administrador militar não difere, de modo geral, do administrador civil, porquanto ambos
adotam, basicamente, os mesmos princípios. A sutil diferença está na circunstância de que nas duas
faces da administração - a comum e a específica - embora interdependentes, na esfera castrense a
segunda tem predominância absoluta sobre a primeira.
É fácil explicar este aspecto peculiar às Forças Armadas. Se tudo no militar visa,
prioritariamente, ao emprego de suas forças em combate, por conseguinte é preciso prepará-las, sem
mitigar recursos ou trabalhos, para fazê-lo com eficiência e êxito; nasce aí aquela imposição. Pode-
se dizer que este pensamento, contido na expressão "prover e empregar", define bem a dicotomia do
problema militar. Prover não foge aos processos habituais de administração, enquanto empregar é
ação vinculada à doutrina militar.
Não se pode administrar com sucesso sem planejar atividades, no entanto a exeqüibilidade deste
planejamento assenta-se no confronto judicioso de nossas necessidades de toda espécie com as
disponibilidades de recursos.
Há quem, habituado à beleza e ao impacto das frases feitas e, também, à irresponsabilidade da
incontinência verbal, diga que administrar é muito fácil, porque nada mais é do que estabelecer
prioridades. Considero esta uma definição excelente para ser proferida em conferências ou eventuais
entrevistas, apesar de um pouco leviana. A grande dificuldade consiste, justamente, em fixar estas
prioridades visto que, quando a realidade evidencia o choque dos parcimoniosos recursos -
traduzidos por minguadas verbas - com a exigência de medidas vitais, e por isto intransferíveis, o
planejador angustia-se, muitas vezes sem esperanças, na busca de uma solução vantajosa.
Nestas ocasiões, solicitado em várias direções, toma com freqüência a decisão - inadequada e
pusilânime - de pulverizar os recursos pelos setores a administrar, agradando a todos sem produzir
algo de útil e construtivo em qualquer deles.
Um homem que age deste modo deve se sentir na incômoda posição do protagonista do famoso
argumento de Buridan, em sua ilustração do livre-arbítrio. Certamente não morrerá de fome ou de
sede, mas mui provavelmente será citado por sua incapacidade administrativa.
Rejeitei sempre este procedimento por julgá-lo contemporizador e pernicioso à administração,
adotando em todos os meus comandos a linha de ação de atribuir a maior soma de recursos às