IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

indagando os motivos da transferência de seu amigo, Comandante da 9á Brigada. Existia algo contra
ele?


Respondeu-lhe o meu Chefe-de-Gabinete que a movimentação tinha sido feita a pedido do
general Reynaldo, acrescentando que ele próprio - Chefe-de-Gabinete - tinha ouvido um telefonema
neste sentido. Sabia, ainda, que era a segunda vez que o Comandante do 1 Exército solicitava aquela
medida.


Pasmou o Comandante da 2á Brigada com a informação e narrou que seu amigo, ao receber o
telegrama, procurara o Comandante do 1 Exército, a quem mostrara o documento, revelando sua
contrariedade pela mudança de função. O general Reynaldo, segundo o narrador, aparentou surpresa
e, tomando o telegrama, declarou que iria falar ao ministro sobre o assunto. Mandou voltasse o
general dentro de dois ou três dias para conhecer a solução definitiva. Esgotado este prazo retornou o
Comandante da 9á Brigada à presença do general Reynaldo, que lhe disse estar o ministro
intransigente no manter a transferência, não esclarecendo por que assim procedia.


Seu colega e amigo procurara-o, então, para contar-lhe os acontecimentos e pedir soubesse das
razões de tal medida. Este era o motivo de sua ligação telefônica.


Muitos meses depois desses eventos, numa reunião social, em Brasília, encontrei o antigo
Comandante da 9á Brigada, já em exercício de seu novo cargo. Conversamos, num grupo de generais,
e tive a oportunidade de elogiar um trabalho realizado pelo mencionado general. Recordei, no
momento, sua participação em vários exercícios de sua ex-brigada, quando eu comandava o 1
Exército.


Afastando-me para palestrar com outros oficiais, disse o ex-Comandante da 9á Brigada:


  • Não compreendo este homem! Sempre me tratou com especial consideração, no entanto,
    transferiu-me, repentinamente, tirando-me de um comando de que eu gostava!


Estava naquele grupo de generais o Chefe do CIE ,3 conhecedor de toda a trama, que não se
conteve e, voltando-se para o ex-Comandante da 9á Brigada, a quem estimava, disse:



  • Se você quer saber o motivo de sua transferência eu lhe direi o que houve. Vamos sair deste
    salão.


Saíram e, mais tarde, o próprio Chefe do CIE contou-me o ocorrido.

Outro fato que muito me aborreceu e levou a um encontro áspero com o presidente foi o da
transferência de um oficial de Artilharia - o tenente-coronel Bittencourt, do Estado-Maior do 1
Exército, para o Comando do 200 Grupo de Artilharia de Campanha, em Guarapuava.


Em certa ocasião o general Reynaldo pedira-me para dar comissões de comando a três tenentes-
coronéis de Artilharia que, satisfazendo as exigências regulamentares, encontravam-se em condições

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