República, no aeroporto local. No auditório do quartel do 560 Batalhão de Infantaria foi realizada,
pelos comandantes das Forças que executaram os exercícios, uma apreciação dos resultados. O
ministro, dando por concluídos os trabalhos, agradeceu a presença das autoridades, destacando, em
particular, a do Presidente da República pelo estímulo que trouxera aos militares.
Fato ainda não bem explicado, até hoje, foi a emoção que dominou o presidente ao subir à
tribuna para comentar as manobras, como é de praxe nos nossos regulamentos. Declarou que a
oportunidade de ver as três Forças reunidas no mesmo exercício, cooperando fraternalmente,
demonstrou-lhe quão desnecessário seria o Ministério da Defesa, num ambiente de tanta
compreensão. Repentinamente, embargou-se-lhe a voz, marejaram-lhe nos olhos as lágrimas, desceu
do estrado e ia chorar. Toquei-lhe de leve no braço, apontei-lhe a porta e saímos para o pátio do
quartel. Em poucos minutos recuperou-se.
O que teria levado o presidente àquela depressão, iniludível estado de angústia, a ponto de, com
dificuldade, conter o pranto?
Jamais se saberá, conquanto seja possível especular sobre suas verdadeiras causas.
Uma coisa, contudo, era certa - estava submetido a alguma preocupação avassalante, cuja
dissipação ou agravamento levara-o àquele desequilíbrio emocional.
À tarde, após participar de outras atividades militares e políticas, o general Geisel embarcou
para Brasília. Ao entrar no avião presidencial dirigiu-se a um de seus assessores, o então coronel
Wilberto Luiz Lima, segundo o meu informante, oficial de meu gabinete ali presente, e disse-lhe com
visível irritação:
- Está aí... não houve nada!... Tudo correu normal! ... Vocês estão inventando!...
O que teriam dito ao presidente seus assessores em Brasília? Indubitavelmente, que algo de
grave ou de estranho iria acontecer em Campos.
Muitas coisas estranhas, realmente, haviam ocorrido e que nunca foram bem elucidadas. Entre
elas menciono:
- A circunstância de o 1 Exército não ter reservado acomodações para o ministro, quando as
demais instituições o fizeram para seus chefes. Este comportamento poderia ter sido, na melhor das
hipóteses, interpretado como uma desconsideração ao comandante superior do Exército, desde que
não se admitisse a existência de uma hostilidade latente; - a escolha ou aceitação prévia e tácita de uma residência para hospedar o ministro, sem que
fossem colhidas informações visando a preservá-lo de explorações futuras, de caráter político ou de
qualquer outra espécie. Semelhante conduta, se não revelou descaso, traduziu certamente
cumplicidade ou, no mínimo, o interesse em criar-lhe situações difíceis que o desgastassem perante o