pela imprensa, o convite por mim feito ao senador espicaçou a suscetibilidade dos pretensos
exegetas dos postulados revolucionários, entre os quais estava o Comandante da 7á Divisão de
Exército, general-de-divisão José Maria de Andrade Serpa. Afloraram, então, nas perguntas e
ponderações, os primeiros sintomas de desagrado pela presença do senador Marcos Freire no ato de
transmissão de comando daquele Exército. Citavam-no como um reacionário de esquerda e
contestador da Revolução de março de 1964. A restrição mais renitente era a de que não se poderia
colocar num mesmo local o ministro, o governador do estado e o senador da oposição.
A experiência militar ensinara-me que não se atinge o patamar da insubordinação sem subir
todos os degraus da indisciplina. Visando, portanto, a cortar o mal pela raiz, mandei ao Quartel-
General do IV Exército o meu Chefe-de-Gabinete, general-de-brigada Bento José Bandeira de Mello,
com a ordem de que os senadores iriam à cerimônia e deveriam assistir a ela em lugar compatível
com sua posição e prevista no cerimonial nacional. Esta era a minha determinação.
Houve, ainda, alguns empecilhos de caráter meramente político, solucionados, porém, pelo bom
senso, que nessas oportunidades às vezes aparece, embora acidentalmente.
No dia 10 de setembro, o ato público da passagem do Comando do IV Exército efetuou-se,
normalmente, com a presença das autoridades convidadas, inclusive dos dois senadores.
Examinando-se todos estes acontecimentos podemos verificar como é difícil a verdadeira
conduta democrática, num regime em que se embaralham política com militarismo. Homens formados
de modo diferente tendem a adotar soluções diferentes nos conflitos em que se vêem envolvidos.
O político, educado para transgredir, no caminho do poder contemporiza, preferindo ceder em
parte a perder em todo. Usa a acomodação como método, trocando "isto" por "aquilo" para
preservar, em latência, uma parcela do poder.
O militar, preparado de outra maneira, vê na acomodação uma transigência lesiva aos seus
pontos de vista e autoridade. Age pela dominação, seu método favorito, intentando, por isso, impor
suas soluções.
Naturalmente, estas apreciações são feitas em tese.
Fui sempre contrário à participação do militar na política. Não pretendo dizer com isso que deva
alhear-se dos eventos políticos, visto que sua missão constitucional o coloca, perante a Nação, como
responsável pelo regime. O que desejo acentuar é que considero perniciosa a imisção rotineira do
militar na política.
Considerações mais profundas sobre este assunto já foram feitas pelo nosso historiador Oliveira
Vianna, quando aborda "o papel do elemento militar na queda do Império".'
O Comandante da 7á Divisão de Exército - homem ligado à corrente do general Golbery - era