IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Entre elas selecionei apenas duas das menos graves, já do domínio público, para que os leitores
reconheçam como é dificil caminhar no lodo.


Em uma de minhas primeiras viagens como ministro ao Rio de janeiro, estando no meu gabinete
do palácio Duque de Caxias, procurou-me o general Reynaldo, então Comandante do 1 Exército, para
tratar de matéria relativa à tropa de seu comando. Depois de abordar diferentes assuntos, elogiar a
disciplina e a eficiência de suas unidades, dirigiu-me um pedido que associou ao interesse do
serviço. Desejava fosse transferido o Comandante da 9á Brigada de Infantaria, localizada na Vila
Militar - general-de-brigada Rosalvo Eduardo Jansen.


Surpreendi-me com a solicitação, visto que aquele general-de-brigada servira comigo e o
considerava um comandante excelente. Ótimo administrador, destacara-se nas manobras que eu
realizara no Espírito Santo, empregando, com absoluto êxito, sua brigada. Declarei naquela ocasião
ao general Reynaldo que apreciava o comandante da 9á Brigada como soldado disciplinado,
eficiente, corajoso e como homem de nobre caráter.


Insistiu o comandante do Exército, afirmando que o homem era temperamental e que
vivia"criando casos", não só com os comandantes de unidades, como até com o comandante da sua
Divisão de Exército. Finalmente, interpretando a sua insistência como um propósito de evitar se
agravassem incompatibilidades de comando na área de seu Exército, prometi-lhe que proporia a
transferência do general após as promoções de julho daquele ano de 1974.


Comentei o fato somente com os chefes de meu gabinete e do CIE, e aguardei a marcha do tempo.

Na época das promoções de julho, o general do 1 Exército telefonou-me lembrando a sua
solicitação de transferência do general-de-brigada. Falava alto e o chefe de meu gabinete, que
despachava comigo, ouviu e perguntou:



  • O general Reynaldo está querendo a saída do Comandante da Brigada?


Respondi:


  • Está, você não escutou? Já é esta a segunda vez que me faz este pedido.


Antes de movimentar os oficiais-generais - e também os comandantes de corpos - comunicava-
lhes com razoável antecipação a notícia, visando a que não fossem surpreendidos com o ato público.
Constituía isso uma forma de consideração com meus colegas. Procedi da mesma maneira com o
Comandante da 9á Brigada, informando-o de que, por necessidade absoluta do serviço, deveria ir
ocupar uma das mais importantes de nossas diretorias, localizada em Brasília. Nada mais me
permitiram dizer a ética e a lealdade.


Depois da expedição do telegrama, o meu Chefe-de-Gabinete, durante um despacho, contou-me
que recebera um telefonema do Comandante da 2a Brigada de Infantaria2 - seu amigo particular -

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