, sem experiência e despreparadas, sob a influência desse ambiente hostil,
indiferentes à sorte dos detidos, recolhiam-nos às prisões.


Esses homens, de modo geral, entravam em desespero; alguns, angustiados, sob sensação de
culpa por denúncias ou declarações feitas em depoimentos, caíam em depressão. O fanatismo, o
desapego pela vida e as próprias recomendações do Movimento Comunista Internacional acabavam
por induzi-los à auto-eliminação.


A falta de fiscalização, que deveria ter sido exercida rigorosamente sobre as prisões, ou a
negligência em fazê-la facilitaram aos detidos atos de desespero, como aos que, infelizmente,
assistimos.



  1. Os fatos foram, sem perda de tempo, maldosamente explorados por parte da imprensa. Setores
    liberais potencializaram acusações e a opinião pública, atônita, foi levada a duvidar da versão
    oficial. Esta manobra habilidosa dos marxistas visava, unicamente, a desmoronar o sistema de
    repressão.


3.0 governador de São Paulo, cujas divergências com o Comandante do II Exército eram conhecidas,
agravou a situação, ao comunicar as ocorrências diretamente ao Presidente da República, em
linguagem azeda e precipitada, mostrando-se desanimado quanto às repercussões dos acontecimentos
na área política.



  1. Um grupo de assessores presidenciais do palácio do Planalto - nele incluídos elementos do
    Serviço Nacional de Informações - parecia interessado numa crise, envolvendo o Comandante do II
    Exército e o Ministro do Exército. Esperava que dela resultasse a demissão dos dois generais.
    Lógico é perceber que não há provas materiais desse comportamento, todavia as informações que
    tive e fatos posteriores não conduzem a outra ilação.

  2. Existiam, infiltrados no Centro de Informações do Exército, elementos desse grupo palaciano. A
    sonegação da notícia do suicídio, no dia 17 de janeiro, e, mais tarde, o conhecimento, quase
    imediato, pelas autoridades do palácio do Planalto dos fatos ocorridos no salão daquele órgão e das
    palavras que ali proferi, na presença de aproximadamente 80 oficiais, às quatro horas da tarde do dia
    12 de outubro de 1977, comprovam esta afirmação. Todos os oficiais presentes pertenciam ao CIE,
    eram homens de confiança do ministro, mas reconheço com tristeza que, pelo menos, entre eles
    "trabalhava" um "agente duplo" o que significa, na linguagem da comunidade de informações - um

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