presidente, objetivo sempre perseguido pelo grupelho do Planalto;
- a inexplicável e insólita emoção do presidente, quase levada às lágrimas, ao encerrar a
manobra do 1 Exército, denunciando uma grave tensão nervosa, e - a frase proferida, com indignação, pelo general Geisel ao entrar no avião presidencial, que
realçou seu sentimento de revolta ante mexericos que provavelmente ouvira.
Seria difícil àquela altura dos acontecimentos precisar com isenção de ânimo a participação
dolosa do pessoal do 1 Exército, pelas contrariedades que todos esses fatos causaram-me.
Escrevendo aqueles eventos, recordando-os e analisando-os friamente, como o faço agora, não
consigo, porém, escapulir do cerco dos argumentos que me levam à única ilação de que se armou, em
Campos - com a valiosa conivência do 1 Exército -, uma sórdida cilada para desmoralizar o
ministro. Se o Comandante do 1 Exército dela participou, ou se foi vítima da deslealdade de seus
comandados, na ânsia de derrubar o ministro para colocá-lo em seu lugar, são teses de difícil
comprovação. No entanto, como a convicção é um sentimento subjetivo que nem sempre carece de
provas materiais para que a tenhamos, eu estou convencido de que a"armadilha de Campos" foi
elaborada com o apoio do Comandante do 1 Exército.
Falam a favor dessa conivência as ligações de quase intimidade entre o seu comandante e o
Presidente da República, cujo assistente - coronel Wilberto Luiz Lima - saíra do Estado-Maior do 1
Exército para aquele cargo, ao que se dizia na época, por indicação do general Reynaldo. Isto, como
é lógico perceber, facilitava relacionamentos de "caráter particular" entre os elementos do Planalto e
os do Rio de Janeiro. Soube, por intermédio do CIE, que o então coronel Lima comparecia ao
aeroporto de Brasília para receber o general Reynaldo todas as vezes que ele ia àquela cidade. A
circunstância de receber o seu ex-comandante de Exército era uma prova de consideração
plenamente elogiável, porém as informações e notícias que, naturalmente, transmitia ao general
poderiam ser tomadas pelos maledicentes, como realmente o foram, por entendimentos antecipados
sobre soluções de problemas do Exército.
Em várias ocasiões, tanto o general como o coronel confirmaram-me, em conversas, estes
encontros e, pelo que explanavam, não era justo acreditar em maledicência.
Outro fator que teria influído nessas deploráveis ocorrências era a velada inimizade do general
Reynaldo para comigo, reconhecida pelos meus amigos, e sobre a qual fui, em oportunidades
diversas, avisado.
Muita razão tinha o meu ex-amigo general Walter Pires, quando me aconselhava cautela quanto
ao procedimento dúbio do Comandante do 1 Exército, a quem estava subordinado naquela época.
Nunca me considerei inimigo do general Reynaldo, embora tivesse a certeza de que ele não era
meu amigo. Este juízo encontrava sustentação nas inúmeras situações embaraçosas que me foram
criadas pelo general, propositadamente ou não.