IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

militar que, em sua carreira, penetrara demais na política. Tinha os seus conceitos sobre o senador e
queria impô-los às demais pessoas. Não se tratava de debater suas opiniões, se estavam certas ou
erradas, mas sim de cumprir uma determinação superior.


Parece-me que toda a celeuma prendia-se à circunstância de pertencer o senador ao partido da
oposição e ser apontado como "homem da esquerda". Julgo, também, que as habituais quizilas da
política provinciana não estiveram ausentes às incipientes reações.


Ao falecer, em junho de 1979, como Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, aquele chefe
militar, se tivesse mantido os seus pontos de vista iniciais, certamente deveria estar preocupado com
o rumo dos acontecimentos. Em face da incoercível paixão do governo pelos "homens da esquerda",
do reconhecimento público de uma organização terrorista - a OLP -, do cândido namoro com a
República de Cuba - anunciado publicamente - e da revoada de inocentes pombos - em que foram
convertidos, por milagre da "abertura'; velhos abutres marxistas - na busca de uma anistia ampla,
como se sentiria ele que era tão rigoroso com os "homens da esquerda"?'


Contou-me um general - de alto gabarito moral - que o antigo comandante da 7á Divisão de
Exército dissera-lhe, após ter sido promovido ao elevado posto de general-de-exército, que o
caminho do Brasil era o socialismo. Acredito que tenha havido interpretação errônea, porém, se não
existiu, o ilustre general deve ter "evoluído" - no dizer dos marxistas, é claro.


A coerência, para mim, continua a ser uma qualidade que estabelece a harmonia entre o que se
disse, o que se diz e o que se dirá. É, portanto, uma garantia de comportamento, inata dos homens
sensatos; os doidos e os pobres de espírito não a podem dar.


As Parcas não isentam os homens do julgamento histórico, que só será válido se alicerçado, sem
aversões ou simpatias, no relato fiel dos acontecimentos. A posteridade que o faça nestas bases, pois
terá condições para tanto.


Entre o julgamento do cadáver de Cromwell, ordenado por Carlos II, e a coroação do de Inês de
Castro, colocado no trono português por D. Pedro 1, está o abismo que separa o Ódio do Amor -
cinzéis com os quais nunca se poderá gravar, imparcialmente, os fatos na História.

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